Ultraconservador Andrzej Duda é reeleito presidente da Polônia
Vitória contra centro-direitista Rafal Trzaskowski permitirá ao partido Lei e Justiça (PiS) aprofundar sua agenda de reformas
A Polônia revalidou neste domingo nas urnas o mandato de seu presidente, Andrzej Duda. A vitória do ultraconservador, que somava 51,2% dos votos, faltando menos de 1% por apurar, permitirá ao partido Lei e Justiça (PiS) aprofundar sua agenda de reformas, que desde 2015 vem afastando o país dos postulados da União Europeia. As eleições, umas das mais disputadas em 30 anos de democracia desde a queda do comunismo, mostraram a força da oposição. Seu candidato, o prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski (48,8%) —da centro-direitista Coalizão Cívica (KO), dono de uma visão oposta à do Governo sobre a política interna e as relações com Bruxelas—, foi escolhido para encabeçar a chapa apenas um mês antes do pleito e soube mobilizar o eleitorado em tempo recorde.
Segundo os resultados provisórios da Comissão Eleitoral Nacional, a diferença entre ambos é de 500.000 votos. “Não quero falar em nome do pessoal da campanha, mas acredito que a distância seja suficientemente ampla para que tenhamos que aceitar o resultado”, comentou nesta segunda-feira Grzegorz Schetyna, ex-líder da Plataforma Cívica, partido que governou a Polônia entre 2007 e 2015 e lidera a coalizão opositora. Membros da formação tinham anunciado anteriormente que estavam reunindo informações sobre possíveis irregularidades durante o processo de votação. No domingo à noite, depois que Duda se declarou vencedor, Trzaskowski se recusou a jogar a toalha. “Espera-nos uma noite de nervosismo, mas estou convencido de que ganharemos”, declarou o candidato a seus seguidores na capital. “Algumas centenas ou milhares de votos podem decidir as eleições”, insistiu.
A participação superou os 68%, a mais alta dos últimos anos, apesar de a eleição acontecer em plena pandemia da covid-19, que já motivara o adiamento do pleito em maio, num país que soma atualmente mais de 37.900 contágios e 1.571 mortos. A eleição de um presidente de sinal político diferente do PiS, com capacidade de veto legislativo, teria freado as reformas empreendidas pelo Executivo desde sua chegada ao poder, em 2015, criticadas dentro e fora do país por ameaçar o Estado de direito. A União Europeia abriu vários processos contra a Polônia por causa das novas leis de organização do Judiciário, que Bruxelas considera ser um atentado à separação dos poderes.
O mapa dos resultados eleitorais desenha uma Polônia dividida pela metade. O oeste, partidário de Trzaskowski e da sua proximidade com Bruxelas, é mais tolerante com os direitos das minorias e a favor de outra política em matéria energética ou econômica. O leste, devoto do PiS, aplaude as medidas de subsídio a famílias e pensionistas e a redução da idade de aposentadoria, implantadas pelo Executivo. “A conclusão principal deste processo é que a sociedade está dividida em partes iguais”, disse nesta segunda-feira Dorota Heidrich, diretora-adjunta do Instituto de Relações Internacionais da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Varsóvia. “Duda ganha depois de uma campanha brutal e fazendo uso de todas as instituições estatais, mas só por uma margem pequena. A TV pública estava lá para ele, o Governo também”, indica. Em sua opinião, o mais positivo é que cada vez “há mais poloneses conscientizados politicamente”, numa referência à participação elevada. Embora Heidrich expresse dúvida sobre a capacidade da Plataforma Cívica de aproveitar o potencial dinamizador de Trzaskowski, para o qual “teriam que apresentar um programa político claro para os próximos três ou cinco anos”, acredita que “os poloneses são hoje diferentes do que eram antes destas eleições”.
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