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Verdades e mentiras sobre o uso de máscaras contra o coronavírus

O debate sobre a utilização desses protetores faciais está repleto de noções sem fundamento científico

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Clientes com máscara em feira de livros Sabadell, na região de Barcelona, em 23 de julho.CRISTOBAL CASTRO
Patricia R. Blanco
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Duesseldorf (Germany), 27/07/2020.- A traveler gets his swab sample collected in a walk-in test center for coronavirus at the International Airport in Duesseldorf, Germany, 27 July 2020. Within a few days, a test centre has now also been set up at Duesseldorf International Airport, where returnees from risk areas can be tested for COVID-19. (Alemania) EFE/EPA/SASCHA STEINBACH
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As discussões sobre o uso de máscaras para conter a expansão do SARS-Cov-2 têm sido marcadas por uma série de mitos pseudocientíficos, propalados por certos políticos populistas —como o brasileiro Jair Bolsonaro e, até a última semana, pelo norte-americano Donald Trump—, que desaconselham sua utilização para evitar males piores. Mas a posição científica predominante é a de que, nas zonas com transmissão comunitária da covid-19, o uso de máscaras ajuda a evitar a disseminação da doença, sobretudo nos lugares onde não é possível respeitar a distância física de 1,5 a 2 metros.

Embora o uso dessa proteção por si só não contenha a propagação do vírus (são necessárias também rigorosas medidas higiênicas e de distanciamento social), existe um consenso de que sua utilização ajuda a deter a pandemia, que já afetou mais de 15,5 milhões de pessoas no mundo todo. Estas são algumas das mentiras que circulam sobre o uso de máscaras —e das certezas que a pesquisa científica determinou sobre elas.

1. Respiramos menos oxigênio

Falso. Várias mensagens difundidas nas redes sociais afirmam que o uso de máscaras produz “hipóxia” ou falta de oxigênio no sangue. “Seu uso permanente fará com que as pessoas saudáveis adoeçam porque estão respirando ar em menor quantidade do que seu corpo necessita”, dizia um texto divulgado no Facebook que já foi removido pela rede social. Não há nenhuma evidência científica de que a utilização de máscaras provoque hipóxia. Os materiais empregados em sua fabricação permitem a entrada suficiente de oxigênio.

2. Respiramos dióxido de carbono

Falso. O uso de máscara, ao contrário do que apontam algumas mensagens difundidas no Facebook e no WhatsApp, não produz “hipercapnia” ou excesso de gás carbônico no sangue arterial. Segundo esses rumores, que não se baseiam em comprovações científicas, a hipercapnia aparece porque as máscaras retêm o dióxido de carbono que exalamos ao respirar e, portanto, respiramos “uma e outra vez o ar exalado”. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “usar máscaras médicas durante muito tempo pode ser desconfortável, mas não provoca intoxicação por dióxido de carbono nem hipóxia”. “Uma vez posta a máscara médica, certifique-se de que esteja bem colocada e que permita respirar com normalidade”, acrescenta a OMS.

Homem caminha próximo a aviso de obrigatoriedade do uso de máscaras el locais fechados em Lille, no norte da França.
Homem caminha próximo a aviso de obrigatoriedade do uso de máscaras el locais fechados em Lille, no norte da França. DENIS CHARLET (AFP)

3. A máscara ativa nosso próprio vírus

Falso. Essa afirmação procede do documentário Pandemic, criticado pela enorme quantidade de mentiras que aglutina, no qual a bióloga Judy Mikovits declara o seguinte: “Usar máscaras literalmente ativa o seu próprio vírus. Você adoece por causa das suas próprias expressões de coronavírus reativadas e, se for o SARS-CoV-2, então você terá um grande problema.” O argumento de Mikovits —a pessoa poderia infectar a si mesma com um vírus que já tem em seu organismo— carece de fundamento científico.

4. O uso da máscara favorece o surgimento de infecções respiratórias

Falso. O material não favorece o surgimento de fungos nem doenças respiratórias, desde que seja empregado de forma adequada. Os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos lembram que os protetores faciais descartáveis “devem ser usados uma única vez” e que os reutilizáveis “precisam ser lavados e desinfetados depois de cada uso”. A mesma recomendação é feita pela OMS, que enfatiza a importância de trocar as máscaras quando ficarem umedecidas.

5. As máscaras de pano não protegem

Falso. As máscaras higiênicas ou de pano agem como uma barreira para evitar a propagação do vírus do usuário para outras pessoas, como explicam a OMS e os CDC. É certo que seu nível de proteção é menor que o das cirúrgicas, que reduzem a quantidade de gotículas respiratórias transferidas pelo portador da máscara às demais pessoas, ao mesmo tempo em que evitam que o usuário seja infectado por outros. A proteção também é menor que a dos equipamentos autofiltrantes, projetados especialmente para os profissionais da saúde que atendem pacientes com covid-19.

A OMS informa que “usar uma máscara de pano não basta para fornecer um nível de proteção adequado” e recomenda “manter uma distância física de pelo menos um metro em relação aos demais”, além de lavar as mãos com frequência e evitar tocar o rosto e a própria máscara.

6. O uso de máscaras envolve riscos

Verdade. Os especialistas consideram que utilizar máscaras para prevenir a covid-19 implica assumir vários riscos. O principal deles é que seu uso cria a falsa sensação de segurança de estar protegido —o que, segundo a OMS, pode aumentar as possibilidades de infecção por SARS-CoV-2, pois a pessoa com máscara pode tender a tocar o rosto com as mãos sujas. O organismo também afirma que, se não utilizamos a máscara adequada, seu uso pode dificultar a respiração. Lembra ainda que o uso de máscara pode chegar a ferir a pele da cara. Seu uso é desaconselhado por menores de dois anos, pessoas com dificuldades respiratórias e aquelas que precisam de ajuda para colocá-las.

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