Marcelo chega à Copa como capitão depois de sua temporada mais goleadora
Às vezes marcado por falhas defensivas, o lateral da seleção brasileira é fundamental no ataque da equipe de Tite


Marcelo será o capitão do Brasil no primeiro jogo da Copa do Mundo contra a Suíça. Quando criança, na praia de Botafogo, queria ser comparado a Roberto Carlos e não gostava de futebol de campo. Ele era do futebol de salão. A ousadia com que joga aterrissou com ele em Madri, no Natal de 2006. Custou seis milhões de euros (uns 25 milhões de reais). Marcelo, com 18 anos, negou-se a ser emprestado; podia jogar no Real Madrid. Roberto Carlos se tornou seu professor, amigo, apoio. Não fez mais do que repetir: “Primeiro defender, depois atacar”. Marcelo ataca com alegria. E defende com a mesma despreocupação. É o único defesa que pode ser visto driblando em sua própria área.
“Ofensivamente não há ninguém melhor que Marcelo. Pelos gols, pela liderança que exerce e pela alegria que dá às partidas”, contou Roberto Carlos em uma das cabines de imprensa do Santiago Bernabéu após a equipe da casa vencer o Leganés por 2 a 1, no Campeonato Espanhol. “Deficiências defensivas... nenhuma. Eu era igual a ele e os zagueiros me ajudavam. Eu sempre dizia: ‘se querem ir à seleção, façam minha cobertura”, caçoa Roberto Carlos.
Marcelo, aos 30 anos, é sim marcado às vezes por suas falhas defensivas, como no primeiro jogo da semifinal da Champions League, quando foi surpreendido pelo contra-ataque do Bayern e levou o gol de Kimmich em suas costas. O que falta defensivamente, no entanto, sobra ofensivamente. E sempre sai ganhando. No mesmo jogo, marcou um golaço, o de empate em Munique.
Por conta de sua posição, Marcelo nunca marcou tanto no Real Madrid, mas se destacou em 2017-18. Na última temporada, teve dois gols na La Liga e três na Champions (com uma efetividade altíssima, porque finalizou no gol apenas quatro vezes), todos contra rivais de importância. Anotou o 3 a 1 contra o PSG na ida das oitavas, o 3 a 0 em Turim que passou despercebido pela bicicleta de Cristiano Ronaldo e o 1 a 1 contra o Bayern. Foram cinco gols em 44 jogos, sua melhor média na Espanha; em 2010-11, também marcou cinco vezes, mas em 50 jogos.

Jogando pela seleção brasileira desde 2006, quando ainda era uma revelação do Fluminense, a média de Marcelo é parecida: seis gols marcados em 54 jogos. Foram cinco em amistosos, distribuídos entre 2006, 2011, 2012 e 2017 – o último, em novembro do ano passado, contra o Japão. Ainda soma um marcado nas Eliminatórias, já sob o comando de Tite, na vitória contra o Paraguai, em março de 2017, por 3 a 0. Na única Copa do Mundo disputada, Marcelo marcou um gol contra na estreia (o único da seleção na história dos Mundiais), vencida pelo Brasil por 3 a 1 contra a Croácia.
O lateral mantém conversas com seu ídolo, Roberto Carlos. São íntimos. Para ele, Marcelo o supera em tudo. “Como vão me comparar com ele se ele faz muito mais gols!”, disse Roberto ao canal Esporte Interativo. Marcelo fez 33 gols em 447 partidos; Roberto Carlos, 69 em 527.