São Paulo decide manter obrigatoriedade de máscaras ao ar livre após chegada da ômicron
Governo Doria recuou da flexibilização da medida de proteção e antecipou para quatro meses o intervalo para receber dose de reforço da vacina contra o coronavírus. Prefeitura cancela festa de Réveillon na Paulista
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Diante da confirmação de três casos importados variante ômicron do coronavírus, o Governo de São Paulo recuou e vai manter a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos em todo o Estado, que seria suspensa no próximo dia 11. A decisão, divulgada nesta quinta-feira, atende a recomendação do Comitê Científico do Governo, que apontou incertezas quanto ao impacto da nova cepa às vésperas das festas de fim de ano, quando ocorrem aglomerações.
“Decidimos adotar essa medida por prudência com o cenário epidemiológico no Estado. Todos os números demonstram que a pandemia está recuando em São Paulo, mas vamos optar pela precaução. O nosso maior compromisso é com a saúde da população”, declarou o governador João Doria (PSDB), em comunicado divulgado por sua assessoria.
Também nesta quinta-feira, a Prefeitura de São Paulo anunciou o cancelamento da festa de Réveillon da cidade, que tradicionalmente ocorre na avenida Paulista. Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), a medida é uma “precaução” para que as autoridades de saúde avaliem o risco da ômicron. “É uma questão de cautela, de prevenção, porque a Vigilância Sanitária e os órgãos de saúde ainda precisam entender como será o comportamento dessa nova variante”, declarou em entrevista à GloboNews, de Nova York, onde acompanha Doria para encontros com empresários e investidores. O prefeito afirmou ainda que a gestão ainda tem tempo para definir, com base nos estudos, se o Carnaval será mantido.
O Estado confirmou na quarta-feira o terceiro caso importado da variante ômicron no país. Um passageiro de 29 anos vindo da Etiópia que desembarcou no aeroporto internacional de Guarulhos no último sábado realizou o teste no local e não apresentava sintomas. Segundo a Secretaria da Saúde, o paciente está em isolamento domiciliar desde sábado, sem sintomas, e é acompanhado pela vigilância do município de Guarulhos, onde mora. Antes dele, um casal de missionários —um homem de 41 anos e uma mulher de 37— vindos da África do Sul também foi diagnosticado com a nova cepa após chegar ao mesmo aeroporto. Em todos esses casos, a análise genômica do vírus foi feita pelo Adolfo Lutz, de São Paulo. Os três pacientes estavam vacinados contra o coronavírus.
A variante ômicron, que possui mais de 30 mutações, é motivo de alerta no mundo inteiro. Ainda não está comprovado se a cepa é mais contagiosa, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na segunda-feira que o risco global da ômicron “é avaliado como muito alto” e demanda precauções extremas. Diversos países, incluindo o Brasil, fecharam suas fronteiras para países da região sul do continente africano. Contudo, a Holanda confirmou que a variação do vírus já estava presente em seu território antes dos primeiros casos serem detectados pela África do Sul, na semana passada.
Desde segunda-feira, está suspensa a entrada no Brasil de pessoas que passaram por seis países africanos: África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. A restrição ocorre após o Governo Bolsonaro acatar, com relutância, uma recomendação da Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa). No sábado, a Anvisa sugeriu que a limitação fosse estendida a passageiros com passagens por outras quatro nações (Angola, Malawi, Moçambique e Zâmbia), o que ainda não ocorreu.
Dose de reforço
Também atendendo a orientação do Comitê Científico, o Governo paulista vai reduzir de 5 para 4 meses o intervalo da dose de reforço da vacina contra a covid-19. A medida vale para quem tomou duas doses da CoronaVac e dos imunizantes AstraZeneca/Oxford e da Pfizer e, segundo a Secretaria da Saúde, vai beneficiar cerca de 10 milhões de pessoas que se vacinaram nos meses de julho e agosto. Para quem recebeu a dose única da Janssen, o reforço será com o mesmo imunizante e com intervalo a partir de dois meses. Na falta da vacina, a dose aplicada será a da Pfizer. O Estado ainda não divulgou o calendário das aplicações.
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