Trump: “Não permitirei que os EUA virem a próxima Venezuela”
Presidente faz campanha pelos candidatos republicanos descrevendo os democratas como “fanáticos” e “socialistas”


As divisões internas entre os democratas estão se tornando um novo argumento político para Donald Trump, numa campanha eleitoral de alta tensão, na qual dentro de 40 dias estará em jogo o futuro da sua presidência. O presidente dos Estados Unidos está viajando aos terrenos mais disputados para tentar estimular o eleitorado republicano. Seu novo argumento de campanha, apresentado na quinta-feira em Las Vegas, Nevada, se volta contra a corrente esquerdista na Partida Democrata. Trump chamou os democratas de “socialistas radicais” e “fanáticos” e disse que “sua política é louca e perigosa”. “Não deixarei que os Estados Unidos virem a próxima a Venezuela”, chegou a dizer.
Trump foi a Las Vegas para apoiar os candidatos republicanos às próximas eleições legislativas, em especial o senador Dean Heller, um dos mais fragilizado, se não o mais, entre os republicanos que disputam a reeleição em 6 de novembro. Heller é o único senador republicano que compete num vencido por Hillary Clinton em 2016. O Partido Republicano tem uma maioria mínima no Senado, que mudaria de mãos se os democratas tirarem duas vagas dos rivais e confirmarem todos os seus atuais assentos. A vaga de Heller é o elo mais fraco na batalha pelo controle do Senado.
“É preciso votar nas eleições legislativas. Não sejam complacentes”, disse Trump a uma audiência de fãs no Centro de Convenções de Las Vegas. O principal risco para os republicanos é a aparente grande participação democrata antevista nas pesquisas, e que está fazendo os institutos darem como empatados ou duvidosos assentos parlamentares que não deveriam estar em questão. Os democratas precisam ampliar sua bancada em 23 deputados passa controlar a Câmara de Representantes (deputados) e estrangular a presidência de Trump. “Se tivermos mais republicanos (no Congresso) conseguiremos tudo o que quisermos”, disse Trump.
Num discurso em que voltou a se vangloriar da vitória de dois anos atrás, tornou a atacar Hillary Clinton e a defender a construção de um muro na fronteira com o México. Afirmou também que os democratas querem um “socialismo radical” e “fronteiras abertas”. “Os democratas são reféns dos fanáticos”, disse, referindo-se à onda de candidatos que estão emergindo das primárias com uma mensagem mais decididamente de esquerda e que pedem mais agressividade à liderança do partido em Washington. Trump se referiu à adversária de Heller, Jacky Rosen, como Wacky Jacky (“Jacky maluca”).
Num estado, Nevada, e numa cidade, Las Vegas, onde a imigração é a verdadeira base da economia, Trump apresentou seu discurso nativista sem complexos. Disse que os democratas “querem dar serviços sociais e saúde aos estrangeiros ilegais, pagos pelos americanos”. “Os democratas vão quebrar a rede de segurança social dos americanos pela imigração descontrolada”, acrescentou. Trump pintou um panorama em que os republicanos defendem serviços sociais para os norte-americanos, e os democratas, para os imigrantes irregulares.
Cada palavra de Trump nesta semana é examinada com lupa, não em chave eleitoral, e sim pela situação criada no Senado depois que seu indicado para a Suprema Corte, o juiz Brett Kavanaugh, foi acusado de abuso sexual quando era adolescente. Os republicanos querem confirmar Kavanaugh antes que o Senado entre em recesso para as eleições. Depois, talvez não tenham os votos suficientes. A confirmação de Kavanaugh é fundamental para assegurar a maioria direitista no Supremo, talvez durante décadas.
A acusação ao juiz, feita por uma professora da Califórnia, deixou os republicanos num terreno pantanoso. Não querem ser vistos como insensíveis à denunciante, e ao mesmo tempo tentam a todo custo não descarrilar a confirmação. Trump se move nesse assunto com inédita prudência. “Brett Kavanaugh, e não vou mencionar ninguém mais, é uma das melhores pessoas que se pode ter o privilégio de conhecer”, disse em Las Vegas. “Grande intelecto, grande cavalheiro, uma reputação impecável. Vamos deixar que (a denúncia) se desenrole, e eu acredito que vai sair tudo bem”, acrescentou. Os republicanos tentam agora resolver o assunto com um depoimento da denunciante na segunda-feira ao Senado. Ela ainda não confirmou presença.