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Jogo entre Barcelona e Las Palmas ocorre com portões fechados no Camp Nou

Barça havia solicitado que o jogo não fosse disputado devido aos distúrbios na Catalunha O time, que venceu a partida com três gols, exibiu a palavra "democracia" no telão

Nadia Tronchoni
Vista geral do Camp Nou vazio, neste domingo.
Vista geral do Camp Nou vazio, neste domingo.ALBERT GEA (REUTERS)

O jogo da sétima rodada do Campeonato Espanhol, entre Barcelona e Las Palmas, neste domingo, foi realizado com portões fechados, para evitar incidentes, depois de um dia muito polêmico na Catalunha. Na mesa de negociação, debateu-se até o último instante a opção de disputar ou não a partida. E ganhou força a alternativa de realizá-la com portões fechados, para evitar problemas e como recurso mais salomônico. Em um comunicado emitido antes da partida, o Barcelona explicava a decisão tomada, após uma longa reunião e "depois da negativa da Liga de decretar o adiamento da partida". A nota começava assim: "O Barcelona condena as ações executadas em muitos locais da Catalunha para impedir o exercício do direito democrático e a livre expressão de seus cidadãos".

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Durante o jogo, o marcador eletrônico da partida exibia o desenho de uma urna com a palavra "Democracia". O Barça venceu por três a zero o rival.

Nem todos os diretores do Barcelona concordaram com a decisão de jogar a partida. Mas buscaram maneiras de chegar a um acordo, especialmente porque o elenco, no qual também há opiniões discordantes, havia uma maioria que se inclinava a entrar em campo. O presidente do clube, Josep Maria Bartomeu, explica: "Decidimos jogar a partida, mas de forma excepcional, com portões fechados. Que todo mundo veja o que está acontecendo aqui. Os Mossos (polícia da Catalunha) nos disseram que o jogo poderia ser realizado em total normalidade".

A Grada de Animación del Barça, grupo organizado de torcedores, distribuiu nas redes sociais e grupos de whatsapp uma mensagem na qual pedia que o clube suspendesse o confronto deste domingo. Caso não fosse possível, afirmam, eles mesmo fariam isso. "O torcedor que for ao Camp Nou deve pular no gramado do estádio, no primeiro minuto, e sentar pacificamente em protesto pela violência que estamos sofrendo. É necessário que o mundo a veja. E depois, continuaremos defendendo os centros de votação e a democracia", indicavam.

A partida ficou por um fio durante toda a manhã. A suspensão dela chegou a ser informada, por volta das 9h30 (Brasília). O clube azul-grená o fez de maneira oficiosa. Mas, a pouco menos de meia hora do início do encontro, os envolvidos continuavam reunidos, e os primeiros jogadores foram a campo para o aquecimento. Primeiro, foram os goleiros de cada time, assim como os preparadores de goleiros do Barcelona e do Las Palmas; minutos depois, subiram a campo o resto da equipe rival e, a 20 minutos do apito inicial, o Barça.

Membros da diretoria do Barcelona estavam em contato permanente com a polícia e os corpos de segurança, por causa da situação que a Catalunha está vivendo neste domingo. Esperava-se que entre 70.000 e 90.000 pessoas poderiam participar do jogo, muito marcado pelos acontecimentos políticos do dia.

A decisão de suspender o jogo partia do Barcelona, que tomou essa iniciativa por considerar que não haviam condições suficientes para garantir a segurança do encontro. No entanto, tanto a Liga Espanhola quanto a Federação, assim como o Las Palmas, eram partidários de que a partida fosse disputada. A decisão do Barça, que se manifestou várias vezes a favor da realização do referendo, foi de que as portas do estádio permanecessem fechadas, quando habitualmente são abertas uma hora e meia antes do início de cada partida. Os torcedores esperavam no lado de fora.

O rival desta tarde, o também espanhol Las Palmas, de Gran Canaria, publicou um comunicado posicionando-se contra o referendo deste domingo, na Catalunha, e comunicou que pensava em usar uma bandeira da Espanha bordada em sua camisa. "O que fazemos é muito simples. Com uma bandeira espanhola bordada no nosso uniforme, queremos votar em uma consulta imaginária, para a qual ninguém nos convocou: acreditamos na unidade da Espanha", diz o comunicado. "O Las Palmas poderia ter se limitado a ser uma testemunha muda desta encruzilhada histórica ou tomar partido. Escolhemos a segunda opção. Decidimos bordar em nossa camiseta uma pequena bandeira espanhola e o jogo deste domingo, 1º de outubro de 2017, para declarar, sem amarras, nossa esperança pelo futuro deste país e pela boa vontade daqueles com quem convivemos nele, em busca de melhor entendimento", acrescenta.

Por outro lado, a Federação Catalã de Futebol (FCF) decidiu suspender todos os jogos que seriam disputados na Catalunha, a partir das 9h00 horas (Brasília), sob sua jurisdição. A FCF publicou um comunicado em que explica que segue a recomendação realizada pela Secretaria Geral de Esportes, por causa da especial situação da Catalunha, neste domingo. E acrescenta: "para garantir a boa ordem das competições". As diferentes federações esportivas catalãs, como as de basquete e patinação, também suspenderam as partidas previstas para este domingo.

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