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Um lugar na história para o escravo negro que destilou o primeiro Jack Daniels

Escritora Fawn Weaver se mobiliza para que reconheçam a contribuição de Nearest Green à indústria do uísque

No centro da imagem com chapéu branco e bigode aparece J. Newton “Jack” Daniel. À sua direita, um dos filhos de Nearest Green, no final do século XIX.
No centro da imagem com chapéu branco e bigode aparece J. Newton “Jack” Daniel. À sua direita, um dos filhos de Nearest Green, no final do século XIX.JACK DANIELS

Lynchburg é uma pequena cidade no Tennessee. Aí, a uns 120 quilômetros de Nashville, está a sede da Jack Daniels. É um dos lugares onde foi construída a história dos Estados Unidos. É visitada a cada ano por cerca de 300.000 pessoas. Os amantes do uísque podem ver, em uma fotografia, o fundador posando com seus empregados. Bem à sua esquerda aparece um dos filhos de Nearest Green, o verdadeiro mestre na fina arte da destilaria.

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A data exata em que o Jack Daniels nasceu foi sempre um mistério. A destilaria, que é considerada a mais antiga da América, tem sua origem em algum momento da década de 1830, embora a marca só tenha sido registrada em 1866. Jack contratou Green, um ex-escravo, um ano depois do fim da Guerra Civil. Este ensinou Daniels, quando este ainda era muito jovem, o processo para destilar o licor.

Embora os atuais donos da marca o tenham reconhecido há pouco mais de um ano como o verdadeiro mestre, sua figura continua na sombra. A autora Fawn Weaver quer que agora seja feita, de uma vez por todas, justiça ao Uncle Green. Chamou a atenção da autora, depois de visitar o museu, que não exista referência nenhuma à primeira pessoa que realmente está por trás da criação de uma das bebidas mais reconhecidas do mundo.

Weaver acredita que é importante que as pessoas saibam que o nascimento do Jack Daniels foi em parte possível graças à contribuição de um escravo. “Quando Jack estava vivo, quando seus sobrinhos e sobrinhas estavam vivos, ninguém questionava que eram Nearest e seus filhos que faziam o uísque”, diz. O que a autora não sabe é quando a empresa decidiu apagar essa parte da história.

Weaver acredita que é importante que as pessoas saibam que o nascimento do Jack Daniels foi em parte possível graças à contribuição de um escravo

A Jack Daniels foi adquirida por Brown-Forman Corporation há seis décadas. O legado do escravo foi perdido alguns anos mais tarde, quando os responsáveis pela imagem da marca decidiram mudar as campanhas publicitárias. Fawn Weaver, que agora está escrevendo um livro, espera que seu trabalho sobre Nearest Green ajude a mudar a percepção do público sobre o mestre destilador.

O The New York Times já escreveu no ano passado um artigo com a história de Green, que se tornou viral. Weaver acaba de criar, por sua vez, uma fundação que leva o nome do ex-escravo do Tennessee dedicada a melhorar sua figura na indústria. Considera que este é mais um exemplo que demonstra como negros e brancos trabalharam juntos durante e depois da Guerra Civil.

O destaque da figura de Green não pode ser mais oportuno, em pleno debate pela reação do presidente Donald Trump aos atos racistas em Charlottesville (Virgínia) e com o uísque do Tennessee vivendo um de seus melhores momentos. O Jack Daniels não é só um dos produtos mais emblemáticos da região, é também um dos mais exportados no mundo.

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