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O ACENTO
El acento
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Viva Malala (e Kailash)

Sua luta em favor da educação das meninas foi reconhecida com o Nobel da Paz

Marcos Balfagón

Em outubro de 2012 os talibãs lhe meteram uma bala na cabeça, mas não conseguiram calar sua voz. Malala Yousafzai defendia a educação das mulheres de seu país, o Paquistão, e continua atuando pelo direito de todas as crianças (principalmente as meninas) à educação. Sua luta e coragem foram reconhecidas com o Nobel da Paz, uma honra que compartilha com o ativista indiano Kailash Satyarthi (de enorme mérito também, e parece que o comitê norueguês quis preservar um equilíbrio geopolítico e abraçar a Índia e o Paquistão, duas potências nucleares que se enfrentam há décadas pela região da Caxemira).

A mais jovem premiada com o Nobel, aos 17 anos, Malala começou sua batalha contra a repressão dos talibãs aos 11, quando contou passo a passo como os fundamentalistas insultavam as meninas que iam à escola e as ameaçavam dizendo que iriam para um inferno. Seu relato foi publicado em um blog da BBC, em urdu.

A garota, que vive em Birmingham (Inglaterra), recorda em seu livro de memórias (Eu sou Malala, Companhia das Letras), como tudo começou. "Há muito tempo quase me mataram, simplesmente por defender meu direito de ir à escola. Era um dia como muitos outros. Eu tinha 15 anos, estava na nona série e na noite anterior tinha ficado muito tempo acordada estudando para uma prova." Os talibãs dispararam contra ela no ônibus em que ia para casa. Desde então se tornou um símbolo mundial, demonstrando que os terroristas temem mais uma menina com um livro do que um Exército. Seu lema poderia ser uma frase que não se cansa de repetir: "Uma caneta pode mudar o mundo".

Malala já esteve nas apostas para o Nobel no ano passado, mas no final, o prêmio foi concedido à Organização para a Proibição das Armas Químicas. Nesta edição ela se impôs sobre rivais tão carismáticos como o papa Francisco, e compartilha o prêmio com Kailash Satyarthi, um engenheiro eletricista que há quase três décadas denuncia sem descanso as empresas que exploram crianças.

O Nobel uniu assim um hindu e uma muçulmana; um indiano e uma paquistanesa. Uma conquista diplomática.

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