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As declarações de Piqué sobre a Catalunha levam a crise catalã à seleção espanhola

Jogador pediu no Twitter para que as pessoas fossem votar no domingo. Nesta segunda, enfrentou protestos do público no treino da seleção

Diego Torres
Gerard Piqué com a seleção espanhola em Liechtenstein.
Gerard Piqué com a seleção espanhola em Liechtenstein.Gian Ehrenzeller (AP)

O apelo do jogador catalão Gerard Piqué para que as pessoas votassem no referendo ilegal da Catalunha aproximou a seleção espanhola de futebol à confusão política. O jogador do Barcelona, time da comunidade autônoma, manifestou-se na última quinta-feira pelo Twitter sobre a consulta que aconteceu no domingo. Horas depois, durante um ato de apresentação de uma coleção de roupas, Sergio Ramos, o capitão da Espanha, foi submetido a um interrogatório pela imprensa até que admitir que o tuíte de seu colega não ajudava a pacificar sua relação com o público mais crítico. 

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O técnico da seleção, Julen Lopetegui, afirmou que não quer que as pressões externas alterem seu cronograma. “O que me preocupa é a atualidade esportiva, não a política”, esclareceu o técnico, quando questionado por alguns jornalistas.

Mas o conflito que assola a sociedade espanhola não ficou de fora de seu campo. Na noite desta segunda-feira, em um treino aberto da seleção espanhola, o jogador do Barcelona foi alvo de protestos. Um grupo de cerca de dez jovens extremistas que foram ao campo principal do complexo esportivo de Las Rozas formaram o coro contra Piqué, seguidos com fervor por cerca de 200 pessoas, de um total de aproximadamente 1.000 que estavam na plateia, muitos levando bandeiras espanholas. Eles esperaram que os jogadores saíssem para treinar e, quando o grupo apareceu, começaram a disparar assobios e insultos pedindo para que o jogador deixasse a seleção.

O grupo representa um setor da população que rejeita a presença de Piqué no time. Ele é acusado de ser secessionista, embora nunca tenha manifestado sua inclinação política, além de pedir, desde 2014, a realização de um referendo para que se consulte a população sobre a separação da Catalunha. "Viva Espanha!", gritavam os manifestantes.  "Viva a Guarda Civil!", diziam, em referência à polícia do Governo central espanhol que tentou evitar o referendo de domingo, em meio a cenas de agressão policial.

Pouco antes do treino, Piqué havia disparado outro tuíte: um vídeo de alguns agentes da Polícia Nacional que dispavam balas de borracha contra as pessoas na Catalunha com a frase dita pela  vice-presidente do governo, Soraya Sáez de Santamaría, justificando a repressão no domingo: "Eles agiram com profissionalismo e de forma proporcional".

No domingo, depois de jogar com o Barcelona contra o Las Palmas, numa partida que ocorreu de portas fechadas, ele confessou sua dor em lágrimas. Disse que estava muito desapontado com o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy pelo modo como promoveu o que chamou de violenta repressão aos eleitores.

Quando perguntado pela imprensa se sua posição era compatível com seu status de jogador internacional, ele afirmou, confiante: "Eu acho que posso continuar na seleção porque há muitas pessoas que desaprovam o que aconteceu hoje [domingo] e acreditam na democracia. Mas se o treinador ou a Federação pensam que incomodo, não tenho nenhum problema em me afastar e deixar a seleção antes de 2018", afirmou ele, em referência ao seu anúncio em outubro passado de que deixaria o time no ano que vem.

"Não é uma questão patriótica ir à seleção nacional", disse ele. "Aquele que vai não é mais patriótico. Você tem que ir e fazer o seu melhor, como eu. Há jogadores nacionalizados. Você vai lá e joga o seu melhor para ganhar. Eu vejo assim. " Piqué, que nunca se afetou de fato com estas manifestações de rejeição, parece estar pronto para suportar. Mas o técnico do time está preocupado com o curso dos acontecimentos. Lopetegui falou com o jogador para convencê-lo a diminuir sua exposição. "Todos nós temos que garantir que o clima seja o melhor possível", afirmou ele neste domingo na rede de notícias Cope.

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