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Indústria agropecuária do Brasil se alia a ONGs para exigir que Bolsonaro detenha o desmatamento

A principal exigência é que o Governo abandone a retórica antiambientalista, aplique a lei e persiga com afinco os que ocupam terras ilegalmente na Amazônia

Bombeiro apaga fogo no Mato Grosso, na última quarta-feira.
Bombeiro apaga fogo no Mato Grosso, na última quarta-feira.AMANDA PEROBELLI (REUTERS)
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A grave crise de imagem sofrida pelo Brasil, principalmente após os incêndios de agosto na Amazônia, levou a indústria agropecuária a uma atípica aliança com a sociedade civil. Representantes dos empresários, ONGs e da academia se reuniram na sexta-feira em São Paulo para exigir que o Governo de Jair Bolsonaro leve a sério o aumento do desmatamento e tome medidas para deter “o roubo de terras públicas”, principal detonador do desmatamento ilegal que ameaça a maior floresta tropical do mundo. E ameaçam a economia dessa potência agrícola.

A principal exigência ao Governo Bolsonaro é que abandone a retórica antiambientalista, aplique a lei e persiga com afinco os que ocupam terras ilegalmente na Amazônia. Porque o que costuma ocorrer depois é o corte das árvores para explorar a terra à margem das leis, com a consequente deterioração ambiental. E aí está o problema. O desmatamento disparou desde que Bolsonaro assumiu o poder há oito meses. “A indústria agrícola se vê prejudicada por quadrilhas que atuam na ilegalidade manchando a reputação do setor, aumentando a insegurança jurídica e a concorrência desleal para produtores e empresas”, de acordo com Marcello Brito, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio. Em sua visão, nunca na história a imagem do Brasil no estrangeiro foi tão ruim. “Não vi o cancelamento de nenhum contrato no setor, mas as luzes vermelhas estão piscando em ritmo acelerado. Se medidas não forem tomadas, se a retórica não mudar, a situação pode piorar”, disse após sugerir, sem mencionar marcas, que o anúncio da H&M e outras empresas de que não comprarão couro do Brasil “pode ser marketing”.

Brito frisou que não é um problema da indústria a qual representa, e sim do Brasil, porque afeta diretamente a economia, que não se recupera à velocidade esperada. Também participam da aliança os exportadores de carne, os processadores de cacau, os produtores de gado sustentável e de árvores, além das ONGs Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Imazon.

A indústria e as ONGs apresentaram juntas sua campanha publicitária para conscientizar as autoridades e seus compatriotas brasileiros enquanto na Amazônia colombiana, em Leticia, os presidentes da região realizaram uma reunião para conseguir respostas à crise. Bolsonaro participou por videoconferência porque será operado neste domingo. Os empresários e a sociedade civil começaram a campanha, que durará três anos, na véspera com uma ação mais própria do ativismo clássico. Simularam ocupar à força um pequeno parque de frondosa flora na principal avenida da metrópole.

Os incêndios de agosto foram em maior número e maiores do que os dos outros anos. No mês passado quase 30.000 quilômetros quadrados queimaram na Amazônia, quatro vezes mais do que a superfície que pegou fogo em agosto do ano passado. E o pior provavelmente está por vir porque setembro é tradicionalmente um mês com mais incêndios.

Diante do discurso do presidente Bolsonaro, que faz referências constantes ao fato de que a preservação prejudica o desenvolvimento econômico da Amazônia, os representantes dessa atípica aliança frisaram que “não é preciso desmatar para crescer economicamente”, o que é necessário é “harmonizar a produção com a preservação” ambiental, nas palavras de André Guimarães, do IPAM. O pesquisador da Imazon Paulo Barreto acrescentou que é imprescindível mudar a mentalidade dos brasileiros que, nas instituições e nas ruas, ainda perdoam a ocupação ilegal de terras com o argumento de que depois produz riqueza. Barreto frisou que de início o que poderia ser feito é a exploração correta dos 12 milhões de hectares de pastos degradados que existem hoje na Amazônia.

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