EUA registram a cifra mais alta de mortes por coronavírus em 24 horas
Autoridades sanitárias consideram que os próximos três meses serão “o momento mais difícil da história da saúde pública da nação”
Nesta quarta-feira, os Estados Unidos somaram três recordes alarmantes que, com o passar dos dias, mergulham o país numa crise sanitária sem precedentes e colocam o sistema de saúde à beira do colapso. Foram registrados mais de 200.000 novos casos de pessoas infectadas por coronavírus; 100.000 novos pacientes foram internados pela doença; e cerca de 3.000 doentes morreram, superando todas as marcas após o início da pandemia, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Desde o primeiro pico da doença, na primavera, as autoridades não tinham registrado tamanho número de mortes. O ponto máximo foram os 2.752 falecidos em 15 de abril.
Não há lugar para otimismo. Tudo indica que a situação vai piorar. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), os três próximos meses serão “o momento mais difícil na história da saúde pública da nação”. Robert Redfield, diretor do CDC, afirma que o número total de mortes por covid-19 já supera a cifra de 272.000 e poderia chegar a 450.000 em fevereiro. Os especialistas em saúde, incluindo a maior referência do país em doenças infecciosas, o médico Anthony Fauci, declararam que o vírus matou mais gente do que as estatísticas oficiais revelam.
Apesar das boas notícias pela possibilidade de uma vacina em breve, o CDC prevê que milhares de mortes possam ocorrer nas próximas quatro semanas, incluindo uma estimativa de 9.500 a 19.500 falecimentos somente na semana do Natal. O país mais rico do mundo enfrenta, assim, a dolorosa possibilidade de registrar nas próximas jornadas o equivalente diário das vítimas causadas pelos ataques terroristas de 11 de setembro, que deixaram cerca de 3.000 mortos.
Os EUA já somam cerca de 14 milhões de casos de coronavírus (em uma população de 310 milhões). Com a tendência de alta, a nação em breve alcançará os 300.000 mortos numa pandemia fora do controle, após o feriado de Ação de Graças e com a chegada próxima das férias natalinas.
Para o diretor do CDC, “dezembro, janeiro e fevereiro serão tempos difíceis”, em grande parte devido à pressão enfrentada pelo sistema de saúde do país, com quase 20.000 pacientes em UTI, informou Redfield numa coletiva.
Embora a perda de vidas seja a mesma, a diferença entre o pico vivido na primavera e o que o país enfrenta agora é que antes as mortes se concentravam em Nova York e na região da Nova Inglaterra. Hoje, por outro lado, a devastação da pandemia é sofrida no país inteiro. Os quatro Estados com maior número de casos registrados per capita são Dakota do Sul, Minnesota, Nebraska e Wyoming.
Está acontecendo o que as autoridades sanitárias previram (agravado pelo impacto do Dia de Ação de Graças, com viagens e reencontros familiares). Ou seja: que os casos aumentariam no outono, e a capacidade hospitalar chegaria à máxima sobrecarga com o incremento do número de mortes de leste a oeste e de norte a sul do país. Mas o vírus não está apenas aparecendo em lugares aonde antes não tinha chegado; ele ressurge em áreas nas quais supostamente havia sido contido. Ao invés de dar alento às esperanças, as medições em praticamente todo o país apontam para a pior das direções: um aumento dos contágios e das mortes.
O presidente eleito, Joe Biden, apresentou nesta semana sua equipe econômica e prometeu ajudar os cidadãos a superar a crise econômica que a pandemia trouxe consigo —qualificada como “tragédia” por sua futura secretária do Tesouro, Janet Yellen. “São tempos difíceis, mas a ajuda está a caminho”, afirmou o democrata, que assume o cargo em 20 de janeiro.
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