A ONG Human Rights Watch pede que o Brasil condene os abusos da Rússia
A organização internacional quer que Governo Dilma Rousseff aproveite a reunião dos BRICS para defender os direitos humanos diante de Putin
A organização internacional Human Rights Watch (HRW) pediu nesta terça-feira que a presidenta Dilma Rousseff aproveite a cúpula dos BRICS, que acontece nesta semana no Brasil, para condenar as violações aos direitos humanos e à liberdade de expressão cometidas pela Rússia.
O presidente Vladimir Putin chegou ao país neste final de semana, em meio a um momento crítico para a Rússia, que sofre com sanções impostas por países da União Europeia e pelos Estados Unidos devido a crise na Ucrânia. Na última segunda-feira, ao lado da dirigente brasileira, o governante estabeleceu acordos bilaterais, como a venda por parte de Moscou de um sistema de defesa antiaérea, e mostrou a intenção de duplicar as transações econômicas entre os dois países.
A HRW afirma que o encontro dos BRICS é a oportunidade perfeita para o Brasil deixar claro seu compromisso com os direitos humanos perante a comunidade internacional, apesar de o país enfrentar seus próprios problemas na área, como a prisão arbitrária de manifestantes e o abuso policial, já criticados pela própria instituição.
Segundo Tanya Lokshina, diretora da instituição em Moscou, a Rússia vive atualmente um momento de grave de perseguição política iniciado, principalmente, após as manifestações de 2012 contra a eleição de Putin para a presidência, vista pela oposição como uma fraude.
Desde então, o país tem aprovado e discutido leis que criminalizam os protestos, entre elas uma legislação que condena a cinco anos de prisão manifestantes flagrados participando pela segunda vez de atos não autorizados pelo Governo. As críticas ao Governo Putin incluem ainda medidas como a obrigatoriedade de que blogs com mais de 3.000 visitas diárias tenham seus conteúdos submetidos ao controle estatal, uma punição com cinco anos de cadeia a quem transmitir mensagens que sejam consideradas “extremistas” pelo Governo, além de a necessidade de que organizações, incluindo as não-governamentais, que tenham mais de 25% do capital estrangeiro passem a ser consideradas estrangeiras, o que impõe a elas maiores restrições de atuação e as colocam para o Governo no status de “inimigas e espiãs”, de acordo com Lokshina. “Muitas ONGs internacionais já estão fechando as portas no país”, diz ela.
“Estamos convencidos de que a liderança brasileira deveria usar os BRICS como uma oportunidade para pressionar a Rússia a acabar com a perversa e sem precedentes perseguição à liberdade de expressão no país. Essa é a coisa mais importante para se fazer agora”, afirmou a diretora de Moscou, presente em uma coletiva de imprensa em São Paulo nesta terça, ao lado dos diretores da ONG para a América e o Brasil.
Para Maria Laura Canineu, diretora do Brasil, o Governo brasileiro tem tido liderança em muitas questões globais relativas aos direitos humanos. Ela cita como exemplos a proposta apresentada por Rousseff na ONU para garantir a privacidade e limitar a extensão da espionagem nas telecomunicações e na Internet. A resolução foi apresentada ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, logo após as denúncias de que os EUA haviam espionado as duas governantes, além de civis.
A ONG também destacou a atuação do país junto ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, mas ressaltou que fora do âmbito da ONU o Brasil pouco têm se pronunciado em favor dos direitos humanos de outras nações.
“Temos a expectativa que a opinião pública brasileira reclame de suas autoridades máximas uma conduta consistente de sua política exterior”, afirmou José Miguel Vivanco, diretor da HRW para as Américas. “Essa sociedade é uma sociedade que procura defender as liberdades. Então cremos que ela deve exigir que essas liberdades sejam protegidas aqui e também em outros lugares, como, por exemplo, na Rússia, onde estão acontecendo esses retrocessos”, continuou. Procurado, o Governo brasileiro não se pronunciou até o momento sobre o pedido da organização.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
¿Tienes una suscripción de empresa? Accede aquí para contratar más cuentas.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.