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“Guerra contra mulheres” nos EUA

Conservadores vão voltar a colocar a liberdade religiosa à frente dos direitos das mulheres

KEVIN LAMARQUE (REUTERS)

“A guerra contra as mulheres terminou e elas perderam.” Essa manchete da revista Mother Jones denunciou, em sua edição de outubro, as consequências de uma ofensiva conservadora para limitar o acesso ao aborto em todos os Estados Unidos. Na segunda década do século XXI, com duas mulheres disputando a indicação para presidente em 2016 e cada vez mais líderes de todos os setores da sociedade exigindo igualdade salarial e de direitos para as mulheres, os norte-americanos continuam sendo o centro da penúltima guerra cultural.

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Desde os anos 80, nos Estados Unidos tinham sido aprovadas uma média de 20 leis estaduais a cada ano que tentavam restringir de alguma forma o aborto – com novas exigências às clínicas de aborto ou aos médicos, ou limitando o número de centros por estado. Em 2010, coincidindo com a vitória republicana nas eleições legislativas daquele ano, as exigências subiram a mais de 100. A “ofensiva” não diminuiu desde então e neste ano os candidatos conservadores às eleições presidenciais defendem cortes em organizações de planejamento familiar que realizam abortos e fornecem cuidados de saúde a milhões de mulheres sem recursos.

Pela segunda vez em três anos, a Suprema Corte também vai estudar uma ação judicial que pede que as organizações não governamentais, que estejam afiliadas a alguma entidade religiosa – incluindo várias universidades – fiquem isentas da obrigação de cobrir o custo dos anticoncepcionais no seguro de saúde de seus funcionários. Os conservadores vão voltar a colocar, assim, a liberdade religiosa à frente dos direitos das mulheres, mesmo quando elas precisarem da pílula do aborto por motivos de saúde.

Os conservadores vão voltar a colocar, assim, a liberdade religiosa à frente dos direitos das mulheres

Os Estados Unidos legalizaram o aborto em 1973, mas seu acesso não é uma tarefa simples. O Texas é um exemplo do avanço dessas leis restritivas. Em 2013, o governador republicano Rick Perry aprovou uma lei que ampliava os requisitos que as clínicas devem cumprir. Naquele momento o maior estado do país tinha 41 centros médicos disponíveis. Em quatro meses só sobraram 22 e agora, dois anos depois, dezoito.

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