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Dois novos depoimentos complicam Trump no processo de ‘impeachment’

Funcionário da Casa Branca chama de muito irregular o congelamento de ajudas à Ucrânia e um diplomata norte-americano confirma que o presidente perguntou pelas investigações sobre Biden

Amanda Mars
O diplomata David Holmes, na sexta-feira, na sua chegada ao Capitólio.
O diplomata David Holmes, na sexta-feira, na sua chegada ao Capitólio.YARA NARDI (REUTERS)
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O processo de impeachment aberto contra Donald Trump começou nessa semana sua fase pública, com depoimentos transmitidos ao vivo, mas também continua a ocorrer às portas fechadas, com alguns legisladores como testemunhas. No sábado, em uma sessão privada, um funcionário do escritório de Orçamento da Casa Branca, Mark Sandy, complicou a vida do presidente ao chamar de muito irregular a decisão do último verão de congelar fundos que estavam aprovados à Ucrânia, de acordo com fontes presentes na declaração citadas pelo The Washington Post. O Congresso está investigando se Trump pressionou Kiev para prejudicar seu rival político Joe Biden – instigando uma investigação contra ele e seu filho – e se, entre outras medidas, utilizou a entrega dessas ajudas como moeda de troca. Na sexta-feira, um diplomata confirmou que Trump perguntou por essas investigações.

A declaração de Sandy, diretor adjunto para programas de segurança nacional do escritório orçamentário, não vincula o congelamento desses fundos de aproximadamente 400 milhões de dólares (1,6 bilhão de reais) à investigação que Trump pedia sobre Biden, pré-candidato eleitoral para 2020, mas frisa que não é uma operação habitual. O funcionário afirmou, além disso, que nenhum superior de seu departamento soube lhe dar quaisquer explicações sobre por que foi decidido deixar em suspenso.

A Câmara de Representantes, de maioria democrata, abriu o processo público contra Trump em 24 de setembro, quando vieram à luz as manobras do presidente para que a Justiça ucraniana investigasse Biden e seu filho, Hunter, que havia trabalhado para uma empresa de produção de gás enquanto seu pai era vice-presidente. O cano fumegante do caso era a conversa entre Trump e seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em 25 de julho, em que o norte-americano pede explicitamente para que ele chegue ao âmago do assunto e lhe ofereceu a ajuda de seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, e o promotor geral dos EUA, William Barr.

Os democratas consideram que o presidente abusou de seu poder presidencial e tentou subornar um Governo Estrangeiro para prejudicar eleitoralmente um adversário, o que pode ser um crime grave e, portanto, argumentos para sua destituição. O mandatário norte-americano, entretanto, defende a validade dessa conversa e seu interesse legítimo por combater a corrupção, afirmando que houve quid pro quo com as citadas ajudas e com um possível convite à Casa Branca.

Na quarta-feira, em uma declaração pública no Capitólio, o diplomata William Taylor, atual embaixador interino na Ucrânia, vinculou o congelamento das ajudas à Ucrânia às pressões feitas na Justiça do país para que fizesse as investigações. Foi uma menção ao que lhe contou Tim Morrison, um assessor do Conselho de Segurança Nacional, que renunciou em outubro. Em setembro, Morrison lhe relatou que outro diplomata norte-americano, Gordon Sondland, alertou um assessor do Governo ucraniano, Andrei Yermak, de que as ajudas de segurança não chegariam até que Zelensky se comprometesse publicamente com a investigação à empresa do filho de Biden.

Na mesma linha, um funcionário da embaixada dos EUA em Kiev, David Holmes, confirmou na sexta-feira outra ligação citada por Taylor. Holmes testemunhou em depoimento fechado que havia estado presente em uma conversa telefônica que Gordon Sondland manteve com Donald Trump, que falava alto do outro lado do telefone e perguntou se a Ucrânia havia se comprometido com a investigação. Sondland, de acordo com Holmes, chegou a responder que Zelensky “amava” seu traseiro” e que faria o que lhe pedissem. O diplomata irá depor publicamente na quarta-feira.

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