A nuvem de gafanhotos que se aproxima do Rio Grande do Sul e preocupa o Governo brasileiro
Infestação que começou no Paraguai avançou pelo território argentino nos últimos dias e tem o potencial de destruir lavouras e pastagens
Uma nuvem de gafanhotos, originária do Paraguai, se aproxima do Brasil e preocupa agricultores e Governo brasileiro, já que é uma ameaça para pastagens e lavouras. Até esta quarta-feira, a praga estava a cerca de 250 quilômetros da fronteira da Argentina com o Rio Grande do Sul, após avançar pelo território argentino durante o fim de semana. Segundo o agrônomo argentino Héctor Medina, um quilômetro quadrado de infestação pode ter até 40 milhões de insetos, que consomem em um dia pastagens equivalentes a 2.000 vacas ou 350.000 pessoas, segundo informou à agência Reuters.
Os insetos foram vistos pela primeira vez nas províncias de Formosa e Chaco, no Paraguai, onde há culturas de cana-de-açúcar, mandioca e milho, que foram em parte destruídas pela infestação. O Governo argentino divulgou que a nuvem pode passar por vilas e ambientes urbanos sem causar danos diretos aos seres humanos, mas preocupa pelo risco às plantações.
A infestação se desloca de acordo com condições climáticas favoráveis, como temperatura e circulação de ventos, se adaptando melhor ao clima quente. Por isso, especialistas argentinos e gaúchos indicam que a nuvem deve seguir para o Uruguai, já que uma frente fria é esperada para os próximos dias no Rio Grande do Sul, inclusive com quedas de granizo. À Agência Brasil, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul disse que a intensificação dos ventos na região deve potencializar o deslocamento da nuvem para “a Fronteira Oeste, Missões e Médio e Alto Vale do Rio Uruguai”. O gafanhoto é da espécie Schistocerca cancellata e na sua dieta estão incluídos folhas, cereais, capins e outras gramíneas.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que acompanha o deslocamento da infestação em tempo real e que “emitiu alerta para as superintendências federais de Agricultura e aos órgãos estaduais de Defesa Agropecuária para que sejam tomadas medidas cabíveis de monitoramento e orientação aos agricultores da região (...) para a adoção eventual de medidas de controle da praga, caso esta nuvem chegue em território brasileiro”.
Já a Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul orienta os produtores agricultores para que informem a Inspetoria da Defesa Agropecuária de sua região caso o inseto seja identificado em grandes quantidades.
O gafanhoto está presente no Brasil desde o século 19 e causou, durante as décadas de 30 e 40, grandes perdas nas lavouras de arroz do Sul do Brasil. No entanto, a praga tem permanecido em sua fase “isolada”, como explica o Ministério. Em 2017, uma infestação do inseto atingiu diversas cidades do Pará, atacando lavouras de mandioca e trazendo prejuízos econômicos e sanitários à população pelo uso abusivo de inseticidas na região.
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