Oito relações para melhorar a resiliência no trabalho

Habilidade nos ajuda a superar reveses, mas não depende só de nós, e sim das conexões que temos

Estudo aponta que algumas conexões pessoais são essenciais para superar as dificuldades.
Estudo aponta que algumas conexões pessoais são essenciais para superar as dificuldades.Carmen Valino
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A vida não é um mar de rosas. A essa altura, todos sabemos que estamos diante de inúmeros obstáculos. Alguns são pequenos e facilmente superáveis, mas outros exigem mais esforço ou se transformam em verdadeiras adversidades. Uma das habilidades mais interessantes que podemos desenvolver para navegar nos ambientes complexos é a resiliência, entendida como a destreza para ser flexível, resistir e superar as dificuldades, tanto pessoais como profissionais.

O termo “resiliência” expressava originalmente a qualidade física dos objetos para regressar ao seu estado inicial. Bom exemplo são as gominhas, que esticam e depois voltam à forma que tinham. Nas ciências sociais, contudo, depois de um revés nunca se retorna ao mesmo ponto, e sim a outro —que pode ser melhor, mas também pior. O psiquiatra Luis Rojas Marcos afirma que, graças à resiliência, muitas pessoas que superam adversidades graves não apenas voltam ao nível prévio de normalidade; também vivenciam mudanças positivas.

Uma recente pesquisa aplicada ao mundo profissional indicou que a resiliência é um trabalho em equipe. Além de depender das qualidades pessoais, é influenciada também pelos tipos de relações que mantemos com nosso entorno. Essa é a conclusão de um trabalho realizado por Rob Cross, Karen Dillon e Danna Greenberg e publicado na edição de janeiro da Harvard Business Review, após analisar como alguns gerentes administraram suas equipes durante a pandemia. A amostra inclui 150 líderes (cinco homens e cinco mulheres de 15 organizações bem-sucedidas).

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A conclusão de que a resiliência é uma habilidade que treinamos em equipe é relativamente moderna. O foco geralmente estava nas características individuais que cada pessoa deveria possuir. No entanto, por meio das detalhadas entrevistas que fizeram, os autores descobriram que algumas conexões profissionais são essenciais para superar as dificuldades. Eles as dividiram em oito tipos, e podemos dizer que são as fontes para reforçar nossa capacidade de enfrentar os problemas de forma positiva. Vejamos as que eles propõem:

Empatia. Oferece apoio empático para que a pessoa possa liberar emoções negativas a partir da escuta e da compreensão do outro.

Humor. Ajuda você a rir de si mesmo e da situação, por mais dura que pareça. Esse tipo de conexão diminui a tensão e ajuda na tomada de decisões em momentos de estresse.

Propósito. Em momentos complicados, nos ajuda a lembrar o significado de nosso trabalho para recarregar energias e seguir em frente.

Perspectiva. Serve para contemplar de uma maneira mais ampla um problema quando temos contratempos.

Visão. Em circunstâncias difíceis, mostra um caminho a seguir, como uma estratégia ou um objetivo desejado.

Empurrão. Nos momentos de paralisia ante a situação, são conexões que nos ajudam a retroceder, a pensar e a seguir um caminho.

Política. Nos ajuda a encontrar um sentido sobre as pessoas ou a política numa determinada situação, quando isso não está claro para nós à primeira vista.

Carga de trabalho. Em momentos de tensão por excesso de trabalho, nos ajuda no gerenciamento dos turnos e da divisão de responsabilidades para reduzir nossa sobrecarga.

Segundo os autores, os oito tipos não têm o mesmo impacto para todo mundo. Algumas pessoas são mais ajudadas pela empatia; outras preferem ter maior perspectiva quando as coisas não estão dando certo. Poderíamos fazer um mapa de nossas conexões pessoais, avaliar o grau de satisfação que temos e identificar quais são as três conexões que precisamos reforçar para ganhar resiliência. Após essa reflexão, podemos traçar um plano para fortalecê-las. É interessante observar que talvez você não encontre no trabalho aquela conexão que considere importante, como a do senso de humor ou a da perspectiva. Nesse caso, seria bom ampliar o mapa de suas relações e construir conexões que ajudem você a se sentir melhor e a ganhar resiliência.

Pilar Jericó é empreendedora, escritora, conferencista, doutora em Organização Empresarial e divulgadora de pesquisas sobre comportamento humano. www.pilarjerico.com

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