As guerras da história por trás de cada grupo da Copa da Rússia
Alguns times emparelhados nunca tiveram problemas, mas outros se enfrentaram durante séculos
A Copa do Mundo da Rússia, futebolisticamente falando, confronta 32 países. Militarmente falando, muitos deles já se enfrentaram várias vezes. Revisamos a história de cada país da Copa para saber quando e quanto guerrearam com os outros países que caíram no mesmo grupo na primeira fase do torneio, que começa nesta quinta. Eis o resultado.
Grupo A: Rússia, Arábia Saudita, Egito e Uruguai
Neste grupo da Copa, os países que mais conflitos tiveram são os que estão mais próximos geograficamente: Arábia Saudita e Egito. No século XIX, quando os dois países tinham outros nomes, enfrentaram-se na Guerra Otomano-Wahhabi. Entre 1811 e 1818, o Eialete do Egito – então parte do Império Otomano – enfrentou o Emirado de Diriyah – o primeiro Estado saudita. O primeiro venceu.
Durante a Guerra Fria, Arábia Saudita e Egito se enfrentaram na Guerra Civil do Iêmen do Norte. O conflito começou depois que forças republicanas se insurgiram contra a monarquia reinante, em 1962. Países ocidentais e a Arábia Saudita apoiavam a monarquia, enquanto a União Soviética e o Egito eram partidários dos republicanos. Este último grupo venceu.
Mais de um século antes, Egito e Rússia não eram tão amigos. Em 1827, tropas russas, inglesas e francesas enfrentaram as forças otomanas do Egito na Batalha de Navarino, crucial na Guerra de Independência da Grécia. O Uruguai está longe demais de todos eles para ter tido problemas.
Grupo B: Portugal, Espanha, Marrocos e Irã
Quando foi definido o grupo da Espanha na Copa, muitos tuiteiros fizeram brincadeiras sobre a proximidade com dois de seus rivais, Portugal e Marrocos. E, compartilhando fronteira, é normal que tenha havido muitas brigas.
Estoy viendo que España, Portugal y Marruecos están en el mismo grupo. Eso es como un mini torneo de barrio.
— Funes el olvidadizo (@alvarogo87) June 5, 2018
Espanha e Portugal foram governados pelo mesmo monarca entre 1580 e 1640. Antes e depois dessa união dinástica, há tantos conflitos que até fica tedioso narrá-los: na guerra civil de 1475, que acabou coroando Isabel, a Católica, como rainha de Castela, Portugal apoiava o seu rival; entre 1776 e 1777, Espanha e Portugal se enfrentaram por territórios na América do Sul; com Napoleão no meio, os dois países também se mediram em 1801 na Guerra das Laranjas.
A Espanha enfrentou Marrocos em mais ocasiões que Portugal. Um ataque marroquino em Ceuta em 1859 desembocou na Primeira Guerra de Marrocos, ou Guerra da África. A Espanha de Isabel II venceu naquela ocasião. Também a Espanha se impôs entre 1911 e 1927, durante a Segunda Guerra de Marrocos, às tribos do Rif, no norte do país africano. Em 1957, tropas marroquinas tentaram tomar Sidi Ifni, uma cidade sob controle espanhol.
Grupo C: França, Austrália, Peru e Dinamarca
Há pouquíssimo a se dizer sobre os conflitos bélicos da Austrália e do Peru. Tiveram-nos, mas especialmente com seus vizinhos, entre os quais não se encontra nenhum dos países do seu grupo na Copa. Já no caso de França e Dinamarca é diferente: esses dois países europeus se enfrentaram várias vezes. Foi assim em várias ocasiões no século XVII, incluindo a Guerra da Escânia, que na época contrapôs o Reino da Dinamarca e Noruega (além dos Países Baixos, Brandemburgo e Sacro Império Romano-Germânico) à França e Suécia. Mas lutaram muito menos que outros europeus. Nem sequer quando quase todos brigavam contra a França, na época de Napoleão. Dinamarca e França eram aliados.
Grupo D: Argentina, Islândia, Croácia e Nigéria
Nem havendo dois países europeus saem guerras entre Estados deste grupo. Mas um deles, Islândia, está tão longe de terra continental que não surpreende.
Grupo E: Brasil, Suíça, Costa Rica e Sérvia
Três quartos do mesmo. A quase eterna neutralidade suíça a poupou de se enfrentar com os sérvios. Quanto ao Brasil e à Costa Rica, nem de longe. Não é muito conhecida a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial, mas o Brasil e a Sérvia estavam no mesmo lado, o dos aliados contra a Alemanha e o Império Austro-Húngaro.
Grupo F: Alemanha, México, Suécia e Coréia do Sul
Alemanha e Suécia estão muito perto, separadas por pouco mais de 100 quilômetros de mar Báltico. Enfrentaram-se várias vezes sob os muitos nomes da Alemanha. Um dos conflitos mais destacados foi durante a Guerra dos 30 Anos, no século XVII: o Sacro Império Romano-Germânico lutou no mesmo lado que a Espanha, e a Suécia ficou ao lado da França e Inglaterra.
A milhares de quilômetros, o México declarou a guerra à Alemanha de Hitler em 1942, depois que submarinos alemães afundaram um navio mexicano. As tropas mexicanas, dois anos depois, não combateram na Europa, mas apoiaram as norte-americanas nas Filipinas contra o Japão.
Grupo G: Bélgica, Panamá, Tunísia e Inglaterra
O que hoje é a Bélgica esteve sob domínio de vários países europeus até 1830, quando declarou sua independência em relação aos Países Baixos. Desde então, Bélgica e Reino Unido não cruzaram armas – foram aliados nas duas guerras mundiais. Além disso, nenhum desses países teve enfrentamentos militares com a Tunísia. O país europeu contra o qual essa república do norte da África lutou algumas vezes foi a França, da qual foi colônia até 1962.
Grupo H: Polônia, Senegal, Colômbia e Japão
A Colômbia tomou medidas contra os cidadãos do Eixo que viviam em solo colombiano em 1943, ou seja, italianos, alemães e japoneses. Sem sair da Segunda Guerra Mundial, Polônia e Japão foram dois países muito importantes no conflito, embora não tenham se enfrentado diretamente. A invasão da Polônia por parte da Alemanha, aliada do Japão, desencadeou a guerra.
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