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Malala volta ao Paquistão: “É o melhor dia da minha vida”

A jovem ganhadora do Nobel da Paz insiste na causa da educação para as meninas, algo que quase lhe custou a vida em 2012

Foto de arquivo de Malala Yousafzai em Birmingham, em outubro de 2014.
Foto de arquivo de Malala Yousafzai em Birmingham, em outubro de 2014.FACUNDO ARRIZABALAGA (EFE)

Malala Yousafzai, a jovem que ganhou o Prêmio Nobel da Paz depois de sobreviver a um atentado por defender a educação das meninas no Paquistão, retornou nesta quinta-feira ao seu país pela primeira vez depois de ser atacada pelo Talibã, seis anos atrás. A agenda da ativista em sua visita de quatro dias à sua própria terra não foi revelada, por se tratar de uma viagem delicada. Sabe-se, no entanto, que terá uma reunião com o primeiro-ministro Shahid Khaqan Abbasi para abordar assuntos relacionados com a educação das meninas, a grande luta de Malala. “É o melhor dia da minha vida. Ainda não acredito que estou no Paquistão, é um sonho”, manifestou Malala, de 20 anos, enxugando as lágrimas com as mãos, num discurso transmitido pela televisão, informa a agência Efe.

A jovem, que viaja com seus pais, chegou nesta quinta-feira ao aeroporto internacional de Islamabad, onde era esperada por um forte dispositivo de segurança. “O Paquistão dá as boas-vindas a Gul Makai [como ela também é conhecida] em sua casa. Estamos orgulhosos de você”, declarou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores paquistanês, Mohamed Faisal, no Twitter, relata a France Presse.

Imagem de televisão em que Malala aparece sentada junto à sua família no aeroporto de Islamabad, na manhã desta quinta.
Imagem de televisão em que Malala aparece sentada junto à sua família no aeroporto de Islamabad, na manhã desta quinta.REUTERS

Muitos de seus compatriotas comemoraram no Twitter a chegada dela ao Paquistão. “Bem-vinda Malala Yousafzai, a valente e resistente filha do Paquistão, de retorno ao seu país”, escreveu o político Syed Ali Raza Abidi. Um famoso jornalista local, Hamid Mir, pediu que comentaristas e políticos opositores sejam moderados em suas declarações sobre a visita da jovem. “Os meios de comunicação internacionais acompanham muito de perto a sua volta e [o uso de uma linguagem inadequada] turvará a imagem do Paquistão”, disse.

A ativista já tinha proclamado no último 23 na sua conta do Twitter que desejava muito visitar o seu país. “No dia de hoje acolho as recordações do meu lar, de jogar críquete na laje e cantar o hino nacional no colégio. Feliz Dia do Paquistão!”, afirmou ela, como recorda a agência Europa Press.

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Malala foi alvo em 2012 de uma tentativa de homicídio por parte do Talibã paquistanês. A jovem ativista tinha 15 anos quando um militante armado atirou contra a cabeça dela no ônibus que a levava para a escola no vale do Swat. Foi levada para um hospital da cidade inglesa de Birmingham.

Malala sobreviveu milagrosamente ao atentado, transformando-se em heroína e porta-voz das meninas que lutam por ter direito à educação. Continuou vivendo em Birmingham, onde concilia os estudos com o ativismo. Em 2014, aos 17 anos, foi reconhecida com o Prêmio Nobel da Paz, junto com o indiano Kailash Satyarthi, por sua defesa dos direitos das crianças.

A jovem Nobel rapidamente atraiu a ira dos círculos islâmicos radicais do seu país, que se opõem à emancipação das mulheres. Mas também suscitou receios entre uma parte da classe média paquistanesa que é a favor do direito à educação, mas teme danos à imagem internacional do país e se mostra cética em relação à luta contra os militantes islâmicos, que considera ser inspirada pelos Estados Unidos.

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