_
_
_
_

França suspende aumento dos impostos aos combustíveis para acalmar os ‘coletes amarelos’

Primeiro-ministro deve anunciar hoje moratória na taxa sobre a gasolina e o diesel prevista para janeiro

Protesto dos ‘coletes amarelos’ no sul da França
Protesto dos ‘coletes amarelos’ no sul da FrançaAFP
M.B.

A pressão nas ruas, na oposição e nas próprias fileiras da maioria governista se tornou insuportável ao presidente Emmanuel Macron. O Governo francês prevê anunciar nesta terça-feira, 4, a suspensão do aumento dos preços do combustível previsto para 1º de janeiro, de acordo com a agência France Presse. Com essa decisão, Macron volta atrás na medida que desencadeou a revolta dos chamados 'coletes amarelos', que pedem melhora do poder aquisitivo e demonstram a irritação das classes médias empobrecidas da França provincial.

Mais informações
Chaves para entender por que o protesto dos ‘coletes amarelos’ prejudica Macron
Paris é tomada por protestos dos ‘coletes amarelos’, sob os gritos “Macron, demissão”
França vive o desafio de uma onda de atos sem líderes e desvinculada de sindicatos
A França esvaziada que explica a revolta dos ‘coletes amarelos’ contra Macron

A esperança de Macron é que a moratória no preço da gasolina e diesel apazigue os 'coletes amarelos'. O nome do movimento vem desses artefatos de segurança que devem obrigatoriamente estar nos carros franceses. Não é certo que ele consiga.

Desde o início dos protestos há três semanas, outras reivindicações se juntaram à moratória ao imposto do combustível, que penaliza os franceses que usam o carro diariamente nas cidades e regiões francesas com menos transporte público. Entre outros pedidos feitos pelos 'coletes amarelos', estão a diminuição de outras taxas que pesam sobre as classes trabalhadores e a reintrodução do imposto sobre as fortunas, mas outras vão além, como a renúncia de Macron. De acordo com as pesquisas, por volta de 70% dos franceses simpatizam com o protesto.

A oposição parlamentar tentou aproveitar o movimento dos 'coletes amarelos' para enfraquecer o presidente. A extrema direita e a esquerda populista exigiram a dissolução da Assembleia Nacional e eleições legislativas antecipadas. A direita de tradição moderada quer um referendo. O protesto, que no sábado, 1º, acabou em cenas de violência descontrolada em Paris e nessa semana começou a se estender a outros setores como os estudantes de ensino médio, submergiu o presidente em sua pior crise desde que chegou ao poder em maio de 2017.

É insólito que Macron suspenda uma medida já aprovada e o faça sob a pressão das manifestações.

O presidente, que colocou em andamento reformas que incluem a flexibilização do mercado de trabalho, se orgulhou até agora de não se deixar intimidar pelas ruas e não retroceder em suas promessas eleitorais. Queria se diferenciar de antecessores como François Hollande e Jacques Chirac, que algumas vezes cederam diante da pressão das ruas e da opinião pública. Macron pensava que a indecisão dos governantes era uma das causas do caráter irreformável da França. Ele se considerava legitimado por sua vitória eleitoral e pela ampla maioria legislativa de seu partido, A República em Marcha (LREM). E pensava que mudar de rumo seria interpretado como um sinal de fraqueza que faria com seu ambicioso plano para transformar o país perdesse credibilidade.

Desde os primeiros bloqueios dos 'coletes amarelos' nas ruas de Paris, em 17 de novembro, Macron e seu primeiro-ministro, Édouard Philippe, insistiram na negativa de suspender ou adiar o aumento do imposto dos combustíveis. Na realidade é uma medida central no programa do presidente como foi a reforma trabalhista e a reforma das linhas ferroviárias públicas, ambas aprovadas sem maiores contratempos. Consiste em um aumento de 6,5 centavos de euro (28 centavos de real) por litro no preço do diesel e de 2,9 centavos (12 centavos de real) no preço da gasolina. A ideia é alinhar o preço dos dois combustíveis e, em última instância, diminuir o uso de uma fonte de energia que emite gases de efeito estufa. Faz parte do plano de luta contra a mudança climática que a França deve fazer por acordos internacionais que ela mesma promoveu.

A moratória será de alguns meses, de acordo com fontes governamentais citadas pela France Presse. A decisão foi adotada em uma reunião na noite de segunda-feira no Palácio do Eliseu, sede presidencial. O primeiro-ministro Philippe se reunirá na manhã de terça com o grupo parlamentar da LREM para anunciar a decisão. A incógnita é se a moratória acabará com os protestos ou, uma vez detectado que o presidente pode ceder, iniciará novas reclamações.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_