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Promotoria peruana pede prisão de ex-presidente envolvido com corrupção da Odebrecht

Ollanta Humala e sua esposa, Nadine Heredia, são acusados de lavagem de dinheiro e associação criminosa

O ex-presidente peruano Ollanta Humala, em 2013.
O ex-presidente peruano Ollanta Humala, em 2013.REUTERS

O promotor provincial Germán Juárez Atoche formalizou um pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente do Peru Ollanta Humala e sua esposa, Nadine Heredia. Ambos são acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, ao supostamente receberem três milhões de dólares (10 milhões de reais) da construtora brasileira Odebrecht como parte do financiamento da campanha eleitoral de 2011. Humala participou dessas eleições pelo Partido Nacionalista e acabou eleito.

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Esses fatos foram originalmente conhecidos pelo depoimento de Jorge Barata, que foi representante da Odebrecht no Peru. De acordo com suas declarações a um grupo de promotores que viajaram ao Brasil para interrogá-lo, em 2010 recebeu uma ligação em que Marcelo Odebrecht lhe ordenava realizar doações à campanha eleitoral.

Elas foram expressamente solicitadas pelo Partido dos Trabalhadores de Lula, cujo caixa comum com o gigante da construção estava a cargo do à época ministro da Fazenda, Antonio Palocci, conhecido como O Italiano. Em plena realização das eleições presidenciais, Humala precisava de todos os recursos possíveis para fazer frente a seus rivais políticos: Keiko Fujimori, o agora presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski e o ex-presidente Alejandro Toledo.

A denúncia foi confirmada pelo próprio Marcelo Odebrecht à Justiça brasileira. Um documento do Supremo Tribunal Federal do Brasil assinala que, de acordo com o empresário da construção, “o Grupo Odebrecht, a pedido de Antonio Palocci Filho, enviou, através do Departamento de Operações Estruturadas [o setor da Odebrecht encarregado de administrar as propinas], três milhões de dólares (10 milhões de reais) ao candidato à Presidência do Peru Ollanta Humala”.

O dinheiro foi entregue pelo próprio Barata e pelo publicitário Vlademir Garreta, sócio de Luis Favre, especialista em comunicação política que à época assessorava Humala. O dinheiro deixou de fluir por volta de 5 de junho de 2011, dia em que Humala ganhou de Keiko Fujimori no segundo turno das eleições. De acordo com o promotor Juárez, os milionários envios de dinheiro foram disfarçados através de falsos investidores. Essa versão foi supostamente confirmada por várias pessoas, cuja identidade foi usada sem autorização para esses fins.

O pedido do promotor será decidido pelo juiz Richard Concepción Carhuancho, do Primeiro Tribunal de Investigação Preparatória. Segundo informações do Ministério Público do Peru na terça-feira, o juiz convocou uma audiência que será realizada na quarta-feira, às 10h (12h de Brasília). A Promotoria sustentará seu pedido e serão ouvidas as alegações da defesa do ex-casal presidencial.

Entre as informações entregues pelo promotor estão documentos sobre a transferência de dinheiro entre a conta do Partido Nacionalista e a de Nadine Heredia. Por se tratar de crimes ocorridos antes de Humala assumir o comando do Estado, o ex-presidente, que deixou o cargo em julho de 2016, não está protegido por nenhuma garantia específica nesse processo.

Odebrecht admitiu à Justiça dos Estados Unidos que entregou 29 milhões de dólares (94 milhões de reais) entre 2005 e 2014 no Peru para ganhar a concessão de obras públicas, em um período que compreende os Governos de Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e o próprio Ollanta Humala (2011- 2016).

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