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Procuradora rebelde da Venezuela é convidada para reunião do Mercosul no Brasil

Luisa Ortega fugiu na sexta-feira de seu país rumo à Colômbia, onde deve conseguir asilo político

Sally Palomino
A ex-procuradora venezuelana Luisa Ortega permaneceu quatro dias em território colombiano.
A ex-procuradora venezuelana Luisa Ortega permaneceu quatro dias em território colombiano.FEDERICO PARRA (AFP)

Após permanecer quatro dias na Colômbia, a ex-procuradora-geral venezuelana Luisa Ortega, que nos últimos meses se afastou do chavismo, criticou ao Governo Nicolás Maduro e acabou deposta pela Assembleia Constituinte, deixou o país nesta terça-feira rumo ao Brasil, segundo confirmou a Migração Colômbia. Não se trata, porém, de uma nova fuga. Ortega foi convidada para participar de uma reunião de procuradores do Mercosul que será realizada no Brasil e deve voltar posteriormente à Bogotá, segundo informou o Itamaraty.

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Horas antes que deixar do território colombiano, no qual chegou na sexta-feira à tarde em um voo privado vindo de Aruba, começou uma nova tormenta política entre a Colômbia e a Venezuela. Em uma breve mas contundente declaração, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse no Twitter: “A procuradora Luisa Ortega se encontra sob a proteção do Governo colombiano. Se ela pedir asilo, lhe daremos”, escreveu Santos na manhã de segunda-feira. Antes, o novo procurador-geral venezuelano, Tarek Saab, havia questionado a posição do Governo colombiano. “Juan Manuel Santos com apoio incondicional à ex-procuradora fugitiva confirma que Colômbia é o epicentro da conspiração internacional contra a Venezuela”.

No mesmo sentido se manifestou o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, que acusou Santos de proteger a "corrupção e o crime”. Acrescentou que “Bogotá se transformou em centro da conspiração contra a democracia e a paz na Venezuela. Vergonha histórica do ‘Caim da América’”.

O oferecimento de asilo por parte do governo colombiano ocorreu depois que, segundo os veículos de comunicação locais, o presidente Santos se reuniu pessoalmente com Ortega durante mais de uma hora na Casa de Nariño (sede da Presidência). Ali Ortega expôs os motivos pelos quais havia fugido da Venezuela. Na noite de segunda-feira, uma mensagem de seu marido, o deputado oficialista German Ferrer, que também teve a sua imunidade parlamentar suspensa pela nova Assembleia, afirmava que sua saída do país ocorreu diante de uma iminente prisão que, segundo ele, teria como finalidade, para o governo de Nicolás Maduro, exibir um “troféu”. “Isso ficou demonstrado nas buscas que fizeram em nossa casa, onde o que fizeram foi simplesmente roubar roupas, sapatos, roupas íntimas e tudo o que conseguiram e, ainda, prendendo sem qualquer motivo a senhora que estava trabalhando ali e que passados 5 dias ainda continua presa””, dizia a mensagem, que circulou entre políticos dos dois países.

O ex-presidente Andrés Pastrana, que tem apoiado a oposição venezuelana, foi um dos primeiros a afirmar que a Colômbia não seria o destino final onde Ortega buscaria asilo. “Acho difícil que a procuradora fique na Colômbia. Ela acabará nos Estados Unidos, porque isso é fundamental para desvelar a relação entre a narcoditadura de Maduro e o Cartel de los Soles e as FARC da Colômbia”, afirmou no fim de semana em entrevista à rádio Caracol.

No dia em que a procuradora partiu de lancha da península de Paranaguá, ouviam-se no México suas declarações sobre os vínculos entre o entorno de Maduro e a Odebrecht. Segundo Ortega revelou na gravação, o motivo de fundo da “perseguição sistemática” do Governo de Maduro em relação a ela e ao seu pessoal de confiança, seriam as propinas pagas pela empresa brasileira a funcionários do Governo venezuelano.

Ortega foi destituída do cargo em 5 de agosto passado, por “atos imorais”, pela Assembleia Nacional Constituinte, cuja convocação foi questionada pela ex-funcionária quando ainda atuava como procuradora. Uma ordem de prisão também foi dada contra o seu marido, acusado pela Constituinte e por Saab de fazer parte de uma rede de extorsão que funcionaria supostamente dentro da Procuradoria.

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