Bolsonaro bate 40% de aprovação, seu recorde, em taxa puxada por quem ganha até um salário mínimo
Percentual de entrevistados com renda familiar até um salário mínimo que avaliam o Governo como ótimo ou bom subiu de 19% em dezembro de 2019 para 35%, indica pesquisa CNI/Ibope
O auxílio emergencial de 600 reais para minimizar os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus já caiu pela metade, mas seus efeitos na popularidade do presidente Jair Bolsonaro permanecem. Nem o aumento na rigidez dos critérios para conceder a ajuda aos brasileiros mais pobres foi capaz de impedir a aprovação de Bolsonaro subir de 19%, em dezembro de 2019, para 35% entre os eleitores com renda familiar de até um salário mínimo, de acordo com a última pesquisa CNI/Ibope. É essa parcela da população que impulsionou a avaliação de ótimo ou bom do presidente para 40%, sua melhor avaliação até agora ―em dezembro do ano passado, a taxa era de 29%, e apresentava tendência de queda.
Também foi identificado um aumento expressivo no apoio ao Governo Bolsonaro entre os entrevistados com menor grau de instrução ―entre os eleitores com até a oitava série do ensino fundamental, a avaliação de ótimo ou bom foi de 25% para 44%, enquanto entre os entrevistados com até a quarta série cursada a aprovação subiu de 26% para 40%. Já os eleitores de maior instrução não mudaram de forma considerável sua avaliação sobre Bolsonaro ―o Ibope destaca apenas que a confiança no presidente entre quem tem ensino superior caiu de 45% para 37%.
Além da melhora na avaliação do Governo, a pesquisa, que ouviu 2.000 pessoas entre 17 e 20 de setembro em 127 municípios, indica que 50% dos entrevistados aprovam a maneira de Bolsonaro de governar (em dezembro do ano passado, eram 41%), e que 46% confiam nele (na última pesquisa, eram 41%). A melhora na avaliação do Governo, já medida em outras pesquisas, chega em um momento em que o presidente ajusta sua gestão a seus novos aliados no Congresso Nacional e depois de desgastes causados pela prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio suspeito de administrar um esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), as queimadas no Pantanal e a aparente indiferença do presidente com a pandemia de coronavírus.
De acordo com a pesquisa CNI/Ibope, apenas 10% dos entrevistados citaram as notícias sobre incêndios na Amazônia e no Pantanal quando questionados sobre o noticiário em relação ao Governo. Já 20% mencionaram reportagens relativas ao auxílio emergencial ou às discussões sobre o Bolsa Família. O interesse e a atenção da população com esse tema ficam evidentes na evolução da avaliação sobre as ações do Governo no combate à fome e à pobreza. Em dezembro de 2019, 40% dos entrevistados diziam aprovar a gestão Bolsonaro nesse aspecto. Agora, são 48%. A aprovação sobre essa questão perde apenas para a área de segurança pública, aprovada por 51% ―segurança é também a única área em que o percentual de aprovação supera o de reprovação.
A aprovação sobre a atuação do Governo na saúde também subiu, de 36% para 43%, ao contrário da avaliação sobre o trato com o meio ambiente, que foi de 40% de aprovação para 37% ―uma oscilação dentro da margem de erro. “Os percentuais de aprovação e desaprovação da área de Combate ao desemprego oscilam para pior, de 41% para 37%, no limite da margem de erro. Como resultado, a área cai da terceira para a sétima posição no ranking”, aponta a pesquisa.
Regiões
A pesquisa CNI/Ibope indica ainda que a popularidade de Bolsonaro cresceu mais entre os residentes nas regiões Nordeste e Sul. Ainda assim, o Nordeste segue como a região com menor apoio ao Governo: 33% avaliam a gestão Bolsonaro como ótima ou boa, 40% confiam no presidente e 45% aprovam sua maneira de governar.
O instituto também questionou os entrevistados sobre sua percepção em relação ao noticiário sobre o Governo. Dos questionados, 43% disseram que as notícias recentes sobre a gestão de Bolsonaro são desfavoráveis ao Governo ―esse percentual oscila dentro da margem de erro desde junho de 2019. Para 20% dos entrevistados, contudo, as notícias recentes são favoráveis ao Governo; os outros 25% consideram que elas não são favoráveis ou desfavoráveis.
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