Hong Kong, segundo maior comprador de carne do Brasil, suspende importações
Suíça também aumenta a lista de países que fazem um boicote temporário da carne brasileira. Coreia do Sul, porém, volta atrás e suspende o embargo

Os problemas para os produtores de carne no Brasil, fortemente abalados desde que a Polícia Federal desatou a Operação Carne Fraca na última sexta, pioraram um pouco mais nesta terça. O Governo de Hong Kong, segundo maior importador de carne brasileira depois da China, decidiu também interromper suas compras. As autoridades da cidade asiática, integradas ao Governo chinês — ainda que com autonomia política —, tomaram essa decisão “diante do fato de que a qualidade da carne do Brasil está sendo questionada”. De acordo com um comunicado difundido pelas autoridades de segurança alimentar de Hong Kong, a medida afeta tanto a carne fresca como a congelada e a carne de frango. A decisão foi tomada “em nome da prudência” e “com efeitos imediatos”, informa a agência EFE.
Ao mesmo tempo, a Suíça aumentou o bloco de boicote temporário à carne brasileira que vem acontecendo desde que a Polícia Federal revelou na última sexta-feira a existência de um esquema corrupto que envolvia fiscais do Ministério da Agricultura e duas das grandes companhias do setor, a JBS e a BRF, para supostamente liberar ao mercado produtos em más condições. As autoridades suíças explicaram que se trata de uma medida preventiva que afeta as companhias implicadas no escândalo. A decisão suíça tem um impacto menor, uma vez que o país europeu consome prioritariamente carne proveniente de produtores locais.
Mas o anúncio de Hong Kong e Suíça supõe um revés diante do que parecia ser uma boa notícia para o Brasil, uma vez que a Coreia do Sul decidiu levantar a proibição à compra do frango brasileiro que havia estabelecido nesta segunda. Desde que o escândalo da carne veio à tona, a China, a União Europeia e o Chile também bloquearam compras do Brasil. A Europa manteve a restrição aos 21 frigoríficos identificados como suspeitos pela PF, enquanto a embaixada do Chile afirmou em comunicado distribuído nesta segunda que restringe a compra de “todas as carnes do Brasil” até conhecer quais são as plantas investigadas e se elas são exportadoras. Depois poderia flexibilizar essa decisão. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, tinha uma conversa marcada com o embaixador chileno Carlos Furche nesta terça para esclarecer o assunto.