_
_
_
_

Quinze países pedem que a Venezuela não atrase o referendo revogatório

Membros da OEA, incluindo Brasil, também pedem a retomada do diálogo entre Governo e oposição

Silvia Ayuso
A Organização de Estados Americanos (OEA)
A Organização de Estados Americanos (OEA)OEA
Mais informações
Autoridade eleitoral da Venezuela joga referendo para 2017 e desagrada oposição
Falta de consenso sobre presidência da Venezuela aprofunda a crise do Mercosul
Maduro manda empresas cederem funcionários para trabalhos no campo
Chavismo tenta eliminar a MUD, o principal partido da oposição da Venezuela

Os tempos estabelecidos pelas autoridades venezuelanas para a realização do referendo revogatório não preocupam somente a oposição, que teme que eles possam perpetuar o chavismo no poder. Alguns países mais influentes na região também veem com receio o calendário estabelecido esta semana pela presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena. Em uma declaração conjunta assinada em Washington, 15 países, incluindo a Argentina, Brasil e Estados Unidos, manifestaram na quinta-feira sua preocupação e pediram que Caracas cumpra “sem demora” as etapas restantes do complicado processo de revogatório do presidente Nicolás Maduro.

“Fazemos um chamado às autoridades venezuelanas para que garantam o exercício dos direitos constitucionais do povo venezuelano e, por sua vez, cumpram de forma clara, certa e sem demora as etapas restantes para a realização do referendo revogatório presidencial”, pedem os signatários. Para Argentina, Belize, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai, esta é a melhor maneira de “ajudar a resolver de forma rápida e eficiente as atuais dificuldades políticas, sociais e econômicas naquele país”.

Lucena anunciou na terça-feira que a coleta de 20% do apoio necessário para a convocação do referendo será realizada no final de outubro, o que a oposição denuncia como uma tentativa de bloquear a iniciativa. O que a oposição teme é que o Governo esteja atrasando o processo para que o referendo não seja realizado antes de 10 de janeiro de 2017, quando se inicia o quarto ano do mandato de Maduro e, portanto, não sejam convocadas novas eleições, mas ele seria substituído pelo vice-presidente caso seja derrotado na consulta.

Em seu comunicado, lido na quinta-feira em uma sessão da OEA pela representante do Canadá, os 15 países do hemisfério também incentivam a retomada do diálogo “franco e eficaz” entre Governo e oposição com a mediação do ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e seus colegas Leonel Fernández da República Dominicana e Martín Torrijos do Panamá.

De acordo com estes países, um diálogo político “oportuno, nacional, inclusivo e eficaz” é a melhor maneira de “atender às necessidades urgentes do povo venezuelano, preservar a paz e a segurança, garantir o pleno respeito aos direitos humanos, o devido processo, a separação de poderes e a consolidação da democracia representativa”.

“Estamos particularmente preocupados, pois não estabeleceu nenhum canal de diálogo direto”, destacou na reunião o embaixador mexicano junto à OEA, Luis Alfonso de Alba. O diplomata também lamentou que a mediação de Rodríguez Zapatero “não tenha produzido resultados até agora”.

Surpreso com o gesto, do qual disse que não tinha sido avisado, o embaixador venezuelano, Bernardo Álvarez, acusou os países a agirem “pelas costas” de Caracas, algo que foi negado pelos representantes dos países signatários.

Trata-se de um “novo chamado para algo que, infelizmente, ainda não ocorreu”, reafirmou o embaixador argentino, Juan José Arcuri. “É um chamado a um diálogo franco a todos os atores políticos venezuelanos, a todos, para que entre eles encontrem uma solução rápida, definitiva e satisfatória para os graves problemas políticos, sociais e econômicos que hoje afetam o povo venezuelano”, insistiu.

A falta de avanços no diálogo entre Governo e oposição, enquanto se aprofunda a crise no país é algo que também preocupa outros organismos internacionais. Em entrevista com vários meios de comunicação da Argentina durante sua visita esta semana a Buenos Aires, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que estava “muito preocupado” com o que chamou de “crise humanitária na Venezuela” gerada pela “instabilidade política”.

México, preocupado com a “neutralização” da oposição na Nicarágua

O México fez, na quinta-feira na OEA, um aviso para a Nicarágua, ao expressar sua “preocupação” com as manobras do Governo de Daniel Ortega para acumular poder.

O embaixador Luis Alfonso de Alba lembrou aos demais representantes da OEA sobre a decisão do Tribunal Eleitoral de eliminar os deputados da oposição de suas fileiras. “Sem nos pronunciar sobre a legalidade ou não de tais decisões, queremos expressar nossa preocupação pelo impacto dessas medidas, ao enfraquecer e praticamente neutralizar a oposição em um momento no qual o país está imerso em um processo eleitoral muito importante”, disse.

A resposta furiosa da Nicarágua não se fez esperar. O representante suplente, Luis Exequiel Alvarado, acusou o México de agir “usado pelas forças intervencionistas dos Estados Unidos” e questionou sua “autoridade moral” para falar sobre outro país quando não resolveu problemas como a violência dos cartéis. “Se o México se atreve a se preocupar com o processo eleitoral na Nicarágua, que primeiro arrume sua casa. Primeiro arrumamos nossa casa e depois vamos olhar o bairro”, respondeu.

A intervenção do México revela a crescente preocupação na OEA com as manobras do Governo de Ortega. Fontes diplomáticas consultadas confirmaram que o tema foi discutido por alguns países e espera-se que Almagro se pronuncie nos próximos dias.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_