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Sem Trump, Biden fica em território cômodo na TV, enquanto presidente é pressionado

Candidatos à presidência dos EUA travam um duelo na tela, separadamente, ocupando o espaço que deveria ter sido o segundo debate

Um restaurante em Tampa (Flórida) com a transmissão dos dois eventos dos candidatos à presidência dos EUA.
Um restaurante em Tampa (Flórida) com a transmissão dos dois eventos dos candidatos à presidência dos EUA.OCTAVIO JONES (Reuters)
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Covid-19, sequestro de democrata e troca na Suprema Corte. O caos se apodera da campanha nos EUA
LOS ANGELES, CALIFORNIA - OCTOBER 03: A poster reads 'Vote' and includes a voter registration QR code below (NOT VISIBLE) on October 3, 2020 in Los Angeles, California. President Donald Trump and Democratic presidential nominee Joe Biden are on the ballot for the 2020 presidential elections on November 3.   Mario Tama/Getty Images/AFP
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Por que não basta a Joe Biden ter mais votos do que Trump para ser presidente

Donald Trump e Joe Biden travaram um duelo televisivo à distância. Os dois candidatos participaram nesta quinta-feira, separadamente, de encontros com eleitores para responder a perguntas dos norte-americanos sobre diversos temas, a 19 dias das eleições presidenciais. O evento ocupou o espaço que até semanas atrás estava reservado para o segundo debate frente a frente entre os candidatos. Trump viajou a Miami para se reunir com eleitores durante uma hora, numa sabatina transmitida pela rede NBC, enquanto Biden se deslocou até Filadélfia e lá respondeu aos questionamentos ao vivo num evento organizado pela ABC. O republicano passou uma hora aparecendo na televisão, enquanto o candidato democrata contou com 90 minutos.

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Longe da crispação que os telespectadores viram no primeiro cara a cara entre Trump e Biden, os encontros com os cidadãos deixaram em evidência o contraste entre os dois candidatos. O democrata, um político da velha escola, alheio ao mundo do espetáculo televisivo, mostrou-se cômodo no formato —conhecido como town hall meeting— e respondeu com clareza e detalhes às perguntas do público. Não houve consultas que o levassem a um território incômodo, exceto por um jovem afro-americano que o recriminou por sua infeliz colocação de que um negro que vote em Trump “não é negro”. Trump, por sua vez, teve que responder sobre assuntos dos quais regularmente não fala e sofreu a pressão da apresentadora Savannah Guthrie para que não escapasse pela tangente.

Em uma hora e meia de conversa —que o democrata prolongou depois que as câmeras foram desligadas—, Biden tentou desmentir a campanha do terror criada por Trump, vinculando sua campanha à instauração do socialismo nos EUA. O democrata esclareceu que é contra cortar o orçamento das polícias, uma ideia estimulada por grupos à esquerda em reação aos casos de brutalidade policial, e propôs que os agentes tentem sempre que necessário “disparar nas pernas” de suspeitos violentos, uma ideia criticada nas redes sociais. Também insistiu em que não aumentará “nem um centavo” de impostos para quem ganhar menos de 400.000 dólares (2,25 milhões de reais) por ano.

O ex-vice-presidente passou várias semanas evitando se posicionar sobre um aumento no número de juízes da Suprema Corte. Salvo em caso de enorme surpresa, a juíza conservadora Amy Coney Barrett, indicada por Trump, deverá se tornar nos próximos dias a terceira integrante do tribunal a ser nomeada pelo republicano para esse cargo vitalício na mais alta instância judicial norte-americana. Ampliar a sua composição após uma eventual vitória democrata seria uma forma de restabelecer o equilíbrio entre juízes progressistas e conservadores.

Biden admitiu não ser “um seguidor” da ideia de ampliar a Suprema Corte, que hoje tem nove juízes, mas que pode mudar de ideia segundo como os republicanos administrarem o processo de confirmação de Barrett. “Depende de como isso acabar”, afirmou o democrata. “O que significa isso?”, perguntou o moderador. “Se houver um debate real e ao vivo no Senado”, respondeu. Nesta quinta-feira acabaram as audiências no Comitê de Justiça do Senado, e o plenário deve votar a confirmação na próxima quinta. Os republicanos contam com a maioria necessária.

Trump falou durante sua conversa com Guthrie sobre os dias em que adoeceu de covid-19. “Não me sentia bem, tinha febre”, admitiu. Questionado sobre se mudou de posição quanto ao uso da máscara, afirmou que sempre a apoiou como um elemento de proteção, embora tenha se negado a utilizá-la publicamente em várias ocasiões. O presidente acrescentou que não respalda a busca pela imunidade coletiva, mas que “não se pode continuar com o confinamento”.

Guthrie fez várias perguntas a Trump durante 20 minutos e o questionou sobre o supremacismo branco e as razões pelas quais evitou condená-lo no primeiro e único debate com Biden. “Denunciei o supremacismo branco por anos”, disse. “Também denunciei os antifas e a gente da esquerda radical que está destruindo as cidades”, acrescentou. Em frente ao Museu Pérez de Arte de Miami, onde ocorreu a sabatina, grupos democratas e republicanos se enfrentaram a gritos para mostrar seu respaldo ou repúdio ao presidente.

Quando Trump procurava se esquivar das perguntas, a apresentadora insistia para obter uma resposta. Guthrie aproveitou o questionamento de uma participante sobre os impostos às grandes companhias para falar da investigação do The New York Times que revelou a evasão fiscal de suas empresas. “O que fizeram é ilegal, e os números estão errados”, disse, assim que ouviu a pergunta. Depois reconheceu que tem uma dívida com a agência tributária, mas que é por “pouco dinheiro”. Uma mulher perguntou antes do encerramento sobre o programa DACA —para a legalização de jovens que imigraram quando eram crianças— e seu futuro, que Trump prometeu atender. Guthrie lhe recordou que seu Governo recusou todas as solicitações do programa. “Queremos que venha gente ao nosso país, mas têm que vir legalmente e através do sistema”, afirmou o presidente, explicando sua visão a respeito da imigração.

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