Críticas da torcida do Barcelona à contratação de Paulinho
Alguns consideram o jogador muito físico e carente de recursos técnicos para o estilo de jogo do time espanhol
Foi uma contratação feita por telefone, com conversas com o Guangzhou Evergrande e com o jogador, por parte dos dirigentes do Barcelona. “Não viajamos à China porque foi uma contratação limpa, porque pagamos a cláusula de rescisão, pois eles não queriam negociar”, dizem no Barça. “Tampouco era necessário ir para vê-lo jogar, porque é muito conhecido e sabemos o que pode nos dar, esperamos que seja muito”, acrescentam. Assim, José Paulo Bezerra, Paulinho, de 29 anos, já é jogador do Barcelona, que pagou 40 milhões de euros (cerca de 150 milhões de reais). Ele assinou por quatro anos e tem uma multa rescisória de 120 milhões de euros (cerca de 450 milhões de reais). Um alívio para o brasileiro, que estava ansioso para deixar a China. Mas sua contratação não despertou entusiasmo entre os torcedores do Barcelona, que ainda não assimilaram a saída de Neymar e a derrota de domingo (1 x 3) contra o eterno rival, o Real Madrid, no primeiro jogo da Supercopa da Espanha.
Há algum tempo, o responsável pelas contratações do clube catalão, Robert Fernández, explicou o que queria. “Um meio-campista que possa jogar como meia e como volante”, disse. Agora, no clube, acrescentam: “Paulinho pode jogar nas três posições do eixo e reúne as qualidades que a comissão técnica nos pediu”. E enumeram: “É forte, dá equilíbrio e trará força e energia nos momentos que a equipe precisar, como naqueles jogos em que o adversário se fecha ou contra equipes poderosas”. Um jogador que o treinador Ernesto Valverde aprova. “Alguém acredita que se contrata contra o que o treinador diz?”, perguntam fontes do clube.
Mas a torcida não está nem um pouco convencida. A contratação do brasileiro tem sido criticada porque alguns o consideram um jogador muito físico, sem o toque de bola que distingue o estilo de jogo do Barcelona. “Estão falando muito antes de ele chegar. Vamos deixá-lo tranquilo e ver seu rendimento”, defende Valverde. “É um jogador importante na seleção brasileira, tecnicamente bom e do ponto de vista físico é forte e pode nos ajudar, pode nos dar versatilidade, porque é um jogador de perfil diferente do que temos”. Eleito o pior meio-campista do Tottenham –onde jogou antes do Guangzhou– pelos leitores da prestigiada revista Four Four Two, o preço pago por Paulinho parece exorbitante para a torcida azul-grená. “Se julga e se critica com muita facilidade”, dizem no clube; “mas é um jogador que oferece esse trabalho obscuro que não se vê. E tem qualidade, hein? Por alguma razão é titular da seleção brasileira”. Embora acrescentem: “Conversamos com ele e está tranquilo e confiante, com vontade de demonstrar seu valor”.
Vontade de ter sucesso no Camp Nou ele tem. “Uma vez que o Guangzhou não negociou, foi o jogador que baixou o salário para vir”, elogia o Barcelona. Passou de receber oito milhões de euros para cerca de cinco (30 a 18 milhões de reais). Entre outras coisas, porque queria sair da liga da China. “Ele sabe que ir para lá foi uma decisão errada e a oportunidade do Barça permitia corrigir isso”, contam no clube; “mas ele devia ficar, porque precisava jogar para continuar na seleção brasileira”.
O estilo baseado na troca de passes que o genial holandês Johan Cruyff implantou no Barcelona há quase 30 anos dá uma importância fundamental ao meio-campo. E nos últimos anos o clube teve dois dos melhores do mundo, Iniesta e o hoje aposentado Xavi, ambos formados nas categorias inferiores. Mas as tentativas de procurar fora outros jogadores com o mesmo estilo deram pouco resultado. Nas últimas cinco temporadas, o clube gastou o equivalente a 560 milhões de reais em meio-campistas: o camaronês Alex Song (70 milhões), o croata Rakitic (67), o turco Arda Turan (126), o português André Gomes (130), o espanhol Denis Suárez, (13) e agora Paulinho (149). Só Rakitic conseguiu se consolidar.
Algumas das críticas à contratação de Paulinho também apontam para um suposto interesse econômico particular do presidente do clube, Josep Maria Bartomeu. Essas vozes vinculam Paulinho à Adelte, empresa que projeta e constrói aeroportos da qual Bartomeu é CEO e está em expansão na Ásia. Precisamente com o Evergrande Group –proprietário do clube–, que começa com a Adelte o projeto de um arquipélago artificial para turistas de luxo. “Não tem nada a ver. Em absoluto. Não é verdade e desmereceria o trabalho da área esportiva”, replicam no clube.
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