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Chile é o primeiro país da América do Sul a aplicar 3ª dose da vacina contra a covid-19

Governo lança nova fase da campanha de imunização, concentrada inicialmente nos maiores de 55 anos

Chile vacunación
Um homem recebe a vacina da AstraZeneca em Valparaíso, no Chile, nesta quarta-feira.RODRIGO GARRIDO (Reuters)
Rocío Montes

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Saint-jean-de-vedas (France), 13/04/2021.- Medical personnel vaccinates a driver in his car in the first drive-thru Covid-19 vaccination center in France, dubbed a 'Vaccidrive', where medical staff administer vaccine injections against Covid-19 to patients inside their vehicle, outside the clinic of Saint-Jean-de-Vedas near Montpellier, in southern France, 13 April 2021. (Abierto, Francia) EFE/EPA/GUILLAUME HORCAJUELO
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O Chile começou nesta quarta-feira a administrar a terceira dose das vacinas contra a covid-19, num plano de reforço focado inicialmente nos quase dois milhões de cidadãos maiores de 55 anos já vacinados duas vezes com o imunizante chinês Coronavac. O processo de vacinação em massa contra a covid-19 começou em fevereiro passado, e nestes seis meses 82,44% da população-alvo completou sua pauta de vacinação, em boa medida com a fórmula do laboratório Sinovac. O Governo chileno tomou a decisão logo depois de detectar que essa vacina continua demonstrando importantes sinais de efetividade contra casos de hospitalização, internação em UTI e morte, mas que sua eficácia para prevenir a doença sintomática caiu de 67% a 58,49%, segundo um estudo divulgado na semana passada pelo Ministério da Saúde, que incluiu milhões de pessoas.

Com este processo de reforço, o Chile se torna o primeiro país da América do Sul a iniciar a terceira etapa da vacinação contra a covid-19, já que o Uruguai, outro país que aprovou a medida, só está marcando hora para isso a partir de segunda-feira. No resto da América Latina, a República Dominicana iniciou em julho a inoculação com a terceira injeção.

Num momento em que a pandemia passa por uma etapa controlada, no meio do inverno, com quase 1,5% de resultados positivos nos exames em nível nacional, nesta quarta-feira os maiores de 86 anos que tinham recebido a segunda dose da Sinovac entre 1º e 14 de março voltaram aos postos de vacinação. As autoridades sanitárias decidiram que os adultos maiores de 55 anos receberão o reforço com a britânica AstraZeneca. “Sabemos que quando se faz uma combinação de vacinas heterólogas, a resposta imunológica é muito positiva”, afirmou dias atrás a subsecretária de Saúde, Paula Daza. O ministério antecipou, entretanto, que posteriormente serão usadas outras combinações, e que os menores de 55 anos vacinados com a fórmula chinesa receberão a dose de reforço da Pfizer, assim como os pacientes imunodeprimidos. Detalhes do calendário oficial serão anunciados paulatinamente.

“Tivemos grande aglomeração no posto de vacinação, por isso pedimos paciência. Estamos vacinando em um dia o que antes fazíamos em quatro”, informava na tarde de quarta pelas redes sociais a prefeitura de Las Condes, um dos municípios mais abastados entre os que compõem a capital, Santiago. Em outras zonas da cidade, enquanto isso, os municípios incentivavam a nova imunização: “Se você conhece alguém que cumpre os requisitos, acompanhe-o a um de nossos pontos de vacinação”, orientava a página do município da Recoleta, na área central de Santiago.

O Chile estabeleceu sua população-alvo em 15.200.840 pessoas, numa população total de quase 18 milhões habitantes. Mas ainda existe um grande número de atrasados de diferentes idades: 1,8 milhão de chilenos que, tendo podido se vacinar, não o fizeram. A maior quantidade se concentra na Região Metropolitana da capital, onde 77% da população-alvo foi vacinada, com importantes diferenças entre os seus municípios. “Como podem ser tão teimosos de não compreenderem que não se vacinar não só põe sua vida em risco, mas também a vida de todos os que estão ao redor de vocês?”, perguntou-se o presidente Sebastián Piñera em um ato que marcou o início da fase de reforço da vacinação. Enquanto isso, empurrado pelas boas cifras da pandemia, o recém-empossado governador da capital, o democrata-cristão Claudio Orrego, pediu “maior liberdade para as pessoas”, baseando-se na “normalidade democrática”, razão pela qual pediu o adiamento do toque de recolher das 22h para a 0h, como acontece atualmente em outras regiões do país.

O Chile reforça o esquema de vacinação em meio a uma etapa de relativo controle da crise sanitária da covid-19, enquanto persiste a incerteza pelas consequências da variante delta, que chegou ao país há semanas e tem quase 90 casos confirmados em nível nacional. Dado seu nível de contagiosidade, existe especial preocupação com os menores de idade que não foram vacinados. O Chile está vacinando atualmente a faixa dos 12 aos 17 anos com a fórmula da Pfizer, mas este grupo ainda não foi completado. A população de 3 a 11 anos seria vacinada nas próximas semanas, a conselho dos especialistas que assessoram o Ministério da Saúde.

A estratégia do Chile contra a covid-19 inclui, paralelamente, uma aliança com o laboratório chinês Sinovac, que instalará na capital chilena uma fábrica de vacinas para atender a América Latina, com capacidade para quase 60 milhões de doses por ano. O projeto começará no primeiro semestre de 2022 com o funcionamento de uma embaladora de vacinas na capital chilena e, posteriormente, um centro de inovação e desenvolvimento em Antofagasta, no norte do país, o que permitirá que as doses sejam completamente produzidas no Chile. A vacina do laboratório chinês, que investirá quase 60 milhões de dólares (313,2 milhões de reais) no projeto, está presente em outros países da região, como Brasil, Colômbia, Equador, México e Uruguai. No Chile, desde março de 2020 morreram mais de 45.000 pessoas por causa da covid-19.

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