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Argentina vê pico da pandemia e endurece quarentena

Médicos recomendam ao presidente Fernández suspender viagens e limitar reuniões

Pessoal sanitário visita casa por casa em um bairro popular de Beccar, na região metropolitana norte da cidade de Buenos Aires, em 17 de junho de 2020.
Pessoal sanitário visita casa por casa em um bairro popular de Beccar, na região metropolitana norte da cidade de Buenos Aires, em 17 de junho de 2020.AGUSTIN MARCARIAN (Reuters)
Federico Rivas Molina
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A Argentina ainda tem a pandemia sob controle, mas acende luzes amarelas. Os casos positivos crescem de uma semana para cá acima dos 1.000 por dia e as autoridades sanitárias alertam sobre a pressão no sistema de saúde. O aumento da inclinação da curva levou ao endurecimento do confinamento na cidade de Buenos Aires e em seus subúrbios, onde são registrados 96% dos novos casos. E os médicos puseram fim às viagens que Alberto Fernández realizava pelo interior do país. Desde quinta-feira o presidente está recluso na residência de Olivos, com uma agenda mínima.

O último registro de casos diz que a Argentina tem 35.550 positivos de covid-19 e 929 mortos. Está muito longe de vizinhos como o Chile, com menos da metade da população e mais de 220.000 infectados, ou o Brasil, onde a pandemia é uma catástrofe incomensurável. Os casos positivos no gigante sul-americano estão perto de um milhão, com 47.700 mortos. O confinamento em que os argentinos vivem desde 20 de março conseguiu deter a propagação. No interior do país, onde a população é menor, os casos são contados às centenas. A estratégia, no entanto, dá sinais de esgotamento em Buenos Aires e em sua região metropolitana. Quase metade da população do país vive lá e é onde se concentra o maior problema para as autoridades.

A cidade, governada pela oposição, e a província, em mãos da situação, acordaram nesta semana restringir o uso do transporte público aos trabalhadores considerados essenciais. O restante das permissões de circulação expira nesta sexta-feira. O medo está concentrado na província. “A evidência científica dá conta de uma situação complexa daqui até um mês e meio. Devemos evitar chegar ao ponto a que se chegou no Chile, Brasil e Bolívia, onde as pessoas morrem na rua porque os respiradores estão ocupados”, afirmou o chefe de gabinete da província de Buenos Aires, Carlos Bianco. Segundo dados do Ministério da Saúde da nação, 45% dos 11.500 leitos de UTI disponíveis no país estão atualmente ocupados. Em Buenos Aires temem que se a curva de contágio não for reduzida esse percentual disparará nas próximas semanas até o colapso do sistema.

O problema que as autoridades enfrentam é que o confinamento, aplicado com particular rigor na Argentina, tende a afrouxar naturalmente devido ao cansaço da população. “Sabia-se que, na medida em que as atividades são liberadas, isso resultaria em um aumento dos contágios”, disse Bianco. O secretário da Saúde da cidade de Buenos Aires, Fernán Quirós, disse que se a curva não for achatada é possível que “seja necessário voltar à fase 1 da quarentena”, quando apenas a circulação local para comprar alimentos era permitida.

Casos positivos na política

O fato de o vírus circular mais facilmente em Buenos Aires preocupa o entorno do presidente Fernández. Na semana passada, o positivo de um prefeito da região metropolitana obrigou o retorno imediato de La Rioja (noroeste do país) do ministro de Desenvolvimento Social, Daniel Arroyo, que havia estado em contato com o político infectado e naquele momento acompanhava Fernández em uma viagem pelo interior. O presidente também interrompeu sua agenda e voltou a Buenos Aires. Há dois dias, a ex-governadora macrista de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, deu positivo, contagiada pelo contato com um deputado provincial que era positivo.

A infecção de Vidal colocou em alerta o prefeito da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, e outros oposicionistas que costumam se reunir para elaborar suas estratégias políticas. Além disso, Rodríguez Larreta mantém contato pessoal com o presidente Fernández. A evidência de que o vírus já está rondando a Casa Rosada convenceu os médicos do presidente de que era hora de interromper as viagens pelo interior e ficar em casa. Desde quarta-feira Fernández está recluso em Olivos, a residência oficial, e reduziu ao mínimo as reuniões com seus colaboradores. Até agora a Argentina atrasou o pico da pandemia, mas já vislumbra que o pior está próximo.

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