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Secretário de Justiça dos EUA autoriza promotores a investigarem acusações de fraude nas eleições

William Barr, muitas vezes criticado por servir aos interesses de Trump, entra na batalha pelo presidente. Responsável pela divisão de fraudes eleitorais no Departamento de Justiça pede demissão

William Barr, nesta segunda-feira, após se reunir com o líder dos republicanos no Senado.
William Barr, nesta segunda-feira, após se reunir com o líder dos republicanos no Senado.Susan Walsh (AP)
Amanda Mars

O secretário de Justiça dos Estados Unidos, William Barr, entrou na batalha escancarada para judicializar a apuração das eleições presidenciais em favor de Donald Trump, ao expedir um cuidadoso memorando em que instrui os promotores federais de todo o país —seus subordinados— a investigarem as acusações que forem “claramente críveis” e possam afetar o resultado. É incomum que esse assunto mereça a intervenção do secretário de Justiça (cujo cargo equivale simultaneamente ao de ministro e procurador-geral da República), já que a supervisão de processos eleitorais é de responsabilidade dos Estados.

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Barr se distancia das teorias conspiratórias do presidente: as investigações, salienta, “podem ser realizadas se houver acusações claras e aparentemente críveis de irregularidades que, se forem corretas, possam afetar o resultado da eleição nesse Estado”. Mesmo assim, a mera divulgação da carta, como resultado da acusação generalizada e infundada do presidente, põe em juízo mais uma vez a independência de Barr. Poucas horas depois, Richard Pilger, responsável pela divisão de fraudes eleitorais do Departamento de Justiça, apresentou sua demissão, segundo o The New York Times.

“Embora seja imperativo que as acusações críveis sejam estudadas no momento adequado e da forma adequada, é imperativo também que o Departamento de Justiça se comporte com a prudência apropriada e mantenha seu compromisso absoluto com a justiça e a neutralidade não partidária”, afirma a nota de Barr, noticiada inicialmente pela Associated Press.

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O longo caminho da transição nos Estados Unidos até a posse de Biden em 20 de janeiro

Trump passou toda a campanha fazendo acusações infundadas de fraude no voto postal, que foi maciço neste 2020 marcado pela pandemia. No dia oficial da votação, 3 de novembro, à medida que a apuração parecia dar a vantagem ao democrata Joe Biden, o presidente decidiu anunciar sua própria vitória e prometeu uma campanha jurídica para questionar eventuais resultados adversos. No sábado, quando Biden foi declarado vencedor ao superar os 270 votos do Colégio Eleitoral, negou-se a reconhecer a derrota. Ainda não o fez.

A batalha de Trump mantém o Partido Republicano dividido, à procura de um difícil equilíbrio. Alguns nomes importantes, como o ex-presidente George W. Bush e o senador e ex-candidato presidencial Mitt Romney, cumprimentaram o vice-presidente da era Obama, já como presidente-eleito dos Estados Unidos, e ofereceram sua colaboração. Outros, como o recém-reeleito senador Lindsey Graham, abraçaram as teorias conspiratórias do magnata republicano.

Barr e o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, buscaram por sua vez uma posição intermediária. Não reconheceram Biden como presidente nem desacreditaram as acusações de Trump, mas tampouco se lançaram a respaldá-las. “O presidente tem 100% de direito de examinar as acusações de irregularidades e estudar suas opções legais”, disse McConnell. “Nos Estados Unidos, devem ser contados todos os votos legais, qualquer voto ilegal não deve ser contado, o processo deve ser transparente e observável para todos, e os tribunais estão aí para resolver as dúvidas”, acrescentou, assinalando uma obviedade que serve para assumir a linguagem acusatória de Trump: “Votos legais” contra “votos ilegais”.

McConnel e Barr se reuniram nesta segunda-feira à tarde no Capitólio pouco antes das declarações do senador e do memorando do secretário de Justiça. Nele, Barr também alerta que as acusações que “claramente não impactarem o resultado em nível nacional” deveriam ser adiadas para depois da certificação eleitoral. Os Estados têm até 8 de dezembro para resolver as disputas, e os membros do Colégio Eleitoral se reúnem em 14 de dezembro para completar eleger formalmente o novo presidente. Os tribunais inferiores, por enquanto, estão derrubando a maior parte de ações movidas em primeira instância, embora Trump prepare muitas outras, dirigidas, basicamente, a todos os Estados-pêndulos que lhe de

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