_
_
_
_
_

Ex-modelo da Playboy é liberada do contrato que a impedia de contar sua aventura com Trump

Karen McDougal chega a um acordo legal com o editor do ‘National Enquirer’, a quem acusava de comprar a história para enterrá-la durante a campanha

Karen McDougal, em um evento da Playboy em 2010.
Karen McDougal, em um evento da Playboy em 2010.AFP
Mais informações
Atriz pornô que teve encontro com Trump diz que sofreu ameaça
Por que o processo de uma atriz pornô contra Trump é mais importante do que parece
Advogado de Trump admite que pagou 130.000 dólares à atriz pornô Stormy Daniels

A ex-modelo da Playboy, Karen McDougal, anunciou na quarta-feira que chegou a um acordo legal para quebrar o contrato de confidencialidade que a impedia de contar à imprensa uma aventura que teria tido com Donald Trump. O acordo significa que McDougal agora pode vender sua história. O processo de McDougal foi o segundo conhecido, depois do da atriz pornô Stormy Daniels, para se livrar dos contratos de confidencialidade com que foram silenciadas no verão de 2016, coincidindo com a campanha presidencial de Trump.

O grupo editorial American Media Inc. (AMI) pagou a McDougal 150.000 dólares (500.000 reais) naquele verão para ter a exclusividade de publicar uma aventura sexual que a modelo diz ter vivido com Trump em 2007. A AMI publica o National Enquirer, um tabloide de fofocas. O presidente da AMI é David Pecker, amigo de Donald Trump e fervoroso partidário do presidente.

A história nunca foi publicada. Como o contrato dava à AMI a exclusividade da história, McDougal ficaria sujeita a ações legais se contasse sua aventura em outro lugar. Além disso, outras cláusulas, como a publicação de uma coluna de conselhos de McDougal e sua presença em uma capa, não foram cumpridas. McDougal está convencida de que foi uma operação para “caçar e matar”, como se diz no jargão jornalístico dos Estados Unidos, isto é, comprar uma história para enterrá-la. Michael Cohen, advogado de Trump, participou das negociações do contrato, segundo McDougal.

McDougal denunciou o contrato de exclusividade em um tribunal de Los Angeles após outra queixa semelhante, apresentada pela atriz pornô Stormy Daniels, para quebrar um contrato que a impede de falar sobre outra aventura sexual com Trump. Ambas as denúncias serviram para que o público visse, pela primeira vez, como são os contratos de confidencialidade com os quais homens poderosos são protegidos da divulgação de suas aventuras sexuais.

O acordo amistoso anunciado na quarta-feira encerra o processo de McDougal. De acordo com os termos firmados, a AMI receberá 10% dos lucros obtidos por McDougal com a venda sua história, até um máximo de 75.000 dólares. A modelo será capa da Men’s Journal, uma revista do grupo, e também publicará as colunas de dicas de fitness que lhe prometeram na ocasião. McDougal não precisa devolver os 150.000 dólares.

O caso abre um precedente diante da ação movida por Stormy Daniels. O principal perigo desses dois processos era que os juízes quisessem esclarecer os fatos (o presidente nega os casos extraconjugais, que ocorreram quando estava casado com Melania Trump havia um ano e seu filho tinha apenas alguns meses de idade) e chamassem Trump para depor.

A decisão da AMI de chegar a um acordo, aparentemente muito favorável a McDougal, acontece uma semana depois de o FBI revistar os escritórios e a residência de Michael Cohen, o advogado pessoal de Trump e a pessoa que estaria por trás da negociação para silenciar a modelo. Na operação, segundo fontes da investigação mencionadas pela imprensa norte-americana, os agentes procuravam documentação sobre os pagamentos para comprar o silêncio dessas duas mulheres. Esses pagamentos estão sob suspeita porque, como tinham o objetivo de favorecer a imagem de Trump como candidato, podem ser considerados doações ilegais para a campanha.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_