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Contra protestos, Temer prepara desfile em carro fechado para o 7 de Setembro

Enquanto isso, Dilma deixava Brasília nesta terça sob aplausos de um grupo pequeno, mas fiel

Dilma é abraçada por militantes em frente ao Palácio da Alvorada.
Dilma é abraçada por militantes em frente ao Palácio da Alvorada.F. BIZERRA JR (EFE)

Menos de 200 militantes aguardavam a primeira mulher eleita presidenta do Brasil na porta do Palácio da Alvorada. Era a despedida de Dilma Rousseff da residência oficial da presidência brasileira. Destituída do poder há seis dias por uma decisão do Senado, a petista era, nesta terça-feira, bem diferente daquela que subiu ao palco do luxuoso auditório lotado alugado em Brasília em 2014 para comemorar sua reeleição. Há dois anos, só mostrava descontração ao abraçar seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva. Neste 6 de setembro, sem Lula e acompanhada por um pequeno grupo de escudeiros e ex-ministros, era só sorrisos e afagos aos seguidores. De óculos escuros, deixou-se ser beijada até ficar com uma marca de batom vermelho na face direita e foi abraçada enquanto seus seguranças empurravam e usavam suas armas de choques nos cinegrafistas e fotógrafos que a cercavam.

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A concentração no local havia se iniciado por volta das 11h e sob o escaldante sol brasiliense. Os ex-ministros José Eduardo Cardozo, Miguel Rossetto, Jaques Wagner e Kátia Abreu (a única não petista do grupo), e o senador Lindbergh Farias e a deputada Erika Kokay a esperavam antes de seu embarque para Porto Alegre (RS) — Rousseff ficará entre a capital gaúcha e o Rio de Janeiro. Estavam ainda trabalhadores sem-terra, representantes de sindicatos de professores, da CUT e da CTB. Algumas das bandeiras eram as mesmas da campanha de 2014, onde adesivos estampavam o nome de Dilma, mas também o do então aliado e candidato a vice, Michel Temer (PMDB).

Nesta terça, Temer foi, como esperado, o alvo preferencial dos que estavam no Alvorada, que o chamavam de "golpista" e gritavam "Fora, Temer". Enquanto isso, não longe dali, o peemedebista fazia planos para tentar se prevenir de eventuais problemas originados por protestos em seu primeiro Dia da Independência como presidente. Nesta quarta, o peemedebista participará do tradicional desfile em Brasília em um carro fechado. É comum que o presidente desfile no Rolls-Royce conversível do Planalto vestindo a faixa verde e amarela da presidência. Ele, contudo, não decidiu se a usará e foi orientado a não andar no conversível por questões de segurança.

“Neste 7 de Setembro queremos viver o dia da pátria, da alegria, da felicidade. Queremos viver o dia de mostrar que nosso país tem jeito, sim. Que somos um país grande e as manifestações serão recebidas dentro desse quadro”, disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, em um ajuste de discurso após a grande marcha contra o Governo em São Paulo no domingo.

A expectativa é que mais de 5.000 pessoas participem do “Grito dos Excluídos” em Brasília, uma marcha que acontece anualmente logo após o desfile militar. Dessa vez, o tema do protesto será o fim do Governo Rousseff e o início da gestão Temer. No feriado, o "Grito dos Excluídos" também está marcado para acontecer em São Paulo, no Rio de Janeiro, Fortaleza, Uberlândia (MG), Campinas (SP), Piracicaba (SP) e Itu (SP). Na capital paulista, outro ato, também na Praça da Sé, foi convocado para protestar contra Temer e pedir eleições diretas. Serão uma novo teste tenso para a ação da polícia em manifestações de massa.

“Temos de esperar a democracia voltar”, diz manifestante

Na base de um dos mastros na entrada do Palácio do Alvorada, a professora de história Kátia Garcia, de 51 anos, montou uma espécie de um santuário no qual fez uma intervenção artística. Nele havia fotos e adesivos de Rousseff, almofadas, um tapete, um buquê de rosas, um vaso com a árvore da felicidade, um livro de história do Brasil e uma bicicleta, que tinha em sua garupa uma pequena gaiola com um cupinzeiro e uma Constituição Federal suja de barro.

“Temos de esperar a democracia voltar. Isso tudo que fiz, é para tentar deixar a democracia à vontade. Assim que ela retornar, ela tem de ficar confortável nas almofadas e se sentir em casa em Brasília. Mas antes tem de se lembrar de libertar o povo, aqui representado pelo cupim da corrupção em cima de uma Constituição que foi desrespeitada”.

Ministrando aulas, há doze anos, em um presídio feminino na capital federal, Garcia diz que com o impeachment, agora só cabe aos movimentos sociais lutarem contra a gestão Temer nas ruas. “Não há nada que a Justiça ou qualquer outro órgão possa fazer. Vamos ter de esperar 2018”.

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