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Joe Biden ganha as primárias da Carolina do Sul

Após resultados decepcionantes em Iowa, New Hampshire e Nevada, o ex-vice-presidente de Barack Obama conquista o voto dos negros

Yolanda Monge
Joe Biden.
Joe Biden.SCOTT OLSON (AFP)

Joe Biden precisava desesperadamente de uma vitória na Carolina do Sul, e conseguiu. Dois minutos após o fechamento das urnas, às 19 horas, era anunciada a vitória retumbante do ex-vice de Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. O colete salva-vidas chegava às suas mãos pelo voto dos afro-americanos.

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A noite era muito importante para a corrida democrata e a Carolina do Sul acabava de alterar sua trajetória. Se até agora tinham sido Buttigieg, Sanders, e novamente Sanders, acabava de chegar a esperada vez de Biden. Em sua terceira investida para a nomeação pelo Partido Democrata à Casa Branca, em um período total de 32 anos, sem nunca antes ter conquistado um único Estado, o ex-vice-presidente cumpriu o que havia prometido: vencer as primárias da Carolina do Sul.

Biden, de 77 anos, não é o jovem Bill Clinton, de 46, que ficou com o apelido de the comeback kid depois de recuperar a casa do governador do Arkansas em 1992. E, no entanto, o feito é semelhante. Após resultados decepcionantes em Iowa, New Hampshire e Nevada, Biden optou por ganhar em um Estado que historicamente tem sido seu bastião político e onde a minoria negra representa 56% do eleitorado democrata.

As pesquisas deram razão ao ex-senador de Delaware, apontando-o vencedor das primárias na Carolina do Sul. O grande momento de Bernie Sanders, o homem transformado na força avassaladora capaz de posicionar seu nome na luta pela candidatura à Casa Branca contra Donald Trump, sofreu um revés.

Cerca de 30% da população do chamado Palmetto State é afro-americana. E com esse setor da população Joe Biden tem laços que há quem considere de submissão, mas que jogam a seu favor: ter sido o vice-presidente do primeiro presidente negro. Consciente dessa afinidade, Biden elegantemente obtém créditos. Em cada comício, em cada reunião em uma instituição de idosos ou em uma igreja, lembra que já esteve ali, ao lado de "um grande homem, com coragem e uma visão para a América". "Um homem extraordinário cujo legado pretendo defender, proteger e expandir quando for presidente", proclamava Biden, ganhando aplausos de seus seguidores.

A manhã estava fria, mas pouco antes das sete horas, horário de abertura das seções eleitorais na Carolina do Sul, Aniyah Simmons estava esperando na porta da escola primária Corcoran, em North Charleston. Simmons é enfermeira e seu turno começaria às oito. Disse que iria votar em Joe Biden. "Tem experiência, já esteve na Casa Branca", explica esta mulher de 45 anos.

Morrigan Proude, na casa dos 20 anos, declarou ter dado seu voto a Bernie Sanders. Sua promessa de saúde gratuita universal parece ser razão mais do que suficiente para confiar nele como presidente revolucionário. "É o que os Estados Unidos precisam depois de quatro anos de Donald Trump, alguém que realmente mude as coisas, e não outro homem de Washington", disse Proude em referência a Biden.

Os primeiros resultados foram vertiginosos. Biden vencia com mais de 70% dos votos. Os 22 milhões de dólares (cerca de 100 milhões de reais) que o empresário Tom Steyer gastou em anúncios no Palmetto State só lhe proporcionaram raquíticos 12%. Sanders atingiria a mínima de 10%. Não competiu nestas primárias, nem nas de Iowa e New Hampshire, o bilionário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, que tem todas as suas esperanças depositadas na superterça da próxima semana.

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