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Barcelona já vivia em alerta para um atentado, diz brasileiro residente na cidade

Estado Islâmico fez ameaças de que a Espanha era alvo potencial, relata Rodrigo Leite. Autoridades confirmam que EI assumiu autoria do ataque que matou 13 pessoas

C. J.
Policial acompanha clientes de uma loja nos arredores das Rambla após atentado
Policial acompanha clientes de uma loja nos arredores das Rambla após atentadoL.Gene (AFP)

O atentado em La Rambla, em Barcelona, não chegou a surpreender o jornalista brasileiro Rodrigo Leite, que vive na capital catalã há dois anos com a mulher e dois filhos de seis anos. “A gente meio que esperava que algo assim ia acontecer”, conta ele, que é chefe da equipe de tradução do EL PAÍS Brasil. O ataque foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI, ou Isis, na sigla em inglês), que já vinha fazendo ameaças diretas à Espanha, inclusive em vídeos e textos escritos em espanhol. “Em qualquer lugar que vocês considerem ser um alvo válido para castigar os espanhóis criminosos... por qualquer meio disponível”, dizia um comunicado emitido em árabe em agosto do ano passado pela Fundação de Mídia Wafa, ligada ao Estado Islâmico.

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O alvo, dizia o EI, seriam locais onde houvesse multidões, e La Rambla cumpria esse critério. As autoridades confirmaram, no fim do dia, que o grupo terrorista islâmico assumiu a autoria. Segundo Leite, já era comum ver mais policiais na redondeza, e ainda com agentes carregando armas automáticas.

Os atentados em outras cidades europeias já mantinham os catalães em alerta. Depois de atentados parecidos em Nice, na França, em Berlim, na Alemanha, e em Estocolmo, na Suécia, tornavam-se comuns relatos de pessoas apavoradas em Barcelona quando algum rojão era estourado em eventos festivos. “Isso já era um sinal de que as pessoas andavam muito assustadas”, conclui Leite.

O passeio mais famoso da cidade recebe anualmente milhares de turistas brasileiros. O clube de futebol catalão, o Barcelona, torna a relação do Brasil ainda mais estreita com o país. Neymar acaba de deixar o time, que sempre contou com representantes brasileiros vestindo a camisa da equipe. Nesta mesma quinta, outro brasileiro, Paulinho, se apresentou em Camp Nou, depois de ser comprado do time chinês Guangzhou Evergrande. Dados do Governo catalão de 2015 mostram que 5.455 brasileiros eram residentes na cidade.

Leite se encontrava em casa com a família no momento do atentado. Acompanhavam as notícias pela televisão e foi inevitável contar às crianças o que estava acontecendo. “Eles esperavam pela tradicional festa do bairro da Gràcia [onde há competição de decoração de rua] e tivemos de contar que o evento foi cancelado pelo ‘acidente’”, conta Leite, que vive no bairro vizinho, Sant Gervasi.

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