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Trump chama Biden de “socialista” e o acusa de querer “entregar tudo para Cuba, Venezuela e Nicarágua”

Na Flórida, presidente dos EUA retoma campanha com um grande comício após se curar da covid-19

Donald Trump durante seu comício desta segunda-feira na Flórida.
Donald Trump durante seu comício desta segunda-feira na Flórida.JONATHAN ERNST (Reuters)
Sonia Corona

Donald Trump voltou exultante aos comícios de campanha nesta segunda-feira, na Flórida, após passar 11 dias virtualmente isolado por ter covid-19. O presidente dos Estados Unidos retomou suas viagens pelo país com uma primeira parada no aeroporto de Sanford, onde uma multidão ― a maioria sem máscara e sem respeitar o distanciamento ― o recebeu com aplausos desde o momento em que o avião presidencial tocou a pista. “É ótimo estar de volta”, afirmou Trump ao subir ao palanque. “Vamos distribuir o que me deram em todos os hospitais”, acrescentou, sobre o tratamento experimental que recebeu para se recuperar, enquanto o público o aclamava.

Apenas uma hora antes do comício, o médico do presidente, Sean Conley, anunciou que Trump tinha dado negativo para o vírus “em dias consecutivos” e confirmou que o presidente já não estava contagioso. Mesmo assim, Trump não apertou mãos durante o encontro com seus seguidores e se limitou a saudá-los à distância à partir de um tablado que impedia o público de se aproximar. “Superei, agora dizem que sou imune. Sinto-me muito poderoso”, afirmou. O presidente norte-americano defendeu sua gestão da pandemia do coronavírus, que já alcançou 7,8 milhões de casos e 214.000 mortes no país, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

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A Flórida foi escolhida para a retomada da campanha de Trump por ser decisiva na eleição presidencial ― trata-se do maior dos chamados Estados-pêndulo, com direito a 29 dos 270 votos do Colégio Eleitoral que um candidato necessita para ser eleito presidente em 3 de novembro. “Ganhamos a Flórida na última vez, foi bonito”, recordou Trump sobre o resultado de 2016, quando derrotou Hillary Clinton por uma diferença de 1% dos votos aqui. Desta vez, porém, as pesquisas o colocam atrás do seu oponente o democrata, Joe Biden, com uma distância média de 4%.

Trump escolheu cuidadosamente suas palavras na Flórida para incentivar o eleitorado latino a votar. Cerca de 20% dos votantes da Flórida são hispânicos, a maioria com raízes na Venezuela, Cuba, Colômbia e Porto Rico. Assim, em seu discurso tornou a colocar sobre a mesa argumentos associando Biden ao socialismo. O presidente retomou nos últimos dias o fantasma dos governos autoritários de Cuba e Venezuela e declarou que os democratas procuram instaurar essa forma de Governo nos Estados Unidos. Assim, Trump apela aos grupos conservadores ligados à diáspora venezuelana e cubana, muito presentes neste Estado sulista. “Meu oponente quer entregar tudo a Cuba e aos Castro, e também quer entregar tudo à Nicarágua e à Venezuela”, sentenciou.

O presidente dos EUA e candidato à reeleição, Donald Trump, nesta segunda-feira na Flórida.
O presidente dos EUA e candidato à reeleição, Donald Trump, nesta segunda-feira na Flórida.Evan Vucci (AP)

Sanford, ao norte da cidade de Orlando, tem uma importante população porto-riquenha, por isso Trump também falou aos cidadãos da ilha sobre o respaldo que recebeu na semana passada da governadora de Porto Rico, Wanda Vázquez. Além disso, prometeu trabalhar na reconstrução da indústria farmacêutica da ilha para impulsionar a economia da região. “Sempre vou lutar por Porto Rico”, disse.

Trump não deixou nenhum cabo solto em sua agenda sobre a América Latina e inclusive abordou o assunto da fronteira com o México, apesar de ser um tema que desperta pouco interesse na Flórida. Insistiu em que o México pagará pela construção do muro, do qual apenas alguns quilômetros foram erguidos até agora, e mencionou também a cooperação do Governo mexicano para resguardar a fronteira. “Há 27.000 soldados mexicanos protegendo a fronteira. O México está agindo de forma excelente”, assegurou.

Donald Trump manterá uma intensa agenda de viagens no restante da semana, com comícios programados em Iowa, Pensilvânia e Carolina do Norte, outros Estados cruciais para as eleições que ocorrem daqui a três semanas.

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