EUA, Reino Unido e outros 12 países questionam relatório da OMS sobre origem do coronavírus
Casa Branca qualifica de “parcial e incompleto” o estudo publicado pela organização devido às restrições de Pequim e pede uma investigação independente

Aviso aos leitores: o EL PAÍS mantém abertas as informações essenciais sobre o coronavírus durante a crise. Se você quer apoiar nosso jornalismo, clique aqui para assinar.
O aguardado relatório da missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a origem da covid-19 despertou receios, também previsíveis, nos Estados Unidos, Reino Unido e outros 12 países aliados. Em um comunicado conjunto, esse grupo de governos expressou sua “preocupação” em relação ao rigor do estudo publicado na terça-feira, argumentando que os especialistas não tiveram acesso a dados e provas originais por parte da China, e que a investigação foi realizada com um atraso significativo. O regime de Xi Jinping demorou um ano para autorizar a presença da missão desse organismo internacional.
O grupo enviado pela OMS, uma equipe de 17 cientistas internacionais, examinou juntamente com um número equivalente de especialistas chineses as informações e os lugares relacionados com os primeiros casos da pandemia, detectados na cidade de Wuhan em dezembro de 2019. O trabalho, desenvolvido entre 10 de janeiro e 14 de fevereiro, também não satisfez a própria organização. Seu diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus, criticou “as dificuldades que [os cientistas] tiveram para ter acesso aos dados originais”, acrescentando: “Espero que futuros estudos colaborativos incluam uma troca de dados mais ampla e ágil”.
Esse é o mesmo sentimento presente na declaração conjunta assinada por Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, República Tcheca, Dinamarca, Israel, Japão, Estônia, Letônia, Lituânia, Eslovênia, Noruega e Coreia do Sul, divulgada na terça-feira. “Nós nos unimos para expressar nossa preocupação comum em relação ao recente estudo da OMS na China, ao mesmo tempo em que reiteramos a importância de trabalhar em conjunto para desenvolver um processo rápido, eficaz, transparente, baseado na ciência e independente, para ser utilizado nas avaliações internacionais desses tipos de surto no futuro”, assinala o texto.
Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$
Clique aquiEm uma entrevista coletiva também, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, foi mais direta, afirmando que o relatório oferece “um retrato parcial e incompleto”. Washington já vinha questionando esse estudo, entre outros motivos, por não ter participado de seu planejamento nem de sua realização. Os atritos entre a OMS e a Administração do ex-presidente Donald Trump devido à pandemia chegaram a tal ponto que o republicano decidiu cortar a contribuição dos EUA à organização. Mas o novo Governo democrata, que restabeleceu a contribuição, também criticou a China, afirmando que ela “não ofereceu a transparência necessária”.
Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.