Brasil investiga três casos suspeitos de coronavírus e eleva nível de alerta no país
Ocorrências foram notificadas em Minas, Paraná e Rio Grande do Sul. Com isso, Brasil aumentou o grau de vigilância em portos e aeroportos e a triagem de pacientes
O Brasil está investigando três casos suspeitos de coronavírus de uma pacientes que viajaram à China e apresentaram sintomas compatíveis com os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na manhã desta terça-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou o caso de uma paciente de Minas Gerais, que apresentou febre baixa e sintomas respiratórios e está internada com bom estado. Com a suspeita, o Brasil elevou o nível de alerta para dois, tecnicamente definido como “perigo iminente” para a circulação do vírus no território nacional. À noite, o ministério divulgou mais dois casos, no Rio Grande do Sul e no Paraná. “O que muda agora é o grau de vigilância”, afirmou Mandetta em entrevista coletiva na terça em Brasília. Segundo ele, o país passa a aumentar o monitoramento de portos e aeroportos e a triagem de pacientes. O grau máximo de alerta é o três, quando há ao menos um caso confirmado da doença, e então é declarada emergência de saúde pública. Ele acredita que até sexta-feira o caso suspeito poderá ser confirmado ou descartado.
O três casos questão são os primeiros reconhecidos pelo Ministério da Saúde como suspeitos da doença no Brasil. No último dia 22, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) havia confirmado o que seria, então, o primeiro caso suspeito no país: o de uma paciente de 35 anos que foi atendida na rede de saúde de Belo Horizonte com sintomas respiratórios similares aos da doença: febre e dificuldades respiratórias. Ela, entretanto, não havia viajado para Wuhan, epicentro da enfermidade na China, mas, sim, para Xangai. Por isso, o Ministério da Saúde havia desconsiderado o caso, obedecendo os critérios estabelecidos pela OMS. O novo caso anunciado nesta terça também é o de uma mulher, de 22 anos. Ela, sim, esteve em Wuhan. A partir de agora, entretanto, o entendimento mundial sobre a localização em que estiveram os pacientes suspeitos também mudou e englobará qualquer local da China, não mais apenas a província onde o surto começou.
Mandetta afirmou que ainda existem muitas perguntas sem respostas sobre o coronavírus, como o tempo de transmissão e o potencial de letalidade, mas disse que o Brasil tem “total capacidade” de identificar geneticamente o vírus. “Nosso sistema de saúde já lidou com a SARS [síndrome respiratória grave], já lidou com o H1N1. Não é um sistema que está sendo preparado agora”, disse. A recomendação do Governo é que viagens à China sejam feitas somente em casos de necessidade. “O ministério da Saúde desaconselha qualquer viagem para o país”, afirmou o ministro. Nas Filipinas, uma família de brasileiros foi colocada em isolamento por suspeita de contaminação pelo coronavírus, mas ela não deve ser repatriada, segundo o presidente Jair Bolsonaro. “Não seria oportuno retirar [a família] de lá. Com todo o respeito. Pelo contrário, agora não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas”, disse a jornalistas, após desembarcar de viagem à Índia.
Números no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, o país avaliou 127 dentre ao menos 7.000 rumores sobre possíveis casos de contaminação. Dez deles foram notificados pelas redes de saúde, mas apenas um caso se enquadrou como suspeito até o momento. Ela foi colocada em isolamento e 14 pessoas que tiveram contato com ela estão sendo monitoradas —caso alguém seja infectada em território nacional por um paciente que veio da China, o país teria seu primeiro caso de transmissão local, como foi confirmado nesta terça pela Alemanha e pelo Japão. O Governo afirma que tem monitorado aeronaves com passageiros provenientes da China (mesmo os que fazem escala em outros países, já que não há voos diretos vindos do país) e pretende distribuir material impresso de informações sobre as doenças. Não há, porém, nenhuma estratégia especial para o Carnaval até o momento.
O Brasil ainda não tem um teste rápido para detectar a presença do vírus. Por enquanto, as recomendações são lavar as mãos, evitar espirrar ou tossir sem proteger a boca, não tocar os olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas, além de evitar o contato com pessoas doentes. Quem manifestar sintomas de gripe deve permanecer em casa. E é preciso desinfetar objetos e superfícies tocadas com frequência. Segundo o ministro, uma reunião com secretários de saúde de todos os Estados será convocada na próxima semana para avaliar eventuais necessidades dos municípios.
O coronavírus já matou ao menos 106 pessoas, todas na China, e contaminou mais de 4.500. A síndrome respiratória teve origem em Wuhan, cidade na região central do país com mais de 11 milhões de habitantes, mas a doença já foi detectada em outros países da Ásia, nos Estados Unidos e na Europa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o risco internacional de contaminação como “elevado”.
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