São Paulo confirma caso de ômicron em paciente que não viajou ao exterior
É a quarta infecção conhecida da nova variante do coronavírus no Estado e a oitava no país. Autoridades ainda investigam se contágio é comunitário ou se houve contato com passageiro que veio de fora
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O Estado de São Paulo confirmou neste sábado seu quarto caso de infecção pela variante ômicron do coronavírus, um homem de 67 anos que não tinha viajado para fora do Brasil. As vigilâncias sanitárias da capital e do Estado estão trabalhando para rastrear os contatos deste paciente e verificar se ele esteve próximo a alguém com histórico de viagem. Por isso, ainda não é possível determinar se já há transmissão comunitária no Brasil, o que ocorre quando o contágio já está tão difuso que a origem da infecção não pode ser identificada.
De acordo com as autoridades de saúde paulistas, o paciente foi diagnosticado com covid-19 em 7 de dezembro em um teste de PCR. A amostra deste exame foi analisada para identificar qual variante havia causado a doença, e a ômicron foi confirmada. “Os quatro casos de Ômicron identificados em SP até o momento evidenciam manifestação branda da covid-19, o que pode estar associado ao fato de que todos tinham concluído seu esquema vacinal (ou seja, tinham tomado imunizante de dose única ou duas doses para demais)”, informou a Secretaria de Saúde do Estado, em nota.
Com o novo caso, são oito infecções da nova cepa em todo o país. Também neste sábado, a Prefeitura de Porto Alegre informou, em nota publicada na sua página, o contágio de um paciente que passou pelos Estados Unidos. A confirmação também veio após diagnóstico positivo no teste PCR e análise genômica feita na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A notificação à Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde foi feita na tarde de sexta-feira. O Estado já havia confirmado em 3 de dezembro um caso de ômicron, registrado na cidade de Santa Cruz do Sul. A infectada era uma mulher que havia viajado para a África do Sul e apresentava febre.
Os três casos anteriores em SP eram de pacientes que haviam se contaminado fora do país. Os dois primeiros casos surgiram em 30 de novembro, com um casal (um homem de 41 anos e uma mulher de 37) que chegou da África do Sul. Depois, foi confirmado outro caso em 1º de dezembro, o de um homem de 29 anos que desembarcou no aeroporto de Guarulhos após viagem à Etiópia. Ele estava sem sintomas.
No Distrito Federal, foram confirmados ainda outros dois casos, ambos de pessoas que haviam feito viagem à África do Sul. Eles também estavam assintomáticos.
O registro de casos de ômicron em viajantes que tiveram passagens fora do país levou à recomendação da Anvisa para que fosse exigida a comprovação de vacinação de todos os passageiros que chegassem ao Brasil. O presidente Jair Bolsonaro foi contra. “Às vezes, é melhor perder a vida do que perder a liberdade”, afirmou o mandatário, durante a entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, na terça-feira. No lugar da medida, o Governo anunciou a exigência de uma quarentena de cinco dias para viajantes não vacinados vindo do exterior. A regra, que começaria a valer neste sábado, foi adiada por uma semana devido a uma pane que afetou o site do Ministério da Saúde e o ConecteSUS, aplicativo que reúne o histórico de vacinação dos brasileiros, entre outros sistemas. A pasta investiga a ocorrência de um ataque de hackers.
Além da quarentena, o Brasil suspendeu a entrada de pessoas que passaram por seis países africanos: África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. A cepa foi identificada inicialmente na África do Sul.
Cautela
O registro de casos da variante ômicron pelo país levou a cidade do Rio a cancelar o Réveillon. “Respeitamos a ciência”, declarou o prefeito Eduardo Paes, que não descarta o cancelamento do Carnaval, mas aguarda a evolução dos casos para decidir sobre a festa. Em São Paulo, a decisão de suspender a exigência de máscara em lugares públicos por conta das altas taxas de vacinação e da queda nas internações caiu após os registros dos casos de ômicron. A cidade mais populosa e rica da América não celebrará o Réveillon na avenida Paulista.
Apesar da cautela das autoridades, especialistas dizem ser “improvável que o pesadelo que vivemos no início de 2021 se repita”. “Tudo indica que a ômicron causa menos casos graves do que a delta”, afirmou Fabio Leal, infectologista e pesquisador do Instituto Nacional do Câncer (INCA), referindo-se à variante que é predominante no Brasil, em entrevista a Joana Oliveira.
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