_
_
_
_

Comandante militar espanhol pede demissão após se vacinar contra o coronavírus antes do programado

Ministra Margarita Robles aceita a renúncia do general Miguel Ángel Villarroya para “não prejudicar a imagem” das Forças Armadas. No Brasil, autoridades investigam denúncias de filas furadas

Miguel González
A ministra da Defesa, Margarita Robles, com o general Miguel Ángel Villarroya.
A ministra da Defesa, Margarita Robles, com o general Miguel Ángel Villarroya.Eduardo Parra (Europa Press)
Mais informações
PORTO ALEGRE, BRAZIL - JANUARY 07: A clinician wearing a face shield looks on in the Intensive Care Unit (ICU) at the Hospital de Clinicas de Porto Alegre on January 7, 2021 in Porto Alegre, Brazil. The Hospital de Clinicas de Porto Alegre is a public institution and since the beginning of the coronavirus pandemic, it has treated 1,400 critically ill patients at the Intensive Care Unit. To meet the demand, they had to install 105 new beds and temporarily hire 775 professionals, in addition to recruiting volunteers. Brazil has registered over 7.8 million confirmed cases of the virus since the pandemic began, while the official death toll from COVID-19 is nearing 200,000, the second highest in the world. (Photo by Silvio Avila/Getty Images)
Novas pistas ajudam a esclarecer por que a covid-19 mata duas vezes mais homens que mulheres
Sao Paulo Governor Joao Doria gestures during the start of the administration of the CoronaVac Sinovac Biotech's vaccine against COVID-19 coronavirus at Clinicas hospital in Sao Paulo, Brazil on January 17, 2021. - Brazil's Anvisa health regulator gave emergency approval on January 17, 2021 for its first two coronavirus vaccines as the country gears up to roll out a mass inoculation campaign amid a devastating second epidemic wave. It authorized AstraZeneca and Oxford University's Covishield shot as well as China's CoronaVac for use in the country where the Covid-19 death toll now exceeds 209,000, Anvisa announced. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)
Após marketing com início da vacinação, Doria amplia quarentena com atraso para barrar covid-19 em SP
Pedestrians, some wearing a face mask or covering due to the COVID-19 pandemic, walk past a sign alerting people that "COVIDCOVID LONDON-19 cases are very high in London - Stay at Home", in central London on December 23, 2020. - Britain's public health service urged Prime Minister Boris Johnson on Wednesday to extend the country's Brexit transition period or risk pushing hospitals already struggling with coronavirus "over the edge" in the event of a no-deal departure from the EU single market. (Photo by Tolga Akmen / AFP)
Governo do Reino Unido afirma que a nova cepa do vírus é 30% mais letal

O chefe do Estado Maior da Defesa espanhol (Jemad, na sigla em espanhol), general Miguel Ángel Villarroya, pediu demissão no sábado após a notícia de que ele próprio e outros comandantes militares haviam se vacinado contra a covid-19 apesar de não fazer parte dos grupos prioritários de imunização. O até agora chefe da cúpula militar enviou uma carta à ministra em que pede sua renúncia (fórmula equivalente à demissão dos militares da ativa) para “não prejudicar a imagem” das Forças Armadas. Robles aceitou seu pedido, de acordo com fontes de seu departamento.

O fenômeno está longe de ser apenas espanhol. Promotores de Justiça e procuradores da República de diferentes regiões do Brasil estão instaurando procedimentos para apurar denúncias de favorecimento a pessoas que, mesmo não fazendo parte de nenhum dos grupos considerados prioritários, teriam recebido a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus. Levantamento da Agência Brasil aponta que, em ao menos dez estados, além do Distrito Federal, denúncias já motivaram os ministérios públicos estaduais e Federal a cobrar explicações dos governos locais sobre eventuais irregularidades na fila de prioridade, prevista no plano federal e em planos estaduais de vacinação.

Na carta, o general Villarroya defende sua decisão de se vacinar, tanto ele como generais e comandantes do Estado Maior da Defesa (Emad), que não estavam nos grupos fixados como prioritários, alegando que “no cumprimento de suas obrigações, de acordo com os protocolos estabelecidos e com a única finalidade de preservar a integridade, continuidade e eficácia da rede de comando das Forças Armadas” havia tomado “recentemente decisões que considerava acertadas”, mas que estão “deteriorando a imagem pública das Forças Armadas e colocando em dúvida” sua “própria honra”. Ainda que afirme que “nunca pretendeu se aproveitar de privilégios não justificáveis”, pede sua renúncia como Chefe de Estado Maior da Defesa, “com a consciência tranquila” e para “não prejudicar a imagem” das Forças Armadas.

A ministra da Defesa, Margarita Robles, pediu na sexta-feira um relatório ao general Villarroya após a publicação que ele mesmo e outros generais do Estado Maior da Defesa já haviam se vacinado contra a covid-19. A ministra não quis adiantar se tomaria alguma medida: “Em função do que disser o relatório, veremos”.

Fontes do Estado Maior da Defesa confirmaram que Villarroya e outros generais da rede de comando das Forças Armadas (como o chefe do Estado Maior Conjunto e do Comando de Operações) já haviam recebido a primeira dose da vacina da Pfizer-BioNtech. O plano de vacinação da Defesa ordenava administrá-la, em primeiro lugar, aos profissionais de saúde militares; e, na sequência, os efetivos que devem participar de missões internacionais. Esse é o motivo pelo qual em janeiro foram vacinados os tripulantes do navio de assalto anfíbio Castilla e do caça-minas Tajo, que devem zarpar nas próximas semanas.

Somente mais adiante deveriam ser vacinados os militares que ocupam postos críticos, de difícil substituição. Fontes do Estado Maior da Defesa, entretanto, disseram que este recebeu um lote de doses e que, uma vez vacinado o escasso pessoal de saúde que depende do órgão e os militares que em breve devem participar de missões internacionais, foi repassado ao grupo integrado pelos membros da rede de comando operacional. Dentro desse coletivo, acrescentaram, os generais foram priorizados “por ser os de idade mais avançada”. De acordo com as mesmas fontes, a vacinação no Estado Maior da Defesa não tinha por que seguir o mesmo ritmo que o restante das Forças Armadas e o conjunto da sociedade. O general Villarroya tem 63 anos.

A notícia causou incômodo entre muitos militares e também no próprio Ministério da Defesa, ao passar a imagem de que os generais são privilegiados e não os que estão mais expostos a contrair a doença. Além disso, surge em plena polêmica pelas vacinações irregulares de prefeitos e conselheiros autônomos, como os de Murcia e Ceuta, que furaram a fila e se vacinaram antes do que lhes cabia.

Robles frisou que o plano de vacinação do Ministério da Defesa está coordenado com o da Saúde e que no órgão central do departamento ninguém foi vacinado, apesar da Secretária de Estado, Esperanza Casteleiro, precisar se isolar após dar positivo. Nos dois hospitais militares, Gómez Ulla e Zaragoza, é seguido o protocolo sanitário das comunidades autônomas de Madri e Aragão, de modo que no primeiro a vacinação dos trabalhadores da saúde foi suspensa, atendendo à decisão do Governo regional.

Quando o EL PAÍS publicou na segunda-feira que os militares que saíam em missão internacional estavam sendo vacinados, fontes da Defesa afirmaram que seu plano de imunização, com um “lote reduzido” de vacinas entregues pelo ministério da Saúde, se adequava aos critérios gerais e só não os seguia em “casos excepcionais”.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_