Mancha de óleo chega aos corais da baía de Todos os Santos, na Bahia
Ibama confirma contaminação em praias utilizadas por pescadores e marisqueiras. Presidente do órgão confirma que petróleo é venezuelano
As manchas de petróleo que se tornaram visíveis em praias do litoral do Nordeste desde o começo de setembro chegaram nesta quinta-feira (17/10) à Baía de Todos os Santos, na Bahia, a maior do país. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) confirmou a contaminação nas praias de Jaburu, Tairu e Cacha Pregos (no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica), todas regiões de corais e utilizadas por pescadores e marisqueiras das comunidades locais.
A nova área de contaminação na Bahia é a nova faceta da crise ambiental que atinge a região, cuja origem segue incerta. O Governo brasileiro diz ter comprovado que a origem do petróleo é venezuelano, mas ainda falta esclarecer as circunstâncias do desastre. O almirante Alexandre Rabello de Faria, chefe do Estado Maior do Comando de Operações Navais, informou nesta quinta em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente do Senado que as investigações ainda não avançaram em relação ao que causou o derramamento do produto no mar. Até agora, disse ele, a única "certeza é que o DNA do óleo bruto é venezuelano". Faria ressaltou, no entanto, que não é possível afirmar como e nem por quem ele foi derramado. O almirante acredita tratar-se de um ato criminoso, como "uma bala perdida" que atingiu o litoral brasileiro.
Faria explicou que os investigadores consideram pelo menos quatro hipóteses da causa do vazamento, incluindo um acidente na transferência de óleo de um navio para o outro —algo que, segundo ressaltou, dificilmente ocorreria em alto mar—, e o naufrágio de um navio petroleiro, possibilidade também considerada remota. A investigação trabalha também com as hipóteses de derramamento acidental de navio por rompimento de casco e derramamento intencional.
Manguezais
Na última sexta-feira (12/10), o Ibama já havia acionado um plano de emergência para desastres ambientais, criado em 2015, que prevê ações tanto do Governo quanto de empresas que atuam na região, como a Petrobras e gestoras de terminais portuários. A Marinha do Brasil vinha monitorando a região desde o final de semana para evitar que a substância atinja zonas com ecossistema mais sensível, já que a baía é repleta de manguezais que são berçário de espécies marinhas. Na manhã desta quinta-feira, restos espessos e viscosos de petróleo chegaram à região do Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos da capital baiana, e às praias de Ondina, no limite da entrada da Baía de Todos os Santos. No total, 11 regiões do litoral soteropolitano foram atingidos, e a Limpurb, empresa municipal de limpeza urbana, informa que, até a manhã desta quinta, havia retirado 26 toneladas de óleo das praias de Salvador.
Outra praia atingida foi a Pedra do Sal, que amanheceu com areia, pedras e corais cobertos de negro petróleo cru em estado líquido. Rodrigo Alves, superintendente do Ibama, explicou esta manhã em uma coletiva de imprensa que essa substância é "diferente daquelas encontradas até agora" em outros pontos do litoral e que ela será submetida à análise laboratorial.
A Bahia foi o último Estado nordestino a registrar a presença das manchas de petróleo. A substância chegou à região no dia 3 de outubro e atingiu nove cidades (Vera Cruz, Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaíra). No município de Esplanada, o óleo atingiu os rios Inhambupe e Subaúma.
Os primeiros vestígios de óleo começaram a chegar na capital no dia 10 de outubro, mas em pequenas quantidades —antes desta quinta, apenas 37 quilos da substância haviam sido retirados do litoral soteropolitano.
As sólidas e enormes manchas de petróleo que apareceram em mais de 160 praias em uma faixa que vai do Maranhão até a Bahia, mostradas nas imagens da televisão, demoraram semanas para se tornarem notícia nacional. Em Sergipe, o estado mais afetado, a instalação de barreiras de proteção para conter óleo não tem dado resultado: as estruturas foram levadas pelo mar. Os Ministérios Públicos Federal (MPF) e do Estado da Bahia entraram, na última terça-feira (15/10), com uma ação pública contra a a União e o Ibama pelos riscos ambientais relacionados vazamento de óleo no litoral nordestino.
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