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Colapso da Evergrande na China põe a América Latina em alerta sobre suas implicações na região

Se o caso da imobiliária acabar sendo a ponta de um iceberg, latino-americanos poderão enfrentar uma queda na exportação de matéria-prima para a China

Isabella Cota
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Vista externa do China Evergrande Center em Hong Kong, China, 26 de março de 2018Bobby Yip (Reuters)
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As dúvidas sobre a solidez financeira de uma das maiores construtoras chinesas são um sinal de alerta para alguns países da América Latina, cujas economias estão ligadas à Ásia. A incorporadora Evergrande enfrenta um enorme pagamento de juros, o que faz com que os investidores apostem em uma possível intervenção do Governo na China ou em um calote. Como consequência, as bolsas caíram drasticamente nesta segunda-feira e, em alguns países, também nesta terça-feira.

Na América Latina, o pior da violenta reação do mercado parece ter passado. Os mercados de ações do México, Chile e Brasil caíram na segunda-feira, mas recuperaram grande parte de suas perdas nesta terça. No entanto, a questão gerou um debate sobre a força da China como potência econômica, promotora de parceiros comerciais como Chile, Brasil, Peru e até Colômbia. Se a Evergrande for apenas a ponta do iceberg, a China pode estar enfrentando uma crise imobiliária, que teria duras consequências na região latino-americana.

As ações da Evergrande caíram até 7% na Bolsa de Valores de Hong Kong nesta terça-feira, enquanto seus títulos de dívida caíram 10%, atingindo seu nível mais baixo em uma década. Analistas falam de um possível efeito dominó, já que as finanças de várias empresas imobiliárias chinesas menores também registram altos níveis de endividamento. Os estrategistas do Goldman Sachs estimam que um colapso de Evergrande poderia reduzir o PIB da China em 350 bilhões de dólares no próximo ano, relatou o The New York Times.

“Este é definitivamente um sinal de alerta”, diz ao telefone Luciano Rostagno, estrategista de mercado do Banco Mizuho do Brasil. “A China se tornou um dos principais parceiros comerciais das economias latino-americanas e, se a economia chinesa estagnar ou diminuir seu ritmo de crescimento ou entrar em crise, isso terá impacto na América Latina”, acrescenta.

O Chile exporta cobre para a China, o Brasil, minério de ferro, e a Colômbia, petróleo. As exportações de minerais peruanos ao gigante asiático aumentaram 62% nos primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso os torna dependentes de uma economia que pode enfrentar problemas.

“Se a China enfrentar uma crise, o crescimento econômico será menor e, com isso, a demanda por matérias-primas vai enfraquecer. Isso afeta, em termos de comércio, muitas das economias latino-americanas“, diz Rostagno.

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