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Uma fábrica de velas, epicentro da tragédia na onda de tornados que atingiu os EUA

Mais de 100 pessoas trabalhavam em um galpão industrial do Kentucky que foi destruído pelo vendaval. Autoridades registraram 90 mortes até agora

Ruínas da fábrica de velas de Mayfield (Kentucky) depois da passagem de um tornado, na madrugada de sábado.
Ruínas da fábrica de velas de Mayfield (Kentucky) depois da passagem de um tornado, na madrugada de sábado.CHENEY ORR (Reuters)
Iker Seisdedos

O tornado apagou a fábrica de velas. Poderia soar engraçado, se não fosse a descrição de uma tragédia. Mais de 100 funcionários de uma indústria de velas em Mayfield, no oeste do Kentucky, viram na sexta-feira seu lugar de trabalho virar uma ratoeira onde muitos –na noite de sábado ainda era difícil saber quantos– encontraram a morte sob os escombros do edifício, arrasado por um dos vários tornados que atingiram o Estado. Tennessee, Arkansas, Illinois, Mississippi e Missouri também sofreram a fúria meteorológica que açoitou a região com uma força da qual não há lembrança nesta região.

“Seria um milagre se encontrássemos mais algum sobrevivente na fábrica, e acreditamos que várias dezenas de cidadãos morreram”, declarou neste sábado o governador do Kentucky, Andy Beshear. Calcula-se que pelo menos 40 se salvaram, segundo as primeiras informações. Mas, no final da noite de sábado, a cifra já superava os 90 mortos, e as autoridades estimam, sem temor de exagerar, que o número de vítimas fatais superará uma centena.

Em meio a tanta devastação, Mayfield, uma cidadezinha de 10.000 habitantes, amanheceu no sábado como o epicentro da tragédia, com amplas zonas reduzidas a uma massa de madeira, tijolos e metal. As imagens captadas pelos primeiros drones recordavam a paisagem de uma cidade arrasada pela guerra. Outro lugar especialmente afetado foi o condado Dickson, na periferia de Nashville, no Tennessee, onde 25 casas desapareceram com a passagem de um vendaval no que parecia ser o aprazível prelúdio de um fim de semana pré-natalino, mas que acabou transformado em um inferno. Na noite de sábado, muitos curiosos percorriam os arredores da rua Murrell, marco zero da destruição, para observar os estragos causados pelo tornado. Os moradores haviam passado boa parte do dia sem energia elétrica.

Danos causados pela passagem do tornado no armazém da Amazon em Edwardsville, Illinois.
Danos causados pela passagem do tornado no armazém da Amazon em Edwardsville, Illinois. MAXAR (Reuters)

O vento levou também, como se fosse um castelo de cartas, o teto de um armazém da Amazon em Edwardsville, Illinois, onde o temporal deixou pelo menos seis mortos. Um asilo geriátrico em Monette (Arkansas) foi outro dos pontos no mapa da catástrofe.

O presidente Joe Biden declarou neste sábado estado de emergência no Kentucky. “Vamos superar isto, e vamos superar juntos”, disse numa entrevista coletiva na sua residência particular de Wilmington (Delaware), onde passa o fim de semana. Biden definiu o ocorrido como “uma tragédia inimaginável”.

Voluntários do World Central Kitchen, a ONG do chef espanhol José Andrés, começaram a trabalhar na região horas depois da passagem dos tornados. O último ganhador do prêmio Princesa de Astúrias da Concórdia, dono de alguns dos melhores restaurantes de Washington, voou durante a tarde da capital para Nashville com a expectativa de ajudar as vítimas.

O governador do Kentucky disse que os moradores esperavam na sexta-feira “tempestades fortes” e “um tornado”, mas não a fúria meteorológica que se abateu sobre uma vasta região do Meio-Oeste e Sul dos Estados Unidos. Um dos mais de 30 tornados que sacudiram o Estado se deslocou ao longo de quase 400 quilômetros, um recorde, segundo os registros do Serviço Nacional de Meteorologia. Resta apurar agora se os sinais de alarme funcionaram adequadamente.

Após arrasar tudo a sua passagem, a tempestade deslocou-se nas últimas horas de sábado para a Costa Leste, onde já causa chuvas e fortes ventos.

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