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Trump agora diz que dará aos ‘dreamers’ acesso à cidadania

Presidente dos EUA afirma na televisão que prepara uma ordem executiva que abriria caminho para a legalização dos jovens do programa DACA, depois de três anos tentando acabar com essa proteção

Manifestantes comemoram diante da Suprema Corte dos EUA, em 18 de junho, a sentença que impediu Trump de eliminar o programa DACA.
Manifestantes comemoram diante da Suprema Corte dos EUA, em 18 de junho, a sentença que impediu Trump de eliminar o programa DACA.Stefani Reynolds (GTRES)
Pablo Ximénez de Sandoval
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Na enésima aparente mudança de critério sobre o programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA, na sigla em inglês), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou sexta-feira que pretende legalizar os 700.000 imigrantes irregulares beneficiários dessa proteção e oferecer um “caminho para a cidadania” norte-americana. O anúncio, feito de passagem em uma entrevista na televisão, ocorre quase um mês depois que a Suprema Corte o impediu de eliminar esse programa, que protege da deportação imigrantes que chegaram aos EUA sendo menores de idade.

“Vou fazer uma grande lei de imigração”, disse Trump em entrevista a José Díaz-Balart na Telemundo. “Um dos aspectos da lei será o DACA, vamos ter um caminho para a cidadania”, enfatizou duas vezes. “Vou enviar uma lei como ordem executiva”, acrescentou. Quando o jornalista lhe perguntou se estava se referindo a um projeto de lei (a ser analisado pelo Congresso) ou a uma ordem executiva (decreto), esclareceu que se referia a uma ordem executiva.

O programa DACA foi criado por um decreto do então presidente Barack Obama em 2012, diante da frustração com o bloqueio do Congresso a qualquer avanço na legalização de milhões de imigrantes nos Estados Unidos. Aplica-se apenas aos imigrantes sem documentos que chegaram aos EUA trazidos ilegalmente por seus pais quando eram menores de idade. As condições para obter o benefício exigem que sejam cidadãos exemplares. Trata-se de um certificado de identidade e uma permissão de trabalho renovável a cada dois anos. Não equivale a nenhum tipo de status migratório nem abre caminho para solicitar cidadania. É simplesmente uma proteção administrativa para que esses jovens, chamados de dreamers (“sonhadores”), não possam ser deportados.

Como candidato, Trump deu várias guinadas em suas considerações sobre o DACA, que tem amplo apoio nos Estados Unidos, independentemente de ideologias. Por um lado, dedicava elogios aos jovens que estão protegidos por ele; por outro, afirmava que tinham de sair do país. Desde que chegou à Casa Branca, há três anos e meio, Trump tenta acabar com o programa e utilizou a ameaça de deportação desses jovens como moeda de troca em várias negociações políticas. Sua Administração tentou eliminá-lo judicialmente, mas em 18 de junho a Suprema Corte emitiu uma sentença que deixou o programa intacto.

Trump protestou contra a sentença, considerando-a “horrível” e “motivada politicamente”. No dia seguinte, prometeu uma nova ação para acabar com o DACA. Na entrevista desta sexta-feira, no entanto, Trump interpretou que a sentença da Suprema Corte lhe concede poderes que não tinha antes para legislar por decreto sobre os dreamers. “Muitas pessoas, incluindo muitos republicanos, vão ficar muito contentes”, assinalou.

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