_
_
_
_

Para Brasília, caso está superado

Ministro Edinho Silva diz que os EUA já "reconheceram seus erros"

Antonio Jiménez Barca
Dilma e Obama na Casa Branca.
Dilma e Obama na Casa Branca.KEVIN LAMARQUE (REUTERS)

A Agência Nacional de Segurança (NSA, em sua sigla em inglês) grampeou em 2011 os telefones de até 29 altos membros do Governo do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Edward Snowden, o antigo técnico da agência, já havia revelado em 2013 que os EUA espionavam a presidenta, o que acarretou em um incidente diplomático de primeira grandeza e, como consequência, no cancelamento fulminante da visita que a presidenta planejava realizar aos EUA naquele ano. Agora, apenas dois dias depois de a presidenta ter visitado, finalmente, a Casa Branca –e ela e Barack Obama terem feito as pazes e, aparentemente deixado para trás o incidente-, o Wikileaks divulga mais dados sobre o assunto que deixam claro que não apenas o telefone de Dilma foi interceptado.

Entre os 29 altos cargos com os telefones interceptados estão o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci e o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que em 2011 era secretário-executivo do Ministério da Fazenda. A NSA monitorou também vários telefones de altos membros desse ministério, assim como outros relacionados às pastas de Defesa e Meio Ambiente.

Não só isso: a NSA tinha sob vigilância vários telefones fixos dos gabinetes de Dilma em Brasília, vários celulares e até o número do assistente pessoal da presidenta, Anderson Dornelles, que era, entre outras coisas, o responsável por administrar os vários aparelhos telefônicos de Dilma.

Nem mesmo quando voava a bordo do Airbus da Força Aérea, o avião presidencial, a presidente estava livre das escutas quando falava ao telefone. As revelações deixam claro que inclusive o telefone da aeronave estava grampeado.

Mais informações
EUA espionaram assistente pessoal de Dilma e avião presidencial
Brasil e EUA: hora de transcender o estranhamento diplomático
Assista à coletiva de imprensa entre Dilma Rousseff e Barack Obama
“Rousseff ganha mais que Obama com o reencontro em Washington”

A julgar pelas pessoas escolhidas, os norte-americanos tinham várias prioridades com relação ao Brasil: os assuntos econômicos, os diplomáticos e os relacionados com o meio ambiente.

A revelação bombástica foi feita apenas três dias depois de Dilma terminar uma visita aos EUA que foi marcada, em especial, pela espionagem a seu telefone e pelo desejo, aparentemente de ambas as partes, de virar a página e superar as tensões diplomáticas.

A viagem aos EUA da presidenta, voltada principalmente em buscar investidores norte-americanos que ajudem a recuperar a combalida economia brasileira, aconteceu entre domingo e quarta e teve três etapas: Nova York, Washington e San Francisco. Na capital norte-americana, na Casa Branca, foi onde ocorreu, aparentemente, a paz entre Dilma e Obama sobre o assunto do telefone grampeado. A presidenta do Brasil afirmou, em resposta a uma pergunta dos jornalistas questionando se confiava no Governo norte-americano: “Eu tenho certeza de que se o presidente Obama quiser ter alguma informação que julgar importante sobre o Brasil, agora vai me ligar diretamente”.

As revelações deste sábado não devem mudar o clima que marcou o encerramento da visita, a julgar pelo que afirma o porta-voz do Governo brasileiro, ministro Edinho Silva: “O Governo norte-americano reconheceu seus erros e assumiu o compromisso de mudar de tática. Para nós, o episódio está superado”.

É revelador que um dos acordos mais destacados desse encontro entre Dilma e Obama tenha sido sobre o meio ambiente e os compromissos de cada país para frear o efeito estufa, um dos assuntos que os EUA espionaram quando tinham grampos nos telefones dos altos membros do governo brasileiro.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_