Cerimonial da posse de Bolsonaro impõe série de restrições a jornalistas
Profissionais da imprensa ficarão em média sete horas fechados em locais pré-determinados e não poderão se deslocar entre locais-chave de Brasília
Sob o argumento de que há sérias restrições de segurança, a equipe que prepara a posse de Jair Bolsonaro (PSL) resolveu impor limites à atuação da imprensa durante as três cerimônias em que ele será efetivado no cargo de presidente do Brasil nesta terça-feira. Jornalistas ficarão em média sete horas fechados em lugares pré-determinados esperando o início dos eventos de posse do presidente eleito.
Ao contrário de posses presidenciais anteriores, está proibido o deslocamento de jornalistas entre o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Palácio do Itamaraty, locais que sediarão as solenidades. Quem tem a credencial para um desses lugares não poderá ir até o outro. Além disso, coube à Secretaria de Comunicação da Presidência, em acordo com a equipe de transição, definir quais locais cada jornalista poderia cobrir. Por exemplo, o EL PAÍS solicitou três credenciais para dentro do Palácio do Planalto e uma para o Itamaraty. Recebeu apenas uma para a sede da presidência e duas para a praça dos Três Poderes, na área externa da presidência.
Representantes de uma emissora de televisão asiática tiveram problema semelhante: o repórter ficará em uma sala do Planalto, o cinegrafista em outra e o auxiliar do cinegrafista em uma terceira. Eles não poderão se deslocar para o local onde o outro colega está. A definição sobre o posicionamento de cada profissional ocorreu de maneira unilateral por parte do Planalto. Um grupo de jornalistas, contudo, recebeu uma espécie de credencial VIP, que é semelhante à de convidados especiais que poderão seguir Bolsonaro por onde ele for. Alguns deles são de veículos conservadores com os quais o presidente eleito e sua equipe se identificam.
As limitações feitas à imprensa chamaram a atenção do sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que pediu mudanças em algumas dessas regras. Mas nada foi alterado. Nenhum veículo nacional ou representantes dos sindicatos patronais se pronunciou sobre a decisão do Governo Bolsonaro. Além da questão de segurança, os aliados do presidente afirmam que há um número inesperado de jornalistas que se credenciaram, foram 700 — na segunda posse de Dilma Rousseff (PT) em janeiro de 2015, havia 450.
Na campanha eleitoral deste ano Bolsonaro foi vítima de uma facada durante uma passeata em Juiz de Fora (MG). Desde então, ele é acompanhado constantemente por um séquito de policiais federais responsáveis por fazer sua segurança. Seus deslocamentos por Brasília ocorrem entre comboios de carros e é monitorado por um helicóptero.
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