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Governo da Venezuela diz que opositor se suicidou na cadeia. Oposição contesta

Governo da Venezuela afirma que o vereador Fernando Albán se suicidou na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional em Caracas

Maolis Castro
Manifestação em frente à sede do Sebin, nesta segunda-feira, 8
Manifestação em frente à sede do Sebin, nesta segunda-feira, 8Miguel Gutiérrez (EFE)

Fernando Albán Salazar, vereador da Área Metropolitana de Caracas do partido Primeira Justiça, morreu nesta segunda-feira, 8, na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), em Caracas. O político oposicionista foi preso na sexta-feira, 5, no aeroporto Simón Bolívar da capital venezuelana, quando voltava dos Estados Unidos, por sua suposta participação no atentado malsucedido com drones contra o presidente Nicolás Maduro cometido em 4 de agosto em um ato militar. É o terceiro preso político que morre nas instalações do Sebin desde 2015.

O Ministério Público designou dois promotores para investigar a morte de Albán. O preso, que estava isolado, foi submetido aos interrogatórios dos agentes policiais. Não depôs em um tribunal de justiça. Por enquanto, o acontecimento é confuso. O ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol, disse ao se confirmar a morte: “No momento em que o preso seria enviado ao tribunal, encontrando-se na sala de espera do Sebin, se jogou por uma janela das instalações e a queda causou sua morte”. Sua versão não bate com a de Tarek William Saab, promotor geral da Venezuela designado pela Assembleia Nacional Constituinte promovida por Nicolás Maduro. “A versão preliminar dos fatos é que Albán pediu para ir ao banheiro e de lá se jogou do décimo andar do edifício”, afirmou no canal governamental Venezuelana de Televisão.

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Ainda não se sabem os detalhes da suposta participação do vereador no possível atentado em que dois drones explodiram, pelo qual foram presas mais de 14 pessoas. Entre os prisioneiros se destaca Juan Requesens, deputado da Assembleia Nacional. Na segunda-feira, Joel García, o advogado de Albán, esperava conhecer os detalhes de seu caso. “O tribunal continua sem despachar e somente nos informa de que o processo não chegou”, disse minutos antes de ser informado da morte de seu cliente.

O Primeira Justiça, o partido de Julio Borges e Henrique Capriles, acredita que se trata de um homicídio. “Com profundo pesar e sede de justiça nos dirigimos ao povo da Venezuela, especialmente aos membros do Primeira Justiça de todo o país, para informar que o vereador Fernando Albán morreu assassinado nas mãos do regime de Nicolás Maduro no Sebin da praça da Venezuela”, afirmou em um comunicado.

Muitos dos políticos culpados pelo regime de estarem envolvidos na explosão dos drones no ato militar de agosto em Caracas pertencem a esse partido de oposição. O ativista do Vontade Popular, o partido de Leopoldo López, Sergio Contreras, publicou no Twitter que ele passou pelas celas do Sebin: “Jamais me deixaram ir ao banheiro sem a guarda de pelo menos dois funcionários armados e nunca em um banheiro com janelas”.

O Governo culpa Julio Borges, ex-presidente da Assembleia Nacional, e os Governos da Colômbia, Chile, Estados Unidos e México de estarem por trás do atentado. A Chancelaria venezuelana acusou a Casa de Nariño de proteger os supostos responsáveis pela explosão dos drones em Caracas. “É risível que a presidência da Colômbia se sinta ofendida, quando é público e notório que o senhor [Iván] Duque colocou a institucionalidade colombiana a serviço de interesses obscuros e inconfessáveis contra o Governo da Venezuela, avalizando e apoiando todo o tipo de ações e conspirações”, afirma um comunicado do Ministério das Relações Exteriores divulgado no domingo.

Borges, exilado em Bogotá, denunciou que a polícia política pressionou Albán para que ele se declarasse culpado. “Ontem [domingo] falei com sua esposa e ela me disse que estava sólido, forte e me disse que o estavam pressionando para incriminá-lo na questão da tentativa de assassinato de Maduro e hoje vemos o resultado disso”, afirmou em uma transmissão via Periscope.

Três mortes desde 2015

A repressão contra os opositores é denunciada pela Organização das Nações Unidas. Há cinco dias a família do general Raúl Isaías Baduel, outro preso político, denunciou que existiam “rumores” de que uma pessoa havia morrido na sede do Sebin. Por esse motivo solicitaram uma prova de vida do ex-colega de armas de Hugo Chávez.

Essa não é a primeira morte de um preso na sede da polícia política. Em março de 2015, o piloto Rodolfo González, um opositor ao Governo, se suicidou em suas instalações. Em 17 de setembro de 2017 Carlos Andrés García, vereador de Guasdualito, faleceu após sofrer um derrame enquanto se encontrava preso na delegacia do Sebin.

Por sua vez, Maduro nega que existam presos por motivos políticos e que os direitos humanos são violados no país.

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