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Atentado frustrado contra chefe de polícia da Cidade do México deixa três mortos

Omar García Harfuch está fora de perigo após emboscada atribuída a cartel de Jalisco; 12 pessoas foram detidas

O veículo de García Harfuch após o atentado.
O veículo de García Harfuch após o atentado.EFE

O secretário de Segurança Pública da Cidade do México, Omar García Harfuch, sobreviveu a um atentado ocorrido por volta das 6h40 (8h40 de Brasília) desta sexta-feira, informou a prefeita Claudia Sheinbaum. O veículo em que o chefe da polícia estava foi alvo de emboscada nas Lomas de Chapultepec, uma das áreas mais nobres da capital, e começou um tiroteio no qual perderam a vida dois de seus seguranças e uma mulher que passava pelo local, segundo as informações oficiais. Os criminosos atravessaram uma caminhonete na rua para bloquear a passagem de Harfuch, que foi atingido por três tiros e vários estilhaços. Uma prova de que o secretário “está bem”, como garantiu a prefeita, é o tuíte que ele mesmo publicou do hospital, atribuindo o atentado ao Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG), um dos mais temidos do México.

“Nesta manhã fomos covardemente atacados pelo CJNG, dois companheiros e amigos perderam a vida, tenho três ferimentos a bala e vários estilhaços. Nossa nação tem de continuar combatendo o covarde crime organizado. Continuaremos trabalhando”, escreveu García Harfuch na publicação, duas horas após o atentado.

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O secretário, à frente de uma das maiores e mais bem treinadas forças policiais do país, ordenou desde sua nomeação, em outubro, a prisão de vários integrantes de diversos cartéis que agem na capital, entre eles o de Tepito, cujo chefe, Óscar Andrés Flores, conhecido como El Lunares, foi preso. Em cargos anteriores, com ações nem sempre isentas de polêmica, García Harfuch também combateu o cartel de Jalisco. A prefeita da capital admitiu em entrevista coletiva que “vários grupos operam na cidade”, mas não respondeu se o de Jalisco também se instalou na Cidade do México ou se chegou de fora para cometer o atentado.

O México passou de um susto a outro. Se na terça-feira os mexicanos acordaram com um terremoto de alta intensidade que manteve o país em suspense por algumas horas, a capital mal havia amanhecido nesta sexta quando um grande tiroteio despertou um de seus bairros mais ricos. A prefeita Sheinbaum reiterou que “não haverá recuo” no combate ao narcotráfico e atribuiu o ataque “ao bom trabalho que Omar García e a polícia estão desenvolvendo para garantir a paz e a segurança”. Indagada sobre se há uma onda de violência na cidade devido aos confrontos dos grupos criminais entre eles e com a polícia, Sheinbaum se limitou a dizer que as autoridades estão “em alerta” e “em coordenação com a Guarda Nacional e a Secretaria de Segurança federal”. Teme por sua vida? “De maneira nenhuma”, respondeu, acrescentando que não recebeu ameaças.

Agentes do Exército inspecionam local do ataque.
Agentes do Exército inspecionam local do ataque. Sáshenka Gutiérrez (EFE)

Como foi o ataque

O chefe da polícia viajava em um veículo blindado para o centro da cidade, onde se reúne diariamente com Sheinbaum. A Suburban preta ficou em uma das faixas centrais da rua, com dezenas de marcas de disparos de armas de grosso calibre, 0.50. Segundo a imprensa local, também foram usadas granadas de fragmentação no ataque. Uma caminhonete de 3,5 toneladas com o logotipo da empresa Carso tinha bloqueado previamente a passagem do carro oficial. Vários homens com armas leves, fuzis Barrett, coletes à prova de bala e granadas saíram da parte traseira do veículo e abriram fogo.

O ataque foi registrado pelas câmeras de vigilância da cidade. Ernestina Godoy, a procuradora da capital, anunciou a detenção de 12 pessoas depois do atentado, que já estão sendo investigadas, embora por enquanto não se saiba o número total de pessoas que participaram do atentado. Para as famílias dos três mortos, Sheinbaum teve palavras de condolências e prometeu o apoio que for necessário: “Não ficarão desamparadas”.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, mencionou o ataque em sua entrevista coletiva matutina e afirmou que “tem relação, sem dúvida, com o trabalho que [o Governo] está fazendo para garantir a paz e a tranquilidade tanto na Cidade do México como no país”. “Expressamos nossa solidariedade, nosso apoio total, completo e absoluto à prefeita e aos integrantes da equipe de Segurança Pública da Cidade do México”, disse o presidente no Estado de Michoacán. Alfonso Durazo, secretário federal de Segurança, afirmou que o trabalho de Harfuch “atingiu fortes interesses do crime”.

Chefe dos investigadores da Procuradoria federal durante o último Governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Omar García Harfuch se tornou a esperança de paz do Governo da Cidade do México, nas mãos do partido de López Obrador, o Movimento Regeneração Nacional (Morena). Os níveis de violência na cidade precipitaram a renúncia, em menos de um ano, do primeiro diretor da polícia nomeado por Sheinbaum, Jesús Orta. Antes de comandar a polícia, García Harfuch dirigiu por alguns meses a equipe de investigação da procuradoria local. Nenhum alto funcionário de um Governo do PRI conquistou um poder tão grande como ele em administrações do Morena.

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