20 fotosComer sem sal e outros 18 mitos derrubados pela medicinaMuitas das falsas crenças sobre nutrição, saúde e hábitos de vida vêm de lendas e más interpretaçõesKristin Suleng17 fev. 2018 - 19:26BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinBlueskyLink de cópiaMuitas das falsas crenças que campeiam sobre nutrição, saúde e hábitos de vida vêm de lendas, más interpretações, medos ou generalizações que ignoram os avanços científicos. Não sofra se dormir em um quarto com plantas nem tenha medo do micro-ondas ou da Wi-Fi por acreditar que suas emissões são cancerígenas. Da mesma forma, não confie nas pessoas que dizem que você só pode usar 10% de seu cérebro.É totalmente falso, assim como no caso dos celulares e computadores. “A comida em um forno de micro-ondas esquenta graças à agitação que as ondas produzem nas moléculas de água presentes em maior ou menor medida nos alimentos. Não se trata de radiação ionizante, por isso não tem um efeito capaz de provocar mutações no DNA celular”, assinala o medico Manuel Castro, especialista em medicina preventiva e saúde pública do Complexo Hospitalar Universitário de La Coruña e membro da Sociedade para o Avanço do Pensamento Crítico (ARP-SAPC). “Outro mito frequente é pensar que o micro-ondas destrói os nutrientes dos alimentos. Na verdade, pode ser uma opção melhor do que outros métodos de cozimento, por exemplo, para as verduras”, acrescenta a doutora em farmácia e nutricionista Marian García.Recorrer à água oxigenada parece inevitável quando temos uma ferida aberta. Entretanto, a coceira que ela gera é um sinal de que danifica as células da pele. Por isso, o Centro de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos desaconselha molhar com água oxigenada a pele e as membranas mucosas em todos os casos. A água oxigenada de uso doméstico não é um bom antisséptico, já que não elimina todos os germes. “A água oxigenada, na verdade, é menos eficaz que outros antissépticos e pode ser agressiva para a pele. Embora ela seja interessante em alguns casos, atualmente o antisséptico preferido para ter em casa é a clorexidina”, indica Marian García.É uma das generalizações mais frequentes no campo da saúde. Embora a cifra de nove meses tenha dado nome a títulos de filmes, no que se refere à gestação, o correto é falar de semanas: uma gravidez considerada “a termo” tem uma duração entre 37 e 40 semanas. “Mesmo considerando a cifra clássica de 40 semanas, isto não seriam nove meses, e sim nove meses e uma semana, ou nove meses e um quarto”, explica o médico Manuel Castro, especialista em medicina preventiva e saúde pública do Complexo Hospitalar Universitário de La Coruña e membro da Sociedade para o Avanço do Pensamento Crítico (ARP-SAPC). Além disso, o realmente curioso é que “nem todas as semanas são realmente de gravidez, porque se começa a contar antes que ocorra a fecundação. A data de início é o primeiro dia da última menstruação da mãe. E − muito provavelmente − a concepção terá ocorrido entre duas e três semanas depois atrás dessa data, e isso sem considerar a regularidade dos ciclos de cada grávida”, acrescenta.Quando dizem a uma pessoa que ela tem a pressão arterial muito alta ou que deve baixar de peso, ela provavelmente passa a ver com receio o saleiro, acreditando que eliminar o sal da dieta será a solução. Engano. “Estudos recentes da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston (Estados Unidos) indicam que uma dieta baixa em sódio nem é tão benéfica para nossa saúde nem ajuda a diminuir a pressão arterial. A chave está na ingestão de sódio, potássio e magnésio. Entre as pessoas que participaram do estudo, aquelas com maior ingestão combinada de sódio (3,7 gramas ao dia) e potássio (3,2 gramas ao dia) tiveram a pressão arterial mais baixa”, explica a dietista-nutricionista Elisa Escorihuela. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo inferior a 5 gramas de sal ao dia, que é aproximadamente o sal que caberia em uma colher de café. Mas a especialista explica que não é o sal de nossos saleiros que devemos deixar de usar: “Se achamos que devemos reduzir o consumo de sal de nossos saleiros, estamos enganados, o excesso que consumimos está nos alimentos pré-cozidos, aperitivos industrializados e molhos que compramos. O aconselhável é reduzir a zero os alimentos prontos e embalados”.O sobrepeso é visto como o antônimo de ter uma vida saudável. No entanto, embora não seja a maior parte da população, há pessoas que mesmo fazendo exercícios regularmente e comendo uma dieta saudável, têm excesso de peso. Os motivos para que isso ocorra podem ser muitos, de um desajuste hormonal até um tratamento médico ou inclusive a genética. Além disso, “um físico robusto ou atlético pode ter implícito um peso acima da média (devido basicamente a uma grande proporção de massa muscular), sem que isso seja necessariamente um problema”, descreve o dietista-nutricionista Àlex Pérez, do Centro de Atenção Primária de Vallcarca-Sant Gervasi, em Barcelona. Mas atenção, não se pode baixar a guarda. "Por isso também não podemos parar de pensar no fato de que realmente existe uma relação entre nosso peso e nosso estado de saúde. É preciso manter um peso adequado, comer de forma saudável e seguir um estilo de vida saudável”, recorda Elisa Escorihuela.Já faz tempo que os cinco sentidos clássicos – visão, audição, tato, olfato e paladar – não são suficientes na hora explicar o que o ser humano é capaz de perceber sobre si mesmo e seu ambiente. “Hoje são acrescentados alguns outros. Entre os mais claramente estabelecidos estão a termocepção ou termorrecepção (que é a sensação de calor ou sua ausência), o sentido do equilíbrio (que permite mover-se, acelerar ou frear sem perder nossa orgulhosa bipedestação), a propiocepção (por exemplo, saber onde está situada neste momento sua mão esquerda sem olhar para ela), a nocicepção ou sentido da dor”, enumera o médico Manuel Castro. E a lista não termina aí. “O próprio conceito de sentido é difuso. Se o entendemos como um sistema para receber informação sobre nosso próprio corpo e o mundo, poderíamos acrescentar o sentido do tempo, uma espécie de cronorrecepção, para não falar de sensações tão familiares como a fome ou a sede”, descreve Castro.Muitas pessoas saudáveis optam por fazer exames médicos anualmente, acreditando que esses controles garantem uma boa saúde. O mesmo ocorre com quem acha que quanto mais exames clínicos fizer, melhor será para seu organismo. Mas, segundo o médico de família Salvador Casado, “não há evidência científica de que seja realmente bom, porque se trata de submeter pessoas saudáveis a exames que não têm um impacto demonstrado na saúde”. “Muita gente desconhece que cada exame diagnóstico tem efeitos colaterais ou indesejados, como ocorre com os remédios. Os exames são úteis quando solicitados por um médico que suspeite da existência de uma doença, mas quando são pedidos sem essa justificativa, são muito frequentes os falsos positivos ou falsos negativos que depois podem desembocar em condutas médicas que prejudicam a pessoa”, acrescenta.Se em seu café da manhã nunca falta uma boa dose de mel porque você acha que assim ficará a salvo dos problemas do açúcar processado, é melhor ir deixando de lado essa crença. “O açúcar sempre é açúcar e o corpo não distingue a procedência de uma molécula” adverte Àlex Pérez. Por isso, acrescenta, “o abuso do mel pode ser tão prejudicial para nossa saúde quanto o do açúcar refinado”. “O açúcar branco que se põe no café contém 100% de sacarose, enquanto o mel é uma mistura de frutose, glicose, sacarose e 18% de água, juntamente com uma pequena quantidade de vitaminas e minerais”, indica o perito. Mas essa combinação não evita que seus três ingredientes principais sejam açúcares que, sem importar sua procedência, “causam o mesmo efeito em nosso organismo”. Embora muitas pessoas resistam a acreditar, recorda Marian García, a Organização Mundial da Saúde aponta que os açúcares presentes de forma natural no mel, nos xaropes, nos sucos de fruta e nos concentrados de suco de fruta são considerados açúcares livres. E estes, estejam presentes de forma natural no alimento ou sejam acrescentados posteriormente, são “um de principais fatores que estão provocando o aumento da obesidade e da diabetes no mundo”, assinala a OMS. “O mel contém em torno de 80% de açúcares que, no organismo, comportam-se como açúcares livres. Portanto, sua ingestão deveria ser limitada, assim como a do açúcar branco”, conclui García.O encéfalo é um órgão com uma textura gelatinosa que repousa dentro de uma superfície dura, o crânio, separado e protegido apenas pelas meninges e pelo líquido cefalorraquidiano. “Isso é importante porque normalmente impede que, com o movimento, o encéfalo se golpeie contra o crânio, cuja superfície interna é muito irregular, com proeminências ósseas”, afirma o neurologista Azuquahe Pérez, do Hospital Geral de La Palma (Santa Cruz de Tenerife). . Quando recebemos um golpe na cabeça, o órgão pode bater contra o crânio, o que também pode ocorrer se fizermos um movimento muito brusco. Isso é o que se chama de concussão: “É uma alteração do estado mental após um trauma, que pode ocorrer devido a golpes diretos ou movimentos rápidos da cabeça ou de aceleração/desaceleração. Nesses casos, a proteção do liquido cefalorraquidiano não é suficiente e o cérebro bate contra o crânio, levando à concussão e a outras complicações sem que necessariamente tenha havido um golpe direto. Isto é particularmente importante em pessoas mais velhas, nas quais a relação continente-conteúdo (crânio-encéfalo) é maior por causa da a atrofia cerebral que aparece com a idade”, explica Azuquahe Pérez.O azeite de oliva é um símbolo da dieta mediterrânea. Entre os benefícios atribuídos a esse apreciado ouro líquido está o de que ajuda a baixar de peso. “É um alimento saudável, mas dada sua composição, que é principalmente de 99% de gordura, mesmo com ácidos graxos monoinsaturados que são saudáveis para o coração, não se pode dizer às pessoas que consumam 200 mililitros ao dia sem problema porque lhes fará bem à saúde”, explica a nutricionista Luisa Solano. “Não se pode dizer que ajuda a baixar de peso, porque essa ideia fica gravada na cabeça do consumidor e ele tende a abusar. Na verdade, ocorre justamente o contrário. Começa-se a notar um aumento de peso ao consumir de forma excessiva essa gordura, por mais saudável que seja”, assinala a especialista. A quantidade recomendada ao consumir azeite de oliva fica em torno de três ou quatro colheres de sopa ao dia, que podem ser distribuídas nas distintas refeições.Seja vermelho ou verde, o chá é uma das bebidas que desperta mais simpatias por sua associação com uma dieta saudável. Além disso, muitas pessoas acreditam que essa bebida fumegante pode ser uma aliada para combater os quilos a mais. “Esse tipo de infusão tem componentes antioxidantes, mas de maneira nenhuma nos faz baixar de peso. Não adianta nada beber quatro litros de chá mantendo o mesmo estilo de vida sedentário com o mesmo consumo de energia”, ressalta a nutricionista Luisa Solano, doutoranda em nutrição na Universidade Complutense de Madri. Nem tudo é o que parece, por isso não devemos nos deixar enganar pelos benefícios do chá. Exagerar na quantidade pode afetar nossa saúde: “Não se deve ultrapassar as três xícaras ao dia. As indicações dessas infusões são importantes no caso das pessoas hipertensas ou com excesso de peso, por sua propensão a uma pressão arterial elevada, já que o conteúdo dessas infusões pode aumentar a pressão causar taquicardia, assim como em outras pode ter um efeito laxante”, indica Solano.Não. A afirmação não serve para todos os tipos de cegueira. “Primeiro seria preciso especificar o tipo, já que o termo pode confundir, mas mesmo no tipo mais grave, o da cegueira total, há estudos que demonstraram que o cérebro de quem sofre dessa cegueira são capazes de responder de forma significativa à luz, embora não seja de forma consciente. Além disso, a presença desta lhes permitia realizar de forma mais eficaz distintas tarefas”, explica Azuquahe Pérez. Isso ocorre, segundo os especialistas, porque temos diferentes tipos de receptores na retina e porque as vias que recolhem informação de nossos olhos não se encarregam unicamente da visão. “Uma parte irá para a área pré-tectal, a relativa aos reflexos que modulam o tamanho da pupila e do cristalino; outra para o colículo superior, a via responsável pela regulação dos movimentos oculares que ocorrem em resposta à informação visual − movimentos de orientação da cabeça e dos olhos −; e outra ao hipotálamo para a regulação do ritmo circadiano. É provável que a reação à luz nesses pacientes se deva a esta última via”, assinala o especialista.Comer a uma determinada hora não será o que nos fará engordar. “O que faz ganhar quilos é comer mais do que nosso organismo é capaz de consumir, seja de noite ou de dia. As variações hormonais reguladas pelo ciclo circadiano (noite-dia) podem modificar o apetite ou a sensação de saciedade, mas comer um donut com chocolate acompanhado de um refrigerante nos fará engordar qualquer que seja a hora”, afirma Àlex Pérez. O que as visitas noturnas à geladeira poderiam, sim, provocar, como indica Pérez, é que tenhamos um desajuste nos horários e precisemos reordená-los.Muitos atribuem aos produtos com etiquetas como “bio” ou “eco” benefícios maiores que os trazidos por aqueles que não as têm. Acreditamos que esses alimentos foram cultivados de forma mais natural e tendemos a pensar que não foram utilizados pesticidas e outros produtos químicos como na agricultura convencional. Mas isso significa que realmente são melhores para nossa saúde? “Não existe evidência científica de que os alimentos orgânicos sejam mais nutritivos e saudáveis. Embora seja verdade que na agricultura orgânica não é permitido o uso de produtos sintéticos, podem ser utilizados alguns pesticidas e produtos fitossanitários sob condições como o manejo de pragas, doenças e ervas daninhas”, observa Marian García. “Nos cultivos ‘bio’ são autorizados alguns pesticidas naturais, como o sulfato de cobre ou o caulim (com alumínio), entre outros. Essas substâncias não são inofensivas, sua acumulação pode ser tão tóxica quanto – ou mais do que − alguns dos pesticidas chamados de sintéticos”, acrescenta Àlex Pérez. Não se pode confundir, como diz o especialista, o fato de associar propriedades saudáveis com a sedução da ideia de apostar na agricultura de proximidade. “O que mais costuma nos atrair nos alimentos orgânicos é a produção local e o benefício para os pequenos agricultores de nosso entorno. E também a manutenção da diversidade das variedades, por cultura gastronômica e porque resgatando algum gene de uma variedade, talvez seja possível criar novas variedades com maior riqueza vitamínica ou mais resistentes a certas doenças vegetais”, ressalta o nutricionista.Isso remonta a 1901. Vem do famoso mapa da língua, segundo o qual cada área da língua tem receptores para cada um dos quatro sabores clássicos: doce, salgado, azedo e amargo. “Hoje se reconhecem cinco sabores. Aos quatro conhecidos anteriormente foi acrescentado o umami, sabor do glutamato monossódico, associado a sabores intensos. Mas a razão fundamental de que esse mapa esteja errado é que se sabe com certeza que qualquer área da língua é capaz de distinguir todos esses sabores com intensidade suficiente para ser percebidos”, assinala o médico Manuel Castro.Ao cair a noite, algumas pessoas retiram suas plantas de ambientes fechados para a varanda ou para o terraço temendo que lhes roubem o oxigênio de que necessitam para respirar enquanto dormem. Uma ideia que vem do descobrimento da fotossíntese, o processo pelo qual as plantas de folhas verdes, durante o dia, absorvem dióxido de carbono e liberam oxigênio, mas à noite fazem o contrário. Que fique bem claro: as plantas não são o inimigo. “É um dos erros conceituais que mais resistem com relação às plantas. Não tem problema nenhum que as plantas fiquem no quarto de noite. Elas respiram menos que a pessoa com quem dormimos. Isso é tão verdadeiro como quando dormimos em plena natureza em um acampamento e não nos acontece nada”, explica María José Carrau, responsável pelo Gabinete de Didática do Jardim Botânico de Valência. Além da fotossíntese, afirma Carrau, esse medo em relação às plantas poderia ter surgido de uma história quase mitológica: “Remete ao medo causado por uma floresta, e depois o transferimos para um vaso de gerânios. Ficamos com a ideia de que, por via das dúvidas, é bom que o vaso não durma em nosso quarto, isso se associa a algo ruim”.É dos mitos mais antigos e disseminados, a ponto de contar com sua própria entrada na Wikipédia. Parece não fazer diferença a quantidade de vezes que se desminta, sempre consegue ressurgir. Mas seu poder de voltar à vida não o transforma em verdade: é completamente falso. O doutor Castro explica claramente: “Se nos dizem que só usamos 10% de nosso cérebro em uma palestra motivacional, estão nos enganando. E se nos dizem isso em nosso ambiente de trabalho e se trata de um superior, provavelmente querem nos explorar”, descreve Manuel Castro. Utilizamos quase todo nosso cérebro a maior parte do tempo, e só quando estamos em repouso completo se pode registrar uma porcentagem tão baixa de atividade. Isso se demonstrou uma e outra vez em exames de imagem que mostram as áreas que estão em atividade em nosso sistema nervoso central. O que acontece é que não usamos todas suas partes ao mesmo tempo. “Cada região é relevante e não só por sua função principal, mas também pelo que significa no funcionamento do resto (nas redes neuronais). Daí o empenho em evitar e tratar enfermidades nas quais uma parte de nosso encéfalo se danifica, como ocorre em um AVC. Se só usássemos 10%, as consequências dessas doenças não seriam tão graves”, explica Azuquahe Pérez. Além disso, se todas as partes de nosso cérebro funcionassem ao mesmo tempo, seria uma catástrofe, já que ele tem áreas com ações contrárias. “Por exemplo, não podemos esticar e flexionar o braço ao mesmo tempo ou abrir e fechar os olhos ao mesmo tempo. Para poder esticar o braço, temos de relaxar os músculos que o flexionam, porque se as duas coisas ocorrerem ao mesmo tempo, o braço ficará rígido na posição inicial. Se isso ocorresse em todo o encéfalo, o mais parecido seria uma crise epilética”, aponta o neurologista.Qualquer cifra é arbitrária e cada pessoa dorme horas diferentes durante a mesma etapa de sua vida sem que isso cause problemas. “Na medicina, os ritmos circadianos − os que se repetem todos os dias − foram estudados há muito tempo e se sabe que os níveis detectados de melatonina (o hormônio responsável pelo ciclo sono-vigília) dependem da quantidade de luz ambiente. Não acredito que estejamos em condições de dizer às pessoas quanto devem dormir. Nem quanto nem quando”, explica Manuel Castro. Além disso, as características e necessidades de sono se modificam com a idade. “Diversos estudos demonstraram que o tempo total do sono, sua eficiência e o sono profundo diminuem com o envelhecimento, enquanto o número de despertares noturnos e o tempo que se passa acordado durante a noite aumentam. Essas mudanças estão associadas a mudanças nos processos circadianos e homeostáticos que regulam o sono e também a mudanças fisiológicas e psicossociais próprias da idade”, indica Azuquahe Pérez. A ciência nos diz, isto sim, que em geral dormimos menos do que deveríamos nos dias úteis e um pouco mais que o devido nos dias de folga. “É o que se resolveu chamar de jet lag social, que se postula como um fator de risco para diferentes doenças”, explica Pérez. “Devemos saber que o sono é essencial para a saúde e os transtornos dele acarretam múltiplos problemas, também pela abordagem terapêutica errática que muitas vezes é adotada. Nesse sentido, há outro mito a derrubar: muitos dos transtornos do sono que vemos deveriam ser tratados inicialmente com medidas não farmacológicas de higiene do sono”, assinala Pérez.Trata-se de um mito com história bélica de fundo. “Durante a II Guerra Mundial, a Força Aérea Britânica (RAF) conseguiu cumprir uma operação às escuras, durante a noite. Para explicar a façanha, o Ministério da Alimentação afirmou que os soldados tinham conseguido aquilo graças à boa visão noturna que possuíam por comer muitas cenouras durante o dia”, recorda a dietista Elisa Escorihuela. Essa apiácea é muito rica em betacaroteno, substância que lhe dá sua típica cor laranja e, depois da digestão e absorção, transforma-se em vitamina A. “Para formar uma molécula de vitamina A são necessárias grandes quantidades de betacaroteno. Quando o organismo detecta níveis suficientes dessa substância, ele os regula para não acumular níveis altos de vitamina A, porque podem chegar a ser tóxicos. Por isso, comer um monte de cenouras não vai ser melhor para nossa visão”, aponta a nutricionista. A vitamina A ativa − ou retinol − também pode ser encontrada nos ovos, no leite, na manteiga, na carne e nos peixes. Por sua vez, o betacaroteno é abundante na abóbora, batata-doce, mamão e manga, entre outros. Ou seja, em todos os vegetais de cor alaranjada. “É verdade que um déficit de vitamina A pode provocar problemas de visão, como a chamada cegueira noturna. Mas dizer que quanto mais cenoura as pessoas comerem, melhor será sua visão noturna, pode ser muito arriscado”, conclui o nutricionista Àlex Pérez.