Presidente espanhol rechaça oferta do Rei para formar Governo
Líder do novo partido de esquerdas Podemos se oferece como vice-presidente da Espanha
O presidente do Governo espanhol em exercício, Mariano Rajoy, ganhador virtual das eleições do 20 de dezembro, rechaçou nesta sexta-feira a oferta do Rei Felipe VI para formar Governo. O líder do conservador Partido Popular (PP) reconheceu que "neste momento" não está em condições de passar uma votação porque não tem a maioria de votos necessários no Parlamento.
A sexta-feira foi dia de negociações. O papel do Rei da Espanha esse dia era falar com distintos candidatos sobre a possibilidade de formar Governo. O primeiro foi o líder do novo partido de esquerda espanhol Podemos, Pablo Iglesias, que propôs ao monarca formar um Governo de coalizão com o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e com a Esquerda Unida (IU) como tentativa de expulsar Mariano Rajoy do poder, e inclinar a balança ao seu favor na complexa negociação de pactos no país.
As novas formações políticas irromperam com força nas disputadas votações de 20 de dezembro: Podemos (de esquerda, nascido dos protestos dos indignados do chamado 15-M) conseguiu 69 deputados e Ciudadanos (de centro-direita), 40. O Partido Popular, atualmente no poder, obteve o pior resultado conquistado por um vencedor das eleições na história recente da democracia espanhola (123 deputados) e, ainda que teoricamente tenha ganhado, não conseguiu maioria absoluta: ou seja, precisa assim formar pactos e alianças para governar. Como resultado, começou uma frenética negociação multilateral. Rajoy buscou o apoio do PSOE e Ciudadanos, o PSOE buscou o apoio de Podemos, enquanto o Podemos, por sua vez, exigiu como contrapartida um referendo sobre a independência da Catalunha, que a cúpula do PSOE se recusa a apoiar.
“Decidimos tomar a iniciativa e dar um passo à frente. Neste momento, não há espaço para ficar em cima do muro. Ou se apoia a mudança ou se apoia a imobilidade e o bloqueio”, anunciou o líder do Podemos após sua reunião com Felipe VI. Iglesias considera que o Governo espanhol deveria ser proporcional aos resultados eleitorais, e, para ele, é “razoável” que o líder do PSOE , Pedro Sánchez, seja o presidente e que ele próprio ocupe a vice-presidência. “Se o PSOE quiser, pode haver um Governo de coalizão”, destacou.
Iglesias se mostrou disposto a se reunir com Sánchez para entrar em acordo sobre uma série de medidas para os 100 primeiros dias de Governo, com clara ênfase social para conter os desalojamentos de pessoas endividadas e combater a situação de desemprego no país. Ele também apresentou medidas de Estado para enfrentar a defesa da justiça social e a integração plurinacional, e ainda para dar fim à evasão de membros do Governo para o setor privado e instalar uma reforma da lei eleitoral. O deputado também apontou as áreas que considera fundamentais para este Executivo “da mudança”, como ele classificou: Justiça, Defesa, Interior e Relações Exteriores.
Segundo afirmou após um encontro no Palácio da Zarzuela, em Madri, o Rei da Espanha, “em seu papel”, achou a proposta de Iglesias “razoável”. O político do Podemos quis que o chefe do Estado fosse o primeiro a conhecer a proposta para evitar distorções. Por isso, os destinatários da oferta (no caso, o PSOE), foram pegos de surpresa e não previam a manobra.
Horas depois, Pedro Sánchez também foi recebido por Felipe VI, mas adotou um tom de cautela ao comentar com a imprensa a proposta do Podemos. Segundo o líder, o PSOE aguardará a movimentação de Mariano Rajoy (que tenta formar uma coalizão para se manter no poder) antes de decidir pelas alianças, mas garantiu que o partido "responderá a sua responsabilidade de formar um Governo estável". "Hoje tem a palavra o senhor Rajoy. Se fracassar, o PSOE fará um Governo de mudança e progressista", assegurou.
Pablo Iglesias, que compareceu ao Congresso ao lado do diretor de campanhas do Podemos, Íñigo Errejón, da co-fundadora do partido, Carolina Bescansa, e dos representantes das confluências, pediu que esse acordo entre os partidos seja o resultado de um diálogo transparente. Para isso, também fez um apelo à colaboração dos meios de comunicação. “Os cidadãos querem ver e ouvir”, explicou. Ele afirmou ainda que aqueles que o acompanharam na sessão farão parte do grupo inicial de planejamento desse acordo e poderão assumir pastas ministeriais.
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