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Covas deixa prefeitura de São Paulo para tratar novos focos de câncer e vice Ricardo Nunes assume

Prefeito deixa cargo por 30 dias para dedicar mais tempo ao tratamento “que entra em uma fase muito rigorosa”, escreveu ele em suas redes sociais. Fígado e ossos foram atigidos

El alcalde de São Paulo, Bruno Covas
Fernando Bizerra (EFE)
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FILE PHOTO: A paramedic holds a pack of used and unused vials of Russia's Sputnik V coronavirus disease (COVID-19) vaccine at a private hospital in Karachi, Pakistan April 4, 2021. REUTERS/Akhtar Soomro/File Photo
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El País BRASIL - Serrana - SP 23.04.2021 - Todos os moradores com mais de 18 anos tiveram direito à vacina, o equivalente a cerca de 28 mil pessoas no município que tem pouco mais de 46 mil habitantes. Só ficaram de fora mulheres grávidas, pessoas com doenças crônicas e pessoas com sintomas de covid-19.
A vacinação em Serrana faz parte do Projeto S, um estudo do Instituto Butantan que vai avaliar a eficácia da Coronavac na prevenção de infecções pelo coronavírus. Foto: TONI PIRES - EL PAÍS
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El alcalde de Sao Paulo, Bruno Covas, durante una entrevista con Efe ayer jueves, en Sao Paulo (Brasil). El alcalde de la ciudad más populosa de América libra un doble combate. El alcalde de la ciudad más populosa de América libra un doble combate. Bruno Covas enfrenta simultáneamente un agresivo cáncer y la emergencia del COVID-19 en Sao Paulo, uno de los municipios brasileños más golpeados por la enfermedad.
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O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou neste domingo (2) que vai deixar o cargo por 30 dias para se dedicar ao tratamento de novos focos de câncer que demandam um tratamento mais rigoroso, como ele mesmo esclareceu em suas redes sociais. “Sempre disse que minhas responsabilidades com São Paulo conduziria minhas decisões. Tenho seguido à risca as orientações da equipe médica e venho trabalhando em regime de teletrabalho nestes últimos dias”, escreve Covas. “Mas agora, diante dos novos focos da doença, meu corpo está exigindo que eu dedique mais tempo ao tratamento, que entra em uma fase muito rigorosa”, segue ele. Covas luta contra o câncer detectado em outubro de 2019 na cárdia (ligação entre o esôfago e o estômago). Desde então, se manteve no cargo, mesmo durante a pandemia, conciliando o tratamento com o trabalho à frente da prefeitura. Mas a doença se espalhou nos últimos meses e atingiu o fígado e os ossos do prefeito. No último dia 15, chegou a se internar para um novo tratamento de quimio e imunoterapia. Teve alta no dia 27. Mas, a recuperação durou pouco e ele volta a se afastar.

Durante o período de afastamento, o cargo será ocupado pelo seu vice, Ricardo Nunes, ex-vereador pelo MDB. “Tenho convicção que nosso vice Ricardo Nunes e nossa equipe de secretarias manterão a cidade no rumo certo, cumprindo nosso programa de metas e plano de governo, priorizando o combate à pandemia e seus efeitos”, diz Covas em sua mensagem. O prefeito se despede do cargo em tom otimista, ao dizer que vai superar “mais esta batalha”, e assina com um “até breve”.

A notícia gerou uma onda de solidariedade entre as lideranças políticas e até em seu time de coração, o Santos, que escreveu “Força, Bruno Covas!”, em seu perfil. “Desejo força e recuperação a Bruno Covas. Basta de confundir posições políticas opostas com desumanidade”, publicou Guilherme Boulos, do PSOL, que disputou o segundo turno da prefeitura com Covas no ano passado. A campanha eleitoral, aliás, gerou uma espécie de frescor no ambiente ácido da política brasileira dos últimos anos. Os dois adversários protagonizaram debates sem apelação, com foco nas propostas para a cidade. Também o ex-candidato à prefeitura Marcio França (PSB), escreveu: “Melhoras, Bruno! Força, foco e fé.” O prefeito do Rio, Eduardo Paes, assim como o presidente do DEM, ACM Neto, também manifestaram solidariedade ao prefeito.

Covas, neto de Mario Covas, ex-governador de São Paulo que morreu vítima de um câncer, sempre foi transparente sobre a sua doença. Em fevereiro deste ano, anunciou um nódulo no fígado que o obrigou a fazer sessões de quimioterapia. Na ocasião, não chegou a se afastar do cargo. Até então, o prefeito já havia feito oito sessões de quimioterapia. Estava fortalecido e manteve seu trabalho normalmente liderando o combate à pandemia de covid-19. Chegou a dormir por quase três meses na prefeitura numa espécie de “office home”, como disse ele à repórter Marina Rossi. O primeiro caso no Brasil de um infectado com coronavírus foi registrado em São Paulo no final de fevereiro de 2020. A responsabilidade para conter os focos de contágio aqui era maior para conter o espalhamento para outros pontos do país. Enquanto vivia na prefeitura, recebia a visita do seu filho periodicamente.

Em junho do ano passado, Covas foi diagnosticado com covid-19, mas recuperou-se rapidamente. O tratamento de câncer parecia estar em segundo plano aos olhos dos paulistanos, num momento em que o país se organizava e aprendia a lidar com a nova doença que abateu o mundo. Covas, que se elegeu vice-prefeito de João Doria em 2016, assumiu a prefeitura em abril de 2018, quando Doria decidiu concorrer ao governo do Estado de São Paulo. Teve uma atuação ativa ao longo da crise sanitária, alinhado com o governador tucano. Em 25 de abril, celebrou as 3 milhões de vacinas aplicadas na cidade, das quais 1 milhão como segunda dose.

Agora, os paulistanos ficam sob a liderança de Nunes, que começou a sua vida política como vereador em 2012. Advogado e empresário, o emedebista é um conservador, e pouco apareceu durante a campanha de Covas. Viu seu nome envolvido em uma série de escândalos, como agressão a uma ex-mulher (que posteriormente mudou a versão e negou ter sido vítima de violência) ate corrupção envolvendo empresas da família.

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