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Coalizão de Salvini obtém vitória estratégica em Úmbria, região central da Itália

Aliança entre os dois partidos que formam o Executivo fica 20 pontos atrás do centro-direita

Daniel Verdú
Matteo Salvini durante um dos comícios que fez na Úmbria.
Matteo Salvini durante um dos comícios que fez na Úmbria.REMO CASILLI (REUTERS)

Quando Matteo Salvini foi afastado do Governo neste verão, ele pegou um marcador e assinalou em vermelho todas as eleições dos próximos meses. Havia perdido a vice-presidência do Conselho de Ministros, a pasta do Interior e a possibilidade de se tornar o novo premier. Mas se conseguisse demonstrar que o povo continuava com ele, a legitimidade do Governo formado pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) e o Partido Democrático (PD) por meio de um pacto palaciano, como sua equipe de comunicação o chama, ficaria comprometida. Neste final de semana Salvini concluiu com sucesso a primeira etapa de seu plano na Úmbria, uma região central na qual os partidos da atual coalizão de Governo se apresentaram unidos pela primeira vez. A candidata do centro-direita, uma senadora e ex-prefeita da Liga Norte, derrotou seus adversários com uma vantagem de 20 pontos.

A relevância das eleições na Úmbria, uma região de 890.000 habitantes governada nos últimos 50 anos por partidos de centro-esquerda, não está no resultado. A Liga Norte, de acordo com todas as pesquisas, venceria a batalha com muita folga. Os escândalos do Executivo anterior inclinaram a balança antes mesmo do início da campanha. Mas o M5S e o PD tiveram de ajustar uma encenação que inclusive os obrigou a aparecer juntos no mesmo palco pela primeira vez. Quem apostaria nisso há apenas alguns meses, quando ambas as formações continuavam jurando ódio eterno uma à outra. Mas a nascente história de amor já está condenada à extinção e a partir de agora começará o assédio e a derrubada do Executivo por diferentes flancos.

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A coalizão de direita, formada pela Liga Norte, Forza Italia e Irmãos de Itália, venceu com 57,55% dos votos, segundo dados publicados pelo Ministério do Interior. A aliança entre o antissistema M5S e o progressista PD obteve 37,48% dos votos. Dados que ratificam que os ventos ainda não mudaram na Itália e que o ex-ministro do Interior ainda é uma máquina eleitoral perfeitamente lubrificada.

Salvini se instalou na Úmbria no início do mês e varreu a região palmo a palmo para garantir uma vitória contundente. A imagem que seria transmitida era tão importante para o atual Executivo que o primeiro-ministro Giuseppe Conte decidiu também participar da campanha e aparecer nos últimos dias. O M5S não só podia ver seu resultado dizimado (foi superado inclusive pela formação pós-fascista Irmãos de Itália) diante de seu parceiro de Governo, mas sua pretendida guinada à esquerda ficaria comprometida com um resultado catastrófico como o obtido. De fato, as primeiras vozes dos grillinos já tinham anunciado que a experiência eleitoral com o PD —seu resultado não foi tão ruim quanto o do M5S e ficou com 22,4%— terminou. O Executivo permanecerá, mas cada um se apresentará por conta própria nas próximas e importantes eleições regionais.

A missão era complicada e a Úmbria não é o lugar mais decisivo entre aqueles que terão eleições nos próximos meses, mas ninguém esperava um resultado tão ruim. O candidato de centro-esquerda, Vincenzo Bianconi, era um empresário hoteleiro cujo prestígio foi consolidado com a reconstrução das áreas destruídas pelo terremoto de 2016. Apesar da importância da questão em uma região tão castigada, ninguém apostou nele nestes dias. “Faltou-me um mês a mais de tempo”, lamentou ontem. Donatella Tesei, senadora da Liga e ex-prefeita de Montefalco, no entanto, é a grande escolhida.

Salvini agora tentará confirmar esse resultado como uma espécie de eleição intermediária e atacará com o argumento da falta de legitimidade do atual Governo. A Úmbria não pode ser considerada uma região por si só capaz de desestabilizar completamente o Executivo. As eleições que virão podem ser uma mudança de paradigma, caso o baque do PD e do M5S se prolongue. Especialmente as eleições na região da Emília-Romanha (26 de janeiro), feudo histórico da esquerda que, em caso de passar para a centro-direita, levaria a uma indisfarçável reflexão sobre a continuidade deste Governo. E aí os ataques se multiplicariam. Também a partir de flancos mais inesperados, como o Itália Viva, novo partido criado por Matteo Renzi, que disputará as eleições regionais de 2020.

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